1 – Uma nova janela para as profundezas dos mares
2 – Os dez mais
3 – Google cria uma incrível viagem pelo interior do corpo humano
1 – Uma nova janela para as profundezas dos mares
Submersível que filmou o Titanic passará por reforma e poderá explorar 98% dos oceanos
O mais importante minissubmarino do mundo será modernizado, numa operação que promete revolucionar o conhecimento sobre as c a m a d a s mais profundas dos oceanos. Hoje, sabe-se mais sobre a superfície da Lua do que a respeito do fundo do mar. A embarcação em questão é o Alvin, um submersível tripulado americano.
O Alvin fez as primeiras imagens do Titanic em sua sepultura no fundo do Atlântico. Localizou uma bomba atômica perdida no oceano. E mudou nossa compreensão sobre a diversidade da vida ao descobrir as fontes hidrotermais oceânicas, que abrigam uma número imenso de criaturas bizarras.
Desenvolvido pelo Instituto Oceanográfico Woods Hole, Alvin tem 46 anos e nunca passou por modernizações importantes. Agora, o instituto vai investir US$ 40 milhões para fazer com que desça mais fundo e possa permanecer muito mais tempo submerso. Hoje, o Alvin pode levar uma pequena tripulação a 4.500 metros. Com isso, pode explorar, em tese, 68% dos oceanos. Após a reforma, que deve levar apenas duas semanas, o minissubmarino poderá chegar a 6.500 metros, o que lhe dará acesso a 98% dos oceanos.
O anúncio da modernização do Alvin acontece meses depois de a China ter anunciado o desenvolvimento de um minissubmarino capaz de chegar a até sete mil metros de profundidade. Com ele, a China busca fazer, por exemplo, prospecção de recursos minerais no subsolo marinho. Para muitos especialistas, as mudanças no Alvin são uma resposta dos EUA aos planos de exploração oceânica chineses.
Em mais de quatro décadas de atividade, o Alvin já levou ao fundo do mar 1.400 pessoas. Fez 4.500 viagens, segundo Susan Humprhis, uma das responsáveis pelo projeto de reforma. Ele pode levar até três pessoas em cada missão: um piloto e dois tripulantes, quase sempre pesquisadores.
Alvin vai ganhar um reforço no revestimento especial de titânio, ao custo de US$ 10 milhões. Paredes de 16 centímetros de espessura são necessárias para suportar a pressão brutal a mais de seis quilômetros sob as ondas.
Veterana das missões do Alvin, Susan Humprhis diz que explorar o fundo do mar é um desafio quase tão grande quanto ir ao espaço. Os ônibus espaciais são as mais complexas máquinas já criadas pelo homem.
Mas em alguns casos chegar aos abismos marinhos é ainda mais difícil.
– Pode ser mais difícil ir ao fundo do mar do que ao espaço. Para viajar ao espaço, vamos de 1 atmosfera de pressão a 0; quando descemos ao fundo dos oceanos vamos de 1 atmosfera a 650 – explicou a pesquisadora americana à rede de TV BBC, referindo-se à medida de pressão.
A missão mais recente do Alvin foi um mergulho no Golfo do México, realizado na semana passada. O objetivo dos cientistas do Instituto Woods Hole era avaliar se o vazamento de petróleo recente causado por uma plataforma da BP havia afetado os corais que vivem a grandes profundidades e são particularmente delicados. Esses corais são a base de toda uma comunidade de espécies marinhas.
De acordo com especialistas, a maior contribuição do Alvin à ciência foi a descoberta das fontes hidrotermais. Ele descobriu as primeiras dessas formações em 1977, junto a Galápagos. Hoje se sabe que as fontes hidrotermais existem em muitos outros lugares dos oceanos.
De origem vulcânica, elas liberam água fervente, com elevada concentração de minerais. Com isso, permitem a vida num ambiente mergulhado na mais profunda escuridão. Junto a essas fontes vivem vermes coloridos de três metros de comprimento e numeras espécies de moluscos e crustáceos, dentre outros animais.
Um novo desafio em montanhas submersas
As mais profundas fontes hidrotermais do mundo ficam no Atlântico, a cerca de cinco mil metros de profundidade, junto a uma cadeia submarina de montanhas, ao sul de Cuba.
Até agora, essa área era inacessível para o Alvin. Ela foi explorada apenas por dois minissubmarinos robôs, o que limita muito a capacidade de descobertas. Mas já se sabe que existem lá bactérias fluorescentes, nas cores lilás, azul e verde, e animais estranhos. Cientistas esperam que o Alvin renovado possa levar seres humanos para conhecer esse novo mundo. Outra aplicação será estudar correntes oceânicas poderosas e profundas, capazes de influenciar o clima de todo o planeta. (O Globo, 17/12)
2 – Os dez mais
“Science” aponta os destaques do início do século na ciência
A primeira década do século 21 mudou completamente a forma de fazer ciência. Muito do que parecia ser impossível aconteceu, como o mapeamento completo do DNA de criaturas extintas há milhares de anos e a descoberta de centenas de planetas fora do Sistema Solar.
A “Science”, uma das mais importantes revistas da área, escolheu os destaques do período. Biotecnologia e genética dominam a lista.
O mergulho no lado oculto do genoma é um deles. Nos anos 2000, os cientistas descobriram que os humanos têm muito menos genes do que se pensava. Além disso, o que durante muito tempo foi chamado de “lixo” no DNA mostrou ter funções importantes, ajudando na regulação de todo o genoma.
As pesquisas com células-tronco também deram um salto. Os cientistas conseguiram “domá-las” e já produzem em laboratório qualquer tecido do corpo humano, viabilizando um dos mais promissores tratamentos para várias doenças
O desenvolvimento de métodos para analisar DNA de criaturas que viveram há milhões de anos permitiu saber com precisão inédita detalhes de sua aparência.
Além de descobrir a cor de dinossauros ou mamutes, também se descortinou o passado dos seres humanos, os quais, agora se sabe, tiveram filhos com neandertais.
A astronomia ocupa três posições na lista. Além de avanços na precisão das medições no espaço, a década também foi marcada pela confirmação da existência de água no subsolo de Marte.
O registro de planetas fora do Sistema Solar bateu recordes. Em 2000, havia 26 confirmados. Hoje, são 505.
O levantamento da “Science” incluiu ainda uma questão política: as pesquisas sobre as mudanças climáticas.
Na opinião do historiador da ciência da USP Gilson Santos, a lista da “Science” é relevante, mas deixou de fora resultados importantes. “Noto a ausência da química e de outras ciências, como a geologia, a oceanografia e a matemática.”
Como maior destaque de 2010, a “Science” escolheu um invenção quase indecifrável: uma minúscula haste de metal, visível a olho nu, que obedece às regras da física quântica, antes só aplicáveis a objetos submicroscópicos, como átomos. Ela conseguiu vibrar rápido e devagar ao mesmo tempo, o que só é possível num cenário quântico.
Biotecnologia e genética também dominam o levantamento anual, com destaque para novas técnicas para regredir células-tronco adultas ao estágio embrionário.
A parte oculta do genoma
O que se imaginava a respeito do DNA humano estava errado. Além de menos genes (são 21 mil, contra os 100 mil idealizados antes), boa parte do que se achava “lixo” desempenha funções importantes
Células-tronco
Células com capacidade de reescrever seu próprio destino, as células-tronco foram uma das mais promissoras fronteiras para o tratamento de doenças. E, nesta década, os cientistas aprenderam melhor do que nunca como manejá-las e controlá-las
Microbioma
Nos anos 2000, os humanos finalmente deram uma trégua às bactérias e aceitaramque muitos desses micro-organismos desenvolvem funções importantes no funcionamento e até na proteção do corpo humano
DNA pré-histórico
Novas técnicas de análise permitiram avaliar o DNA de animais e plantas extintos dezenas de milhares ou milhões de anos atrás, com bastante precisão. Desse modo, descobriu-se a cor das penas de alguns dinossauros e até detalhes sobre cabelo e pele dos neandertais
Água em Marte
Missões espaciais encontraram evidências muito fortes de que houve água líquida no planeta vermelho bilhões de anos atrás. Mais recentemente, pesquisadores comprovarama existência de gelo enterrado no solo e até em grandes blocos
Exoplanetas
A quantidade de planetas conhecidos fora do Sistema Solar disparou: passou de 26, em 2000, para os atuais 505. E os registros não paramde acontecer, devido a vários avanços tecnológicos na astronomia
Estudos do aquecimento global
A década foi marcada pelo reconhecimento dos problemas climáticos e dos estudos sobre eles, que ganharam financiamento e repercussão mundiais
Inflamação
Os processos inflamatórios se mostraram muito mais complexos do que se imaginava. Descobriu-se que câncer, diabetes e até Alzheimer são relacionados a respostas inflamatórias que podem, em muitos casos, levar à morte ou a sequelas graves
Mais precisão na cosmologia
Vários experimentos mostraram melhor do que nunca o que está acontecendo no Universo. Algumas técnicas levarama resultados surpreendentes, como a comprovação de que o Cosmos é plano
Metamateriais
Cientistas criaram uma junção de materiais que age com propriedades que não são normalmente encontradas na natureza. Eles trabalham direcionando a luz e outras ondas eletromagnéticas, conseguindo efeitos considerados impossíveis de forma natural. (Giuliana Miranda) (Folha de SP, 17/12)
3 – Google cria uma incrível viagem pelo interior do corpo humano
No Google Labs, o laboratório onde o Google cria suas incríveis aplicações para a internet, está surgindo um impressionante navegador que vai permitir a qualquer usuário de internet viajar pelo corpo humano assim como hoje é possível navegar virtualmente pelo planeta com o Google Earth.
A criação foi batizada de Google Body Bowser e já pode ser experimentada em versões beta de navegadores que irão usar uma funcionalidade chamada WebGL, em linguagem HTML5. Se isso não é familiar a você, saiba que as versões beta mais recentes de Chrome, Safari e Firefox já oferecem a possibilidade de fazer essa incrível viagem pelo interior do ser humano.
O browser apresenta a imagem do corpo humano e permite infinitas variações de visualização. É possível mudar o corpo para qualquer posição, ressaltar órgãos internos, esqueleto, músculos, aparelho circulatório e sistema nervoso e ainda mostrar ou não os nomes de todos esses órgãos. Abaixo, uma reprodução da página e um vídeo que mostra como é possível navegar pelo corpo humano com apoio da funcionalidade criada nos laboratórios do Google.