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Informativo 180 – Moscas e mosquitos, pirarucu, serpente e intrusos

1 – Faunas distintas

2 – Pesca excessiva ameaça maior peixe da Amazônia, diz pesquisa

3 – Nova espécie de serpente

4 – Intrusos catalogados

 

1 – Faunas distintas

 

Projeto investiga a presença de moscas e mosquitos na Mata Atlântica

Um estudo feito por pesquisadores do Programa Biota-Fapesp resultou na identificação de uma nova área de endemismo na Floresta Atlântica para a ordem Diptera – que engloba mosquitos e moscas.

A nova área ocupa a parte sudoeste da Floresta Atlântica, que vai do oeste do Estado de São Paulo até o sul de Goiás, oeste de Minas Gerais e leste do Mato Grosso do Sul. Ao traçar o mapa de distribuição das espécies encontradas na Floresta Atlântica do interior, chamadas de florestas estacionais semideciduais, os pesquisadores perceberam que grande parte dos dípteros identificados eram diferentes em relação aos da Serra do Mar.

O coordenador da pesquisa, Dalton de Souza Amorim, professor do Departamento de Biologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, ressalta que as diferenças fisionômicas são conhecidas – sabe-se, por exemplo, que a Floresta Atlântica do interior é mais seca que na Serra do Mar.

“Mas o que estamos descobrindo é mais do que isso. A Mata Atlântica no interior tem uma composição de espécies – pelo menos para dípteros – muito diferente. Ou seja, apesar da continuidade do bioma, as espécies encontradas no interior não são as mesmas da Serra do Mar e vice-versa. Para alguns grupos, são faunas completamente distintas”, disse à Agência Fapesp.

Uma possível explicação para as diferenças na composição de espécies é que elas teriam sido geradas por barreiras que existiram entre essas áreas ao longo do tempo. Como os insetos não trocaram genes, acabaram se diferenciando em uma escala de alguns milhões de anos.

Os resultados da pesquisa fazem parte do projeto intitulado “Limites geográficos e fatores causais de endemismo na Floresta Atlântica em Diptera (Insecta)”, coordenado por Amorim, com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) na modalidade Auxílio à Pesquisa – Projeto Temático, inserido no Programa Biota-Fapesp.

Outro resultado importante é que, entre os milhares de insetos coletados, há uma estimativa de que cerca de mil são de novas espécies apenas de Diptera. Dessas, cerca de 42 espécies, pertencentes a oito famílias, já foram publicadas. Entre as espécies ainda por serem publicadas, uma delas é de um gênero ainda por ser descrito.

A descoberta de um número tão alto de espécies desconhecidas é extremamente relevante para qualquer grupo taxonômico, mas a amostragem ainda é limitada. “Não me surpreenderia se novas coletas intensivas em toda a área de cobertura da Floresta Atlântica quadruplicassem o número de espécies novas nos próximos anos”, ressaltou Amorim.

O grupo deu os primeiros passos no esforço de identificar quais são as áreas de endemismo para os dípteros. “Queríamos saber quantos são, onde estão e quais são os limites geográficos entre as áreas de endemismo. E, se possível, qual a história geológica que resultou na sua divisão, que é um dos problemas científicos subjacentes ao projeto”, disse.

Nessa primeira fase – que durou cinco anos -, todo o material começou a ser separado e identificado. “Isso dá um enorme trabalho. Cada frasco com amostras demora uma semana ou mais para ser colocado em nível de família. Outra frente envolve a identificação das espécies, com a descrição das novas e a redescrição de espécies descritas no século 19 e início do 20, e que apresentam apenas informações sumárias, sem fotos ou desenhos”, explicou.

Os pesquisadores coletaram amostras em áreas que vão do Rio Grande do Sul ao Rio Grande do Norte. No interior de São Paulo, as amostras foram colhidas nas regiões de Teodoro Sampaio, Assis, Ribeirão Preto, Sertãozinho, Batatais e Matão. No sul de Minas Gerais, os locais focados foram Cabo Verde, Bandeiras, Delfinópolis e Presidente Olegário.

Perigo no interior

A pesquisa traz resultados surpreendentes, mas igualmente preocupantes, pois destacam que as florestas de interior estão em estado de ameaça muito mais grave do que a Serra do Mar.

“Se a fauna no interior fosse a mesma da Serra do Mar, não haveria problema maior, mas com uma composição em alguns casos 100% diferente entre as duas áreas, as reservas biológicas na Serra do Mar são ineficazes para proteger a diversidade das florestas no interior. A proteção na Serra do Mar é grande, mas as florestas de interior estão extremamente ameaçadas devido às culturas da cana-de-açúcar, da soja e da laranja. A monocultura praticamente dizimou essas florestas”, disse Amorim.

O pesquisador destaca que os programas de proteção dos ambientes naturais no interior precisam ser diferentes dos programas existentes para o litoral. Segundo ele, a redução de extensão das poucas manchas de florestas do interior implica em empobrecimento dessas áreas, uma vez que, por motivos ecológicos, em muitas espécies as populações só se mantêm em áreas maiores de floresta.

Amorim destaca que essa diferença de composição de espécies entre áreas diferentes da Floresta Atlântica mostra o quanto ainda não se tem uma noção mais detalhada da regionalização da fauna brasileira.

“Conhecer a distribuição dessas faunas pode ajudar a apontar em que áreas as reservas biológicas devem ser colocadas. É evidente que há enorme urgência na criação de reservas de florestas no interior”, destacou.

Extensão da fauna

O Projeto Temático coordenado por Amorim tem ajudado a compor uma radiografia sobre a biodiversidade brasileira de Diptera, em particular no Estado de São Paulo. Como resultado, o grupo – que conta com a participação de outros seis pesquisadores de universidades paulistas – lançou em 2008 o “Manual of Neotropical Diptera”, um novo periódico científico, com versão on-line e de acesso livre e impressa, para distribuição em bibliotecas e institutos de pesquisa no Brasil e em outros países – o site é www.neotropicaldiptera.info

Segundo Amorim, a estrutura dos ambientes florestais é muito complexa e o estudo da biodiversidade envolve a decodificação dessa complexidade. Não é apenas um projeto de inventariamento de espécies. “Ainda há uma visão ingênua sobre a biodiversidade, no sentido de se pensar que as espécies estão distribuídas homogeneamente ao longo de toda a Floresta Atlântica”, disse.

“Ainda que haja um volume impressionante de dados taxonômicos como subproduto do projeto, os objetivos gerais não seriam alcançados se não se produzissem inferências biogeográficas sobre a Floresta Atlântica”, ressaltou.

Os pesquisadores tinham dúvidas, por exemplo, sobre a composição da fauna de dípteros do sul de Minas Gerais. “A fauna do sul de Minas é uma extensão da fauna de Santa Catarina e do Paraná. O mapa detalhado com os limites das áreas de endemismo que conseguimos montar é resultado de um longo processo de acúmulo da informação taxonômica produzida em muitas décadas”, disse.

 

Segundo Amorim, o projeto permite que essas inferências sejam refeitas a partir de uma enorme quantidade de dados, que dão solidez às conclusões. “O Biota-Fapesp possibilita uma compreensão estrutural da diversidade desses ambientes”, disse.

Também participaram do projeto 25 alunos de graduação, de pós-graduação e de pós-doutoramento, além de pesquisadores dos Estados Unidos e Austrália. Em cinco anos, o grupo publicou cerca de 150 trabalhos científicos. (Alex Sander Alcântara, Agência Fapesp, 13/1).

 

2 – Pesca excessiva ameaça maior peixe da Amazônia, diz pesquisa

 

Pirarucu pode chegar a 3 metros de comprimento e pesar 200 quilos. Saboroso, peixe é um dos mais apreciados na Amazônia

A captura descontrolada pode fazer com que o maior peixe da Amazônia – e um dos maiores peixes de água doce do mundo – desapareça do mapa. Em pesquisa divulgada no “Journal of Applied Ichthyology”, cientistas afirmam que a maior parte da carne de pirarucu comercializada na Amazônia tem origem ilegal, e é difícil controlar a pesca predatória da espécie.

O estudo foi realizado por Donald Stewart, da Universidade do Estado de Nova York, e por Leandro Castello, do Woods Hole Research Centre e do Instituto Mamirauá, que atua em reservas no Amazonas.

O pirarucu pode medir até três metros de comprimento e pesar 200 quilos. Também conhecido como “bacalhau da Amazônia”, ele é um dos peixes mais apreciados na região Norte, pois sua carne é saborosa e tem poucos espinhos.

Apesar do tamanho, o peixe é fácil de ser capturado. Seu sistema respiratório o obriga a subir para a superfície para obter oxigênio em intervalos que variam entre 5 e 15 minutos. É nessa hora que os pescadores o capturam com arpões – técnica usada desde o século XIX, segundo os pesquisadores. A pesca com rede também é bastante utilizada.

Há várias regras para limitar a pesca do pirarucu, como tamanho mínimo para a captura e a proibição da pesca em alguns lugares, como o Tocantins. “Mas a pesca ilegal do pirarucu é tão difundida que a maioria dos peixes é provavelmente capturada e vendida ilegalmente”, dizem os pesquisadores em artigo científico.

Outra ameaça para o peixe é que hoje o pirarucu é considerado uma espécie única (Arapaima gigas), mas os cientistas afirmam que pode haver até quatro espécies. Caso isso se confirme, há a possibilidade de algumas dessas variações do peixe já estarem ameaçada e ninguém estar sabendo, já que não há pesquisas sobre a população dos diferentes tipos de pirarucu.

Pesca sustentável

Estudos mostram que na reserva de Mamirauá, no Amazonas, onde a pesca é controlada, o lucro dos ribeirinhos com o pirarucu praticamente dobrou, enquanto a população de peixes aumentou – ao contrário do que ocorre onde a captura é feita da forma tradicional.

Segundo os cientistas, enquanto em 1999 havia apenas quatro comunidades ribeirinhas que pescavam o pirarucu de forma controlada, hoje já são mais de cem lugares onde a técnica foi empregada. Uma boa notícia para o gigante. (Globo Amazônia, G1, 11/1).

 

3 – Nova espécie de serpente

 

Espécie já se enquadra na categoria “ameaçada”, uma vez que seu habitat natural, de restinga, vem desaparecendo

Ao fazer um levantamento das espécies de anfíbios e répteis presentes na restinga do Núcleo Experimental de Iguaba Grande, na Baixada Litorânea, uma aluna de veterinária da UFF, Angele Martins, descobriu uma nova espécie de serpente, a Tantilla sp.

O Brasil tem 708 espécies de répteis e 849 de anfíbios, o que coloca o país como o mais rico em número de espécies de anfíbios do mundo e o terceiro mais rico em número de espécies de répteis.

Embora esses números sejam impressionantes, o conhecimento atual ainda está distante da diversidade real do grupo, pois ainda existem áreas imensas não inventariadas. Para a quase totalidade das restingas brasileiras sequer há informações sobre a simples composição da fauna de répteis.

As restingas são ambientes característicos da Mata Atlântica e Angele Martins estudou, sob a orientação do professor Sávio Bruno, o ambiente de restinga do Núcleo Experimental de Iguaba Grande, pertencente à universidade (NEIG/UFF). A pesquisadora catalogou a existência de 19 espécies de anfíbios e 15 de répteis.

A surpresa foi encontrar uma serpente ainda não catalogada e não registrada no Museu Nacional, onde todas as espécies têm que estar depositadas, obrigatoriamente.

A nova espécie já se enquadra na categoria “ameaçada”, uma vez que seu habitat natural, de restinga, vem desaparecendo. Isto reforça a importância, diz Bruno, de estudos acerca das restingas como condição para conservação e preservação da fauna remanescente.

Angele Martins defendeu sua monografia no final de novembro e agora deverá publicar um artigo, provando que a serpente é de uma espécie até então desconhecida. (Informações da Assessoria de Imprensa da UFF).

 

4 – Intrusos catalogados

 

Livro aborda presença de espécies exóticas no mar brasileiro

O livro “Informe sobre as Espécies Exóticas Invasoras Marinhas no Brasil”, lançado em dezembro, é o mais amplo inventário científico produzido até hoje sobre essas espécies que frequentemente se tornam pragas, gerando prejuízos para o país.

Segundo o professor Rubens Lopes, do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (USP), editor científico da obra, o objetivo é incentivar a prevenção, o controle e o monitoramento das espécies exóticas invasoras marinhas.

A publicação é resultado de uma parceria entre a USP, a Secretaria de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente (MMA), o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e a Marinha do Brasil.

“Desde a Convenção da Diversidade Biológica, assinada durante a conferência Rio 92, a questão das espécies exóticas invasoras começou a ser debatida internacionalmente. E o texto da convenção determinava que as nações deveriam impedir a introdução das espécies exóticas que ameaçassem os ecossistemas e realizar seu controle ou erradicação”, disse à Agência Fapesp.

Uma das decisões da convenção, de acordo com Lopes, que coordena o projeto “Monitoramento de alta resolução de florações de algas tóxicas”, apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) por meio da modalidade Auxílio à Pesquisa – Regular, foi a realização de inventários referentes à ocorrência das espécies exóticas invasoras, além da sua prevenção, erradicação e controle.

“Em função disso, em meados de 2003, o MMA decidiu realizar inventários sobre as espécies invasoras em cinco subprojetos: Ambientes Marinhos, Águas Continentais, Ambientes Terrestres, Sistemas de Produção e Saúde Humana”, explicou.

O pesquisador ficou responsável por coordenar o grupo que faria o inventário das espécies marinhas. Em 2005, o MMA realizou, por meio do Projeto de Conservação e Utilização Sustentável da Diversidade Biológica (Probio), um simpósio nacional sobre as espécies exóticas invasoras.

“Com isso, houve uma sinalização de que seria interessante publicar esses resultados. Até que no início de 2008 começou o projeto de publicação. O livro sobre os ambientes marinhos foi o primeiro a ser lançado, pois o relatório do nosso grupo estava mais adiantado. Atualizamos as informações que constavam no relatório do Probio e editamos a obra com apoio técnico do MMA”, disse.

A publicação tem vários capítulos distribuídos em dois grandes conjuntos de dados: um deles relacionado às espécies propriamente ditas e o segundo voltado à estrutura brasileira para enfrentá-las. “São vários autores. Cada capítulo tem um ou mais coordenadores e a participação de estudantes”, contou.

O livro traz uma pequena parte conceitual introdutória, que explica os métodos utilizados para a prospecção das informações e apresenta estatísticas gerais sobre a ocorrência das espécies. “Depois vêm os quatro capítulos temáticos que tratam de diferentes grupos – plânctons, macroalgas, zoobentos e peixes – e o capítulo final que é um diagnóstico sobre a estrutura de prevenção e controle existente no Brasil.”

Transporte marinho

Em termos de volume de informação a maior parte do livro é composta pelas chamadas fichas de espécies. “O livro traz as fichas de 58 espécies identificadas como exóticas, com todas as informações disponíveis sobre elas – a descrição de como ocorreu a introdução, dados sobre a ecologia e a biologia das espécies, informações sobre os registros delas no Brasil e sobre os seus possíveis vetores de introdução e dispersão”, disse Lopes.

Embora o livro apresente 58 espécies exóticas, apenas nove foram caracterizadas como invasoras de fato. “Só definimos uma espécie como invasora quando se trata de um organismo que está causando algum tipo de impacto mensurável, seja ele ecológico, socioeconômico, cultural ou na saúde”, explicou.

O professor do Instituto Oceanográfico da USP destaca que os principais vetores de introdução das espécies marinhas exóticas estão ligados ao transporte marítimo.

“Isso ficou muito claro para nós. O impacto do transporte marinho é muito grande na introdução dessas espécies. E ele ocorre por meio da água de lastro – despejada em quantidades imensas na costa brasileira -, como por incrustação nos cascos de navios e plataformas de petróleo”, disse.

Outro vetor importante, segundo ele, é a aquicultura. “A atividade traz organismos exóticos que acabam sendo lançados no ambiente natural e se tornam invasores”, afirmou.

Uma das espécies exóticas invasoras mencionadas no livro é a macroalga Caulerpa scalpelliformis denticulata, cujo limite de distribuição no Brasil, ao sul, era o estado do Espírito Santo. Em 2001, a espécie foi documentada na baía de Ilha Grande (RJ). Segundo Lopes, desde seu aparecimento, essa alga vem aumentando rapidamente sua área de distribuição, chegando a deslocar nos costões rochosos a espécie que antes era dominante na região, a Sargassum vulgare.

“Justamente devido à sua propagação rápida e persistente na região, essa pode ser a primeira espécie a merecer a classificação de alga invasora no Brasil. O tráfego de embarcações seria um possível vetor da introdução dessa alga na região. Mas a aquicultura de moluscos e a aquariofilia podem ser vetores alternativos também, devido à beleza da alga, que se adapta muito bem em aquários”, explicou.

Outro destaque é o Isognomon bicolor, um molusco bivalve de origem caribenha que apresentou um aumento súbito de densidade em vários pontos da costa brasileira a partir da metade da década de 1990. De acordo com Lopes, o molusco foi inicialmente confundido com outra espécie da mesma família já registrada na costa brasileira, mas atualmente é considerado invasor.

“Trabalhamos com a hipótese de que a introdução ocorreu entre as décadas de 1970 e 1980 nas regiões Sudeste e Sul do Brasil. A expansão populacional deve ter ocorrido durante a transição para a década de 1990 com a ampliação da distribuição geográfica da espécie no Brasil e a ocupação dos costões rochosos, disputando espaço e reduzindo drasticamente a presença, antes maciça, de bivalves e de cirripédios”, disse.

O siri Charybdis hellerii, atualmente encontrado em vários Estados, é um exemplo de possível introdução decorrente do aumento do tráfego naval. Pequenos espécimes podem ter sido transportados na água de lastro de navios, segundo Lopes.

“Essa hipótese é corroborada pelo fato de essa espécie ter sido encontrada em áreas onde há grande fluxo de navios petroleiros que partem ou chegam do Oriente Médio. No Sudeste do Brasil, a introdução ocorreu, provavelmente, entre 1993 e 1994. Outra hipótese é que tenha sido introduzido por meio da água de lastro no Caribe e a partir daí as larvas chegaram ao Brasil pelas correntes marinhas”, disse.

O coral Tubastraea tagusensis, de acordo com Lopes, foi introduzido acidentalmente por incrustação em plataformas de petróleo e também, possivelmente, pelo transporte em cascos de navios. “Parece pouco provável que gametas ou plânulas deste gênero possam sobreviver por muito tempo dentro de tanques de lastro, já que suas plânulas são viáveis por um período de três a 14 antes do assentamento”, disse Lopes.

No Brasil, esse gênero é reportado desde o fim da década de 1980, quando foi observado em plataformas na Bacia de Campos. Mais recentemente, o coral dominou costões da região da Ilha Grande, ao sul do estado do Rio de Janeiro. Em agosto de 2008, biólogos do Centro de Biologia Marinha da USP e do Instituto Terra e Mar registraram a ocorrência do gênero Tubastraea em Ilhabela, no litoral norte de São Paulo.

“O rápido crescimento, a rapidez com que seus pólipos se recuperam e o potencial químico de competição do gênero são características que indicam o alto poder competitivo da espécie, aumentando sua possibilidade de expansão para outras regiões do litoral brasileiro”, disse Lopes.

De acordo com Lopes, o livro não será comercializado, mas distribuído para instituições de ensino e bibliotecas de todo o país. A obra também pode ser adquirida por interessados pelo telefone (61)3317-1227. (Fábio de Castro, Agência Fapesp, 12/1)