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Informativo 367 – Elefantes; Genomas e Nova espécie de macaco

1 – Elefantes são engenheiros que ajudam na biodiversidade

2 – Mundo vai ter 30 mil genomas em 2011

3 – Nova espécie de macaco com nariz arrebitado é descoberta em Mianmar

 

1 – Elefantes são engenheiros que ajudam na biodiversidade

 

 

Um estudo de cientistas americanos afirma que áreas destruídas por elefantes abrigam mais espécies de anfíbios e répteis do que aquelas que ficam intocadas, o que faz dos paquidermes verdadeiros engenheiros ecológicos.
Os pesquisadores encontraram 18 espécies de animais em locais altamente danificados pelos elefantes, enquanto as áreas intactas tinham apenas oito. As descobertas foram publicadas na revista African Journal of Ecology.
Elefantes, junto de algumas outras espécies, são considerados engenheiros ecológicos porque as suas atividades modificam o habitat de uma maneira que afeta muitas outras espécies, explica Bruce Schulte, da Universidade Western Kentucky (EUA). Eles fazem de tudo, desde cavar com suas patas dianteiras, puxar grama e derrubar grandes árvores. Assim, realmente mudam a paisagem. Reportagem de Mark Kinver, repórter de ciência e meio ambiente da BBC.
O cientista afirma que o sistema digestivo dos elefantes, por não processar muito bem todas as sementes que eles comem, também ajuda na modificação do habitat.
Como as fezes são também um ótimo fertilizante, os elefantes são capazes de rejuvenescer a paisagem ao transportar sementes para diferentes lugares, disse Schulte à BBC.
A equipe da Universidade Georgia Southern (EUA) realizou o estudo entre agosto de 2007 e fevereiro de 2008 no rancho Ndarakwai, uma área de 4,3 mil hectares no nordeste da Tanzânia.
Os cientistas identificaram áreas com grandes, médios e baixos danos causados por elefantes criados livremente, em comparação com uma área de 250 hectares que foi isolada de grandes herbívoros, como elefantes, girafas e zebras.
Ao buscar amostras de espécies, os pesquisadores encontraram uma tendência de maior riqueza em áreas com danos causados por elefantes do que na vegetação florestal.
Melhores amigos dos sapos
No artigo, os cientistas concluem que a diferença na riqueza animal nas áreas danificadas era provavelmente resultado da engenharia dos elefantes, gerando novos habitats para uma diversidade de espécies de sapos.
As crateras e destroços de madeira formados por árvores quebradas e arrancadas pela raiz (aumentaram) o número de refúgios contra predadores, diz o estudo.
Os cientistas afirmam ainda que os locais também favoreceram insetos, que se tornaram uma importante fonte de comida para anfíbios e répteis.
Schulte afirma que a descoberta traz implicações para estratégias de manutenção do habitat e da vida selvagem.
Se estamos administrando o habitat, então claramente temos que saber para que o estamos administrando, diz.
O que este estudo aponta é que, embora algumas coisas não pareçam particularmente boas para o olho humano, isto não significa necessariamente que isto é prejudicial para toda a vida que está ali.

 

2 – Mundo vai ter 30 mil genomas em 2011

Queda de preço da leitura de DNA deve gerar aumento vertiginoso de dados sobre genes humanos, diz revista
O ritmo vertiginoso com que os computadores ficam mais rápidos chegou ao mundo do sequenciamento (leitura) de DNA. No ano passado, havia menos de dez genomas humanos decifrados. Quando 2011 terminar, serão mais de 30 mil -por baixo.
A estimativa, considerada conservadora, foi feita pela revista científica “Nature” após ouvir mais de 90 centros de pesquisa genômica mundo afora. Só até o fim deste mês, a conta deve chegar a 2.700 genomas.
“O preço está cada vez mais baixo, de fato. Com US$ 5.000, US$ 4.000 você já consegue sequenciar um genoma. Daqui a pouco vai custar quinhentão”, brinca Sandro José de Souza, biólogo do Instituto Ludwig de Pesquisa sobre o Câncer (SP) especializado em estudos genômicos.
Um artigo científico na “Nature” desta semana serve como um aperitivo do que está por vir. Um consórcio internacional, o Projeto 1.000 Genomas, coordenado por David Altshuler, do Hospital Geral de Massachusetts (EUA), publica dados do genoma de 179 indivíduos dos cinco continentes.
A batelada de pessoas incluídas na pesquisa tem uma justificativa simples: achar variantes raras de DNA. A questão é que, embora pareça haver um componente genético forte em problemas comuns, como diabetes, obesidade e problemas cardiovasculares, é quase impossível achar genes associados a esse tipo de doença.
Os pesquisadores apostam que isso se deve ao fato de que o risco genético de tais doenças vem de uma miríade de mutações raras, cuja ação se soma e acaba desembocando na tendência hereditária a dado problema.
“Essa, ao menos, é a explicação mais popular para os resultados fracos dos estudos genômicos até agora”, escreve Rasmus Nielsen, da Universidade da Califórnia em Berkeley, em comentário à nova pesquisa na “Nature”.
O consórcio internacional parece ter dado um passo importante para colocar a ideia à prova: eles identificaram 8 milhões de trocas de uma única “letra” química de DNA, até então desconhecidas, bem como 1 milhão de pequenas adições ou inserções de “letras” no genoma. 
Ainda não há leituras de genomas inteiros de indivíduos brasileiros, embora já tenha sido sequenciado o DNA de um tipo de tumor.
“O problema ainda é integrar tudo isso com outras informações, envolvendo só os genes que estão ativos, ou o metabolismo do indivíduo, para responder perguntas específicas. O grande gargalo está aí”, diz Sandro de Souza. (Reinaldo José Lopes) (Folha de SP, 28/10)

 

3 – Nova espécie de macaco com nariz arrebitado é descoberta em Mianmar

Descoberta demonstra a grande biodiversidade do país asiático
Uma nova espécie de macaco com o nariz arrebitado foi encontrada no nordeste de Mianmar (antiga Birmânia), na Ásia. As narinas do animal são voltadas para cima, portanto, quando chove, a água entra pelas cavidades, fazendo com que o macaco espirre.
Há outras espécies com esse tipo de nariz, mas são bastante raras. Para os especialistas, a descoberta de uma nova espécie de primata é algo excepcional e demonstra a grande biodiversidade de Mianmar – uma riqueza que precisa ser protegida, eles enfatizam.
A nova espécie foi descrita em um artigo divulgado na publicação especializada American Journal of Primatology.
Barba e pelos nas orelhas
Cientistas fazendo pesquisas na área identificaram o chamado macaco a partir de pele e crânios recebidos de caçadores locais, que haviam relatado a existência de uma espécie que não se encaixava nas descrições existentes.
Depois, uma população pequena, estimada entre 260 e 330 indivíduos, foi localizada no Estado de Kachin, no norte de Mianmar. Os animais são pretos e têm tufos de pelo branco saindo das orelhas. Eles também têm barba no queixo, lábios carnudos e uma cauda longa, com comprimento de em torno de 140% o tamanho de seu corpo.
A espécie está separada do habitat de outra espécie de macaco de nariz arrebitado pelos Rios Mekong e Salween. Uma equipe de primatologistas de Mianmar e outros países identificou formalmente a nova espécie, cujo nome científico é Rhinopithecus strykeri.
O biólogo Frank Momberg, um dos diretores da ONG Fauna & Flora International (FFI), que trabalha pela preservação de plantas e animais, participou da expedição que descobriu a espécie. Para população local, macaco tem ”rosto virado para cima”
“É absolutamente excepcional descobrir uma nova espécie de primata e, especialmente, descobrir uma nova espécie de macaco de nariz arrebitado é algo muito raro”, disse Momberg à BBC.
“Com o novo macaco de nariz arrebitado, Mianmar tem agora 15 espécies de primatas, o que enfatiza a importância do país para a preservação da biodiversidade”. Na vizinhança da região habitada pela nova espécie vivem os macacos Yunnan (R. bieti), que também têm o nariz arrebitado.
Segundo os especialistas, o fato de que os novos primatas estão isolados do outro grupo é uma indicação de que se trata de uma outra espécie e não uma espécie já identificada que tem apenas uma cor diferente.
”Mey nwoah”
Entrevistas com a população local revelaram que, embora cientistas desconhecessem a espécie, os moradores da área já sabiam da existência do animal, que é conhecido como mey nwoah, ou “macaco com o rosto virado para cima”.
Segundo relatos de caçadores, é particularmente fácil identificar os macacos quando chove: eles espirram alto quando a água da chuva cai em suas narinas e tendem a ser vistos com a cabeça entre os joelhos.
Todas as espécies de macacos de nariz arrebitado são consideradas seriamente ameaçadas de extinção, incluindo o impressionante macaco de rosto azul R. roxellana.
A caça e a destruição do habitat desses animais são os fatores que mais ameaçam as populações de animais no mundo. A ONG Fauna & Flora International já iniciou campanhas envolvendo a população da área e a indústria madeireira para que o habitat da nova espécie seja protegido.
“Se pudermos convencer a população da área a parar de caçar o macaco de nariz arrebitado, por meio da criação de um sentimento de orgulho local, desenvolvendo patrulhas comunitárias e monitoramento, e oferecendo fontes alternativas de sustento para comunidades que dependem da floresta, poderemos salvar (a nova espécie) da extinção”, disse Momberg. (Terra, 27/10)