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Informativo 339 – Devastação; Recursos naturais e Aquecimento é inevitável

1 – Devastar ecossistema e biodiversidade é mais oneroso do que preservá-los

2 – Cidades já consomem 70% dos recursos naturais do planeta

3 – Aquecimento de 1,3°C é inevitável

 

1 – Devastar ecossistema e biodiversidade é mais oneroso do que preservá-los

Devastação representa perdas de US$ 2 trilhões a US$ 4,5 trilhões por ano, diz relatório divulgado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente
Manter os ecossistemas preservados é menos oneroso que devastar. Essa é uma das conclusões do relatório “A Economia dos Ecossistemas e da Biodiversidade para Políticas Locais e Regionais”, apresentado ontem em Curitiba. O relatório faz parte de uma série de estudos que o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) está lançando para a Conferência da Biodiversidade (COP-10) em Nagoya, Japão, em outubro.
O estudo, encomendado pelo G-8 + 5 (grupo dos países mais industrializados mais Brasil, África do Sul, China, Índia e México) e conhecido em inglês como Teeb, traz uma série de exemplos de regiões que lucraram com o uso responsável dos recursos naturais. Destaca 120 exemplos de decisões políticas que alteraram realidades degradantes ao meio ambiente, contando com a participação da comunidade – como a cidade de Curitiba, no Brasil. O objetivo do relatório é chamar a atenção para os benefícios econômicos globais da biodiversidade e somar forças que permitam ações concretas.
A devastação ambiental representa perdas de US$ 2 trilhões a US$ 4,5 trilhões por ano, segundo o estudo. “Ver o tamanho econômico dos ecossistemas e deixá-los de fora das contas nacionais é um erro. Deixando isso invisível, você está criando uma falta de consciência”, afirmou o economista indiano Pavan Sukhdev, coordenador do estudo.
Segundo ele, as comunidades pobres e rurais, que vivem em torno de florestas e dela retiram parte do sustento, são as que mais sofrem. No Brasil, ele estimou o número em 20 milhões de pessoas. “A biodiversidade é uma necessidade para os pobres e não apenas uma ligação afetiva para os ricos”, afirmou Sukhdev.
Na questão da Amazônia, o economista acentuou que vale o “princípio do perigo”. Segundo ele, a perda da Amazônia pode reduzir o suprimento de água e causar um prejuízo de US$ 1 trilhão para a produção agrícola de Brasil, Paraguai e Argentina. “Temos de tomar medidas de precaução para evitar que isso aconteça, pois é melhor errar pelo lado da precaução”, diz.
O economista afirmou que o Brasil é uma “superpotência” em biodiversidade. O representante do Ministério do Meio Ambiente, Bráulio Dias, concordou com a avaliação do economista, salientando que a biodiversidade no país ainda é tratada como potencial. “Temos as mais extensas florestas e convivemos com taxa grande de desmatamento, além de um aumento no desmatamento no Pantanal, que começa a preocupar”, afirmou Dias.
Açaí
Como contribuição, o cientista do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) Carlos Nobre apresentou a possibilidade de agregar valor à produção do açaí como alternativa a outras culturas que degradam a Floresta Amazônica.
Segundo ele, o açaí permite renda de US$ 206 a US$ 2.272 por hectare ao ano, contra US$ 100 a US$ 400 por hectare no caso da madeira ou de US$ 100 a US$ 200 por hectare ao ano para a soja. A pecuária renderia apenas US$ 20 a US$ 70 por hectare ao ano. No entanto, Nobre ressaltou que o produto sai do campo por US$ 200 e chega aos supermercados na Califórnia por US$ 70 mil. O valor é agregado por outras empresas do Sudeste e Sul do Brasil ou de outros países e não beneficia o produtor.
Estudos serão lançados até a COP no Japão
O relatório “A Economia dos Ecossistemas e da Biodiversidade” faz parte de uma série de cinco estudos que as Nações Unidas lançam até a Conferência da Biodiversidade (COP-10), em Nagoya, Japão, em outubro.
O objetivo do relatório é mensurar o papel dos ecossistemas e da biodiversidade na economia e alertar governantes e empresas para que se desenvolvam sem destruir o ambiente. O relatório é realizado por 140 especialistas de 40 países, com apoio financeiro da Comissão Europeia, Alemanha, Grã-Bretanha, Holanda, Noruega e Suécia. (Evandro Fadel) (O Estado de SP, 10/9)

 

2 – Cidades já consomem 70% dos recursos naturais do planeta

Relatório inédito do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente apresentado em Curitiba, nesta quinta-feira (9/10), revela que serviços ambientais podem economizar tempo e dinheiro para as economia dos estados e municípios
Dados da Organização das Nações Unidas constatam que mais da metade da população mundial está nas cidades e já é responsável pelo consumo de 70% de todos os recursos que o homem retira da natureza.
Até 2050, com a estimativa de que a população do planeta supere 9,2 bilhões, a Terra terá 6 bilhões de habitantes, quase 90% da população atual, vivendo no espaço urbano. Diante desses números, governos estaduais, prefeituras e comunidades precisam reconhecer o valor do capital natural (água, solo, biodiversidade).
Os formuladores de políticas públicas têm razões de sobra para tentar encontrar, o mais rápido possível, soluções de combate à degradação dos ecossistemas e minimização da perda da biodiversidade.
O alerta está no relatório “A Economia dos Ecossistemas e da Biodiversidade para Políticas Locais e Regionais (TEEB, sigla em inglês)”, lançado no Brasil, em workshop realizado nesta quinta-feira (9/9) em Curitiba (PR) e simultaneamente na Bélgica, Índia, Japão e na África do Sul.
Nele, 140 especialistas das áreas de ciência, economia e política de mais de 40 países concluíram que os serviços ambientais podem impulsionar as economias locais, gerar milhões de novos empregos e melhorar a qualidade de vida nas cidades.
Segundo o diretor do Departamento de Biodiversidade do MMA, Bráulio Dias, que representou a ministra Izabella Teixeira no encontro, o relatório “é importante para que os gestores públicos reconheçam o valor econômico da biodiversidade”. Par ele, o documento pode ajudar na solução do impasse entre preservação ambiental e desenvolvimento econômico. “Mostra (o TEEB) que os serviços ambientais têm o papel de reduzir os impactos ecológicos do desenvolvimento.”
O documento reconhece e recorre a dados e exemplos para demonstrar que ecologia e economia não só podem, como devem, caminhar juntas nas políticas públicas. O relatório levanta, principalmente, a questão de valoração e impacto do uso e preservação dos recursos naturais.
Os atuais níveis da pegada ecológica e social do homem, nome que os especialistas dão aos recursos naturais necessários para que cada ser humano viva, devem ser incluídos nas contas de planejamento das economias locais. Bráulio cita como exemplos recentes enchentes e desmoronamentos no Brasil com prejuízos econômicos elevados, e bem superiores ao que seria gasto com medidas de preservação do meio ambiente.
O relatório chama a atenção em três aspectos para as quais as políticas públicas precisam estar voltadas: a distribuição dos benefícios da natureza, o uso do conhecimento científico disponível e o engajamento dos gestores e das comunidades envolvidas nas ações de preservação.
O relatório estuda, ainda, áreas protegidas e o aumento dos benefícios locais da conservação, e dá orientações sobre os incentivos de recompensa da boa administração de capital natural local, tais como sistemas de pagamento localmente adaptados por serviços ambientais, certificação e rotulagem.
Esse é o primeiro de uma série de cinco relatórios, que serão levados à Convenção da Biodiversidade (COP-10) em Nagoya, no Japão. Ele contribui também para o Atlas Ambiental online da Agência Europeia de Meio Ambiente, com estudos de vários esforços que já vêm sendo feitos para associar ecossistemas e a biodiversidade nas iniciativas de políticas locais.
Segundo Achim Steiner, diretor executivo do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, um dos organismos que realizam o workshop, alguns governos locais já acordaram para o problema da preservação ambiental e têm adotado as medidas necessárias, com ganhos para suas economias locais. “Mas muitos ainda precisam aderir”, acredita. Saiba mais: http://www.teebweb.org (Paulenir Constâncio) (Assessoria de Imprensa do MMA)

 

3 – Aquecimento de 1,3°C é inevitável

Elevação aconteceria mesmo sem novas usinas e é considerada modesta. Para cientista, efeitos da mudança climática ainda são reversíveis, mas é necessário cortar CO2 nos próximos anos
O que aconteceria se a Terra parasse seu rimo de expansão e nenhuma nova usina ou veículo capaz de emitir carbono fossem construídos? Ainda assim, a temperatura do planeta aumentaria 1,3°C, até 2060, em relação ao período pré-industrial.
A conclusão é de pesquisadores dos EUA, que fizeram um dos mais detalhados levantamentos sobre emissões de carbono ligadas à geração de energia e à estrutura de transportes. O material foi publicado na revista “Science” de ontem.
O planeta vai esquentar, mas para os cientistas ele ainda não chegou ao patamar de aquecimento e emissões em que as consequências se tornam irreversíveis.
O aumento de 1,3°C em relação ao período anterior à revolução industrial -cerca de 0,5°C a mais que hoje- foi considerado até modesto pelos pesquisadores, que esperavam crescimento de pelo menos 2°C.
A concentração de carbono na atmosfera, no mesmo período, deve ficar em 430 ppm (partes por milhão), valor também abaixo do que era esperado inicialmente pelos pesquisadores. “Esse resultado nos surpreendeu”, afirmou Steven Davis, da Instituição Carnegie para a Ciência, que chefiou o trabalho.
Pior no futuro
Segundo ele, porém, não há motivos para comemorar. Os resultados indicam que as principais ameaças ao planeta ainda estão por vir, devido ao sistema de geração de energia e transportes que são muito dependentes de combustíveis fósseis.
“É importante que nós façamos a coisa certa agora. Ou seja, construir tecnologias que gerem energia com baixa emissão de carbono”, disse Ken Caldeira, também do Carnegie e autor do trabalho.
Para chegar ao resultado, os cientistas fizeram um levantamento sobre todas as usinas geradoras de energia em operação no mundo. Eles também estimaram as emissões do sistema global de transportes, que tem dois terços das operações com combustíveis fósseis.
Modelos computadorizados, que simulavam os cenários de emissão previstos pelo IPCC (painel de mudanças climáticas da ONU), chegaram às conclusões.
Por conta da forte presença de termelétricas, a maior parte das emissões se concentra nos EUA, Europa Ocidental e China. A vida útil média das unidades movidas a carvão é de 40 anos. As usinas chinesas, por serem mais novas, têm potencial para poluírem por mais tempo. (Giuliana Miranda) (Folha de SP, 10/9)