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Informativo 236 – Bactéria contra dengue, Cretáceo preservado e Maior morcego das Américas

1 – Bactéria contra dengue

2 – Cretáceo preservado

3 – Maior morcego das Américas é encontrado no Pantanal

 

1 – Bactéria contra dengue

Cientistas descobrem bactéria capaz de bloquear a duplicação do vírus da dengue no mosquito transmissor da doença
Uma bactéria que pode bloquear a duplicação do vírus da dengue em mosquitos foi descoberta por cientistas da Universidade do Estado de Michigan, nos Estados Unidos.
O achado poderá ajudar no desenvolvimento de tratamentos contra a doença que ameaça cerca de 2,5 bilhões de pessoas em todo o mundo e para o qual atualmente não existe vacina.
“Na natureza, cerca de 28% das espécies de mosquitos são hospedeiros da bactéria Wolbachia, mas esse não é o caso do mosquito transmissor da dengue, o Aedes aegypti. Verificamos que a Wolbachia é capaz de parar a duplicação do vírus da dengue e, se não houver vírus no mosquito, ele não se espalhará para as pessoas. Ou seja, a transmissão da doença poderia ser bloqueada”, disse Zhiyong Xi, um dos autores do estudo.
O estudo foi publicado na edição de abril da revista PLoS Pathogens. Xi e colegas introduziram a bactéria em mosquitos Aedes aegypti por meio da injeção do parasita em embriões.
Os pesquisadores mantiveram a Wolbachia em insetos no laboratório por quase seis anos, com a bactéria sendo transmitida de uma geração a outra.
Quando um macho com a bactéria cruza com uma fêmea não infectada, a Wolbachia promove uma anormalidade reprodutiva que leva à morte precoce de embriões.
Mas a Wolbachia não afeta o desenvolvimento embrionário quando tanto o macho como a fêmea estão infectados, de modo que a bactéria pode se espalhar rapidamente, infectando uma população inteira de mosquitos. A bactéria não é transmitida dos mosquitos para humanos.
Um estudo anterior feito na Austrália, com abordagem diferente, também destacou o potencial da Wolbachia. “A linhagem que usamos tem uma taxa de transmissão maternal de 100% e faz com que os mosquitos vivam mais. No trabalho australiano, a linhagem usada faz com que os mosquitos morram cedo”, disse Xi.
“Os dois métodos têm suas vantagens. Quanto mais o mosquito viver, mais chances ele terá de passar a infecção para seus descendentes e de atingir uma população inteira de mosquitos em um determinado período. Mas se o mosquito viver menos, ele não picará as pessoas e não transmitirá o vírus da dengue. Os dois exemplos demonstram o potencial do uso da bactéria para controle da transmissão”, explicou.
Os dois estudos reforçam a preocupação de cientistas de diversos países com o problema. Uma pesquisa publicada em fevereiro pela revista “Proceedings of the National Academy of Sciences” apresentou um possível método para controle da transmissão por meio da obtenção de fêmeas do Aedes aegypti que são incapazes de voar. (Agência Fapesp, 5/4)

 

2 – Cretáceo preservado

Cientistas descobrem na Etiópia insetos fossilizados em âmbar que ajudam a conhecer melhor ecossistemas de 95 milhões de anos atrás
Um grupo internacional de pesquisadores anunciou a descoberta de insetos mortos há cerca de 95 milhões de anos. Por terem sido preservados em âmbar, os insetos estão notadamente bem preservados.
Os cientistas também encontraram diversas espécies de plantas. Juntos, os fósseis ajudam a reconstruir a diversidade e a composição de ecossistemas do período Cretáceo. A descoberta será publicada esta semana no site e em breve na edição impressa da revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS).
O âmbar, resina fóssil produzida por árvores, tem grande importância paleontológica, uma vez que é capaz de preservar uma diversa gama de organismos e vestígios remanescentes de habitats pré-históricos.
Os cientistas encontraram âmbar contendo diversas espécies de aranhas, formigas, vespas e outros insetos. Os fósseis foram descobertos na região de Debre Libanos, no noroeste da Etiópia.
Foram encontrados 30 espécimes preservados em nove peças. Segundo os autores do estudo, os fósseis cobrem uma “diversidade impressiva”, que inclui as ordens Acari e Araneae de aracnídeos e pelo menos 13 famílias de Hexapoda (artrópodes com três pares de pernas), das ordens Collembola, Psocoptera, Hemiptera, Thysanoptera, Zoraptera, Lepidoptera, Coleoptera, Diptera e Hymenoptera.
Segundo os pesquisadores, os registros em âmbar são os mais antigos do tipo já encontrados e “constituem descobertas importantes para compreender melhor as origens temporais e geográficas dessas linhagens”.
“Junto com as inclusões microscópicas possíveis de serem observadas, os achados revelam as interações de plantas, fungos e artrópodes durante um período de grandes mudanças nos ecossistemas terrestres, que foram causadas pela propagação inicial das angiospermas”, destacaram.
O artigo Cretaceous African life captured in amber (doi/10.1073/pnas.1000948107), de Alexander Schmidt e outros, poderá ser lido em breve por assinantes da PNAS em www.pnas.org (Agência Fapesp, 6/4)

 

3 – Maior morcego das Américas é encontrado no Pantanal

Animal, de um metro de envergadura, foi capturado no Mato Grosso do Sul
Com um metro de envergadura e pesando 230 gramas, o maior morcego das Américas foi capturado no Pantanal de Mato Grosso do Sul. O morcego-fantasma-grande (Vampyrum spectrum) foi preso em 20 de fevereiro, na fazenda Nhumiram, situada na localidade de Nhecolândia, entre as cidades de Corumbá e Miranda, e apresentado ontem. O local concentra pesquisas da Embrapa Pantanal.
Maurício Silveira, um ecólogo que está recebendo ajuda dos pesquisadores locais para realizar sua dissertação de mestrado em ecologia na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, armou a rede na mata fechada da fazenda e não esperava a surpresa. “É uma fêmea e o primeiro exemplar coletado até agora em toda a história de Mato Grosso do Sul. Não há registro sobre animais de maior porte desse gênero nas Américas.”
Walfrido Tomás, um dos pesquisadores da Embrapa Pantanal, lembrou que, por volta de 1955, houve um registro da espécie no Pantanal Norte, no Estado de Mato Grosso.
“O novo registro revela que o ecossistema Pantanal tem influência geográfica de biomas mais florestais”, diz Tomás. “Ainda conhecemos pouco da biodiversidade do Pantanal. Ainda há carência de inventários biológicos na região”, diz.
Apesar do nome científico, o morcego não se alimenta de sangue. Trata-se de um carnívoro, que se alimenta de pequenos animais, como aves e roedores. (O Estado de SP, 6/4)