1 – Brasil desenvolve soro contra picada de abelha
2 – Os homens que vieram do frio
1 – Brasil desenvolve soro contra picada de abelha
Pela primeira vez no mundo, o Instituto Butantan produz substância em larga escala
Pela primeira vez no mundo, foi produzido em larga escala um lote de soro contra o veneno de abelhas. O produto piloto foi desenvolvido pelo Instituto Butantan, em São Paulo, e patenteado este ano. Os cerca de 80 litros de soro começaram a ser fabricados em 2008, a partir de estudos iniciados em 2002 na Universidade de São Paulo (USP) e na Universidade Estadual Paulista (Unesp).
Agora o soro produzido pelo Butantan vai passar por uma avaliação de técnicos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e será submetido a outros testes em animais e pessoas que sofreram grandes ataques de enxames de abelhas.
– Acreditamos que o soro estará disponível em cerca de um ano na rede pública de hospitais – afirmou José Roberto Marcelino, diretor do serviço de imunologia do Instituto Butantan.
Depois de aprovado pela Anvisa, o soro também poderá ser comprado do Instituto Butantan por governos de outros países e hospitais particulares.
Segundo o instituto, cerca de 20 ml do soro são capazes de fornecer ao organismo uma quantidade de anticorpos capaz de neutralizar cerca de 90% dos problemas causados pelas picadas de abelhas africanizadas, uma espécie comum no país. (Marcelle Ribeiro) (O Globo, 8/7)
2 – Os homens que vieram do frio
Antecessor do ‘Homo sapiens’ já ocupava norte da Europa há 950 mil anos
Enfrentar o rigoroso inverno da Inglaterra já não é fácil hoje; imagine, então, há quase 1 milhão de anos. Pois cientistas descobriram que os homens antigos encaravam o frio das Ilhas Britânicas muito antes do que se pensava, segundo artigo publicado na edição da revista “Nature” desta semana.
De acordo com os achados arqueológicos, tribos de hominídeos já ocupavam a costa leste da Grã-Bretanha há até 950 mil anos, numa demonstração de que estes intrépidos ancestrais do Homo sapiens tinham uma surpreendente capacidade para se adaptar a climas mais frios.
Até recentemente, acreditava-se que estes homens pré-históricos, que deixaram a África rumo à Europa pela primeira vez há cerca de 1,8 milhão de anos, tinham se estabelecido apenas em regiões onde as temperaturas eram mais quentes, como a costa do Mediterrâneo e áreas ao sul dos Alpes e dos Pirineus, e não se aventuravam acima dos 45 graus de latitude, onde as baixas temperaturas e o habitat relativamente hostil tornariam praticamente impossível a vida destes antigos caçadores.
Mas as ferramentas de pedra lascada encontradas por arqueólogos do Museu Britânico em Happisburgh, na província de East Anglia, contam uma história diferente.
– Esses achados são, de longe, as mais antigas evidências da presença humana na Bretanha, datando de pelo menos 100 mil anos antes de descobertas anteriores. Eles têm significativas implicações sobre o comportamento dos antigos humanos, sua adaptação e sobrevivência, assim como sobre quando e como nossos antepassados colonizaram a Europa após partirem da África – afirmou o professor Christopher Stringer, pesquisador-chefe das origens humanas do Museu de História Natural de Londres.
Mais do que estabelecer a presença humana antiga nas Ilhas Britânicas, os cientistas também puderam levantar quais eram as condições climáticas e ecológicas da região naquela época, na qual a Terra passava por um período entre glaciações.
No inverno, a temperatura média ficava em 0º e -3º Celsius, pelo menos três graus abaixo da média atual. Já a paisagem era marcada por florestas coníferas boreais, cujas bordas iam e vinham de acordo com o avanço e recuo das geleiras das eras glaciais.
As plantas comestíveis e animais eram raros e espaçados e, no inverno, os dias ficavam curtos e bastante frios, deixando ainda mais duras as condições de vida no local. (O Globo, 8/7)