1 – Desastre ameaça aves quase extintas
2 – La Niña agrava furacões no Atlântico
3 – Cientistas descobrem espécies nas profundezas do Oceano Atlântico
1 – Desastre ameaça aves quase extintas
Pelicanos-marrons estavam se recuperando nos últimos anos, mas vazamento de petróleo no Golfo do México é nova ameaça à espécie
Por mais de uma década, as centenas de pelicanos-marrons que faziam ninho nos mangues a oeste da Ilha Queen Bess eram prova de que uma espécie à beira da extinção conseguira se recuperar. A ilha era um dos três locais na Louisiana onde esses pássaros foram reintroduzidos depois que pesticidas quase provocaram seu extermínio nos anos 60.
Mas, no dia 29 de maio, esses pássaros, com suas penas cobertas por lama grossa, foram levados para um centro de reabilitação em Fort Jackson. São as vítimas mais recentes do desastre da Deepwater Horizon. E dezenas deles foram levados para outros centros de recuperação.
Seis pelicanos foram trazidos para Fort Jackson e, como os visitantes observavam, os pássaros estavam imóveis nas gaiolas improvisadas; parecia que a lama os tinha congelado. Eram tratados em aposentos aquecidos por encarregados que vestiam uma roupa de proteção.
“Os pelicanos estão em péssima condição”, disse Dorg Inkley, cientista da National Wildlife Foundation, preocupado que o vazamento de petróleo possa acabar com a recuperação dos pássaros na Louisiana.
As imagens de pássaros cobertos de petróleo – pelicanos, mergulhões do norte, gaivotas e outros – são uma lembrança inquietante do desastre do Exxon Valdez, há 21 anos. E, nas últimas semanas, elas se tornaram o mais vívido símbolo dos danos provocados pelas centenas de milhares de barris de óleo cru derramados no Golfo do México desde a explosão da plataforma Deepwater Horizon, em 20 de abril. Desde que começou o vazamento, centenas de pássaros afetados foram catalogados, muitos mortos, mas alguns ainda vivos e encharcados de óleo.
Mas o pelicano-marrom, por causa de sua história de recuperação, tem um significado especial. Esses pássaros eram tão comuns que adornam a bandeira do Estado. Eram companheiros frequentes dos pescadores, que compartilhavam das suas águas e admiravam sua habilidade para localizar peixes à distância e mergulhar de grandes alturas para recolhê-los com seus bicos.
Na virada do século 20, observadores estimavam que a população de pelicanos-marrons na Louisiana chegava a 50 mil. Mas, em 1961, nenhum casal foi localizado ao longo de toda a costa do Estado, de acordo com a Guarda Costeira. Como outras subespécies do pelicano-marrom encontradas na Califórnia, os pássaros locais foram severamente atingidos por DDT e outros pesticidas, que afinavam as cascas dos seus ovos, esmagados quando adultos se sentavam sobre eles.
Em 1968, a Louisiana trouxe os pássaros de uma colônia de sobreviventes na Flórida e os reintroduziu na costa sul do Estado em três pontos. Um deles era a Ilha Queen Bess, que se tornou morada de um dos últimos casais de reprodução, disse Kerry St. Pe, diretor do Programa Nacional de Estuários de Terrebonne e Barataria.
Os pássaros tiveram dificuldades de adaptação. Os pântanos da região e a Ilha Queen Bess eram afetados pelos diques do Mississippi e pelos canais abertos pelas petroleiras. Isso até 199o, quando um projeto para restauração da costa financiou uma barreira rochosa em torno da ilha, estabilizando-a. A colônia de pelicanos começou a crescer. Em 2009, os pelicanos-marrons saíram da lista de espécies em perigo de extinção.
Mas o vazamento de óleo pode mudar isso. Como todas as aves, os pelicanos são muito sensíveis ao óleo, disse Melanie Driscoll, diretora de preservação de aves da Louisiana Coastal Initiative. O óleo os impede de regular a temperatura do corpo, deixando-os sujeitos a superaquecimento. O óleo também envenena os peixes dos quais eles se alimentam e se infiltra nos ovos.
Dano aparente
O dano era aparente no centro de salvamento do International Bird Rescue Research Center, da BP e de autoridades federais. Muitos dos pássaros estavam tão cobertos de óleo que não conseguiam ficar de pé. Os encarregados os limpavam com toalhas, davam fluidos e peixe e os colocavam em gaiolas. Na manhã seguinte, teve início a limpeza, com água e detergente.
Até agora, mesmo os mais encharcados de óleo sobreviveram. Se não tivessem sido tratados imediatamente, teriam se afogado ou perecido. “Muitos deles vão desaparecer”, disse Melanie. Mas a preocupação dela é que, um número muito maior de pelicanos em breve será levado ao centro. “Poderemos ter uma centena. E esse número pode chegar a milhares.” (O Estado de SP, 4/7)
2 – La Niña agrava furacões no Atlântico
Temporada promete ser a mais intensa desde 2005, ano do Katrina
O fenômeno La Niña, caracterizado por uma queda na temperatura das águas do Oceano Pacífico, parece estar se formando e pode afetar o clima mundial no segundo semestre deste ano, alertou a Organização Meteorológica Mundial (WMO, na sigla em inglês), ligada à Organização das Nações Unidas (ONU), na terça-feira.
A temporada de furacões do Atlântico deve ser a mais intensa dos últimos anos em razão do fenômeno.
A La Niña se segue ao El Niño, que, com seu efeito contrário (aquecer as águas do Pacífico), estava ativo desde o ano passado e se dissipou no início de maio.
Estação de monções da Ásia será agravada Segundo a WMO, embora ainda não esteja totalmente caracterizada, La Niña deverá provocar uma estação de monções mais forte na Ásia e no leste da Austrália, com chuvas mais intensas nestas regiões, além de uma temporada de furacões mais severa no Oceano Atlântico. De qualquer forma, os modelos da agência da ONU não indicam que o fenômeno será particularmente forte este ano.
– Embora seja provável que as condições de La Niña se desenvolvam nos próximos meses, o momento e a magnitude deste evento em 2010 ainda estão incertos – disse Rupa Kumar Kolli, especialista da WMO.
Há alguns meses, a principal agência meteorológica dos EUA já previa que a temporada de tempestades no Atlântico, iniciada em 1º de junho, seria a mais intensa desde 2005, quando o furacão Katrina devastou Nova Orleans e deixou mais de mil mortos.
A principal preocupação agora é com os efeitos destas tempestades no esforço de limpeza do Golfo do México, onde uma plataforma de petróleo explodiu, provocando um vazamento que já dura mais de dois meses.
– Considerando que há a possibilidade de uma temporada mais ativa, os furacões certamente terão o potencial de remexer mais o mar, assumindo um papel maior na expansão da mancha de óleo – afirmou Kolli. – Mas tudo vai depender da trajetória e força do furacão, além de outros fatores associados a cada tempestade individualmente.
Para o Brasil, de forma geral, La Niña costuma ser positiva. O fenômeno oposto, o El Niño, é que costuma causar tempestades mais intensas, calor e seca no país. (O Globo, 7/7)
3 – Cientistas descobrem espécies nas profundezas do Oceano Atlântico
Acredita-se que algumas espécies estejam próximas da conexão que falta entre animais vertebrados e invertebrados
Cientistas da Universidade de Aberdeen, na Escócia, anunciaram ter descoberto mais de dez espécies marinhas após explorar as profundezas do Oceano Atlântico.
O fotógrafo David Shale, que registrou várias espécies, disse à BBC Brasil que “muitas destas criaturas nunca foram vistas antes”.
Segundo os pesquisadores, o resultado da expedição pode revolucionar o conhecimento sobre a vida no mar profundo.
O grupo usou uma sonda britânica de exploração controlada remotamente e que é capaz de alcançar uma profundidade de 3,6 mil metros.
Entre as criaturas capturadas pela equipe do programa internacional de pesquisas MAR-ECO, foi encontrado um grupo que se acredita estar próximo do elo evolucionário que falta entre animais invertebrados e vertebrados.
Muitas outras espécies raras foram coletadas durante a viagem de seis semanas a bordo do navio de pesquisas James Cook.
O estudo, que utilizou a tecnologia submarina mais recente, ocorreu em junho. (BBC, 7/7)