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Informativo 619 – Maior desmatamento; 9% e deslocamentos

1 – Mata Atlântica registra seu maior desmatamento desde 2008

2 – Derrubada da mata atlântica cresce 9%

3 – Derretimento no Ártico cria novos deslocamentos de espécies

 

1 – Mata Atlântica registra seu maior desmatamento desde 2008

 

Em um ano, a área devastada equivale a 24 mil campos de futebol. Minas Gerais é o estado que mais perdeu vegetação
 

O desmatamento na Mata Atlântica aumentou 9% no período de julho de 2012 a junho de 2013 e atingiu 23.948 hectares, dos quais 23.142 hectares correspondem a floresta nativa, e 806 hectares, a regiões de restinga. A área equivale a 24 mil campos de futebol retirados do bioma mais ameaçado do país. Segundo a ONG SOS Mata Atlântica, responsável pelo levantamento, restam apenas 8,5% dos remanescentes florestais acima de 100 hectares. Se somados fragmentos acima de 3 hectares, o percentual sobe para 12,5%. Minas Gerais lidera a devastação.

 

Este é o terceiro período consecutivo de aumento na destruição de florestas nativas no bioma. Na pesquisa anterior, de 2011 a 2012, foram 21.977 hectares. Em 2010 e 2011, foram desmatados 14.090 hectares. No período de 2008 a 2010, quando foram pesquisados dois anos, a média anual ficou em 15.183. Neste último levantamento, a quantidade de área desmatada só ficou atrás do período de 2005 a 2008, quando foram suprimidos 102.938 hectares de mata, uma média anual de 34.313.

 

Só no estado “líder” do ranking do desmatamento foram 8.437 hectares destruídos. O principal destino das árvores cortadas são as carvoarias que abastecem fornos industriais, mas já se observa também a ocupação por plantações de soja. Os municípios de maior desmatamento são Ponto dos Volantes, Itatinga, Curral de Dentro e Novo Cruzeiro.

 

Em segundo lugar aparece o Piauí (6.633 hectares), onde as áreas desmatadas também são ocupadas pelo plantio de grãos. Entre os municípios de maior desflorestamento estão Manuel Emídio, Alvorada do Gurguéia e Eliseu Martins. A seguir estão Bahia (4.777 hectares) e Paraná (2.126). Juntos, os quatro estados são responsáveis por 92% da destruição de mata nativa.

 

Em junho de 2013, a pedido da SOS Mata Atlântica, o governo de Minas Gerais suspendeu a concessão de licenças e autorizações para a supressão de vegetação nativa no estado. Apesar da queda de 64% no corte registrada após a medida, que reduziu o ritmo do desmatamento de 960 para 344 hectares por mês, o estado se manteve na liderança.

 

– A moratória para novos desmatamentos vence no próximo dia 13 de junho, e vamos pedir que o governo de Minas, diante do resultado positivo, prorrogue a medida até que o estado consiga sair deste ranking – afirmou Márcia Hirota, diretora executiva da SOS Mata Atlântica.

 

Márcia afirma que a ONG não é contra o desenvolvimento, mas ressalta que ele deve ocorrer obedecendo às leis do país, que há um ano adotou um novo Código Florestal.

 

– Num momento em que presenciamos problemas de oferta de água para consumo humano e que se mostra tão importante a preservação de mananciais e vegetação à beira de cursos d’água para garantir a vida, o desenvolvimento não pode ocorrer às custas do patrimônio de mata nativa do Brasil – diz ela.

 

Moratória será sugerida a estados

A moratória adotada por Minas Gerais será levada também como sugestão ao governo do Piauí, que, assim como ao da Bahia, tem reservas de Mata Atlântica que resistem em meio a outros biomas, como Caatinga e Cerrado.

 

No Paraná, além dos remanescentes da Serra do Mar, há preocupação com a região Centro-Sul do estado, onde resta pouco da floresta de araucárias. Na semana passada, o governo anunciou incentivos para que a iniciativa privada participe da preservação com a criação de reservas particulares do patrimônio natural (RPPN).

 

– Incentivos como o ICMS Ecológico e o pagamento por serviços ambientais, como os adotados no Rio de Janeiro, são exemplos que devem ser elogiados para alcançar taxas de desmatamento próximas a zero – afirma Márcia.

 

São Paulo e Rio sofrem com o chamado “efeito formiga”: desmatamentos pequenos em propriedades particulares, principalmente para dar lugar a construções. Esse tipo de desflorestamento dificilmente é detectado pelos radares. (Cleide Carvalho / O Globo) http://oglobo.globo.com/sociedade/mata-atlantica-registra-seu-maior-desmatamento-desde-2008-12612878#ixzz32vIPnG15

 

2 – Derrubada da mata atlântica cresce 9%

 

Em um ano, área desmatada subiu quase 2.000 hectares; MG e PI devastaram mais; SP e RJ mantêm seus índices baixos

Foram 24 mil campos de futebol que desapareceram em um ano. A destruição da mata atlântica continua subindo, segundo dados da ONG SOS Mata Atlântica e do Inpe, que serão divulgados hoje em São Paulo. Na comparação entre 2012 e 2013, a derrubada da floresta rica em biodiversidade cresceu 9%. Desde 2008, o acompanhamento anual do desmatamento da floresta atlântica não registrava índices tão elevados.

 

Com mais essa quantidade grande de árvores ceifadas, o que resta agora da mata atlântica equivale a 8,5% da cobertura original deste bioma, que ocupava, antes do descobrimento, uma extensa área no litoral do país, desde a região Sul até o Nordeste.

 

Neste valor estão inclusos apenas os fragmentos florestais com mais de 100 hectares. Se forem contados os pedaços menores de floresta, o índice sobe para 12,5%. Em 28 anos, desde que começou o monitoramento detalhado do sumiço da mata atlântica, o bioma perdeu uma área igual a 12 vezes o município de São Paulo.

 

“A situação não pode ser considerada boa, ainda mais depois da entrada em vigor do Código Florestal há dois anos”, diz Márcia Hirota, diretora-executiva da SOS Mata Atlântica, em alusão a lei que define quanto é permitido desmatar em cada bioma.

 

Enquanto os ambientalistas diziam que a lei estava afrouxando o controle do desmatamento ambiental, o grupo que defendia a lei, representado por deputados ruralistas, dizia o contrário.

 

Para eles, a lei, mais simplificada e precisa, facilitará o controle do desmate em todos os biomas. Na Amazônia, porém, o desmatamento, que vinha caindo na última década, subiu 28% no último ano analisado, antes mesmo de a lei ser regulamentada.

 

Na análise por Estado, o levantamento divulgado nesta terça (27) mostra que Minas Gerais, mais uma vez, é o Estado que mais tem acabado com a sua vegetação típica da mata atlântica.

 

“Mas é preciso dizer que eles estão fazendo um esforço grande, principalmente por causa da atuação do Ministério Público local. E os índices caíram nos últimos anos”, diz Hirota. Entre 2012 e 2013, a derrubada da mata atlântica mineira caiu 22%, apesar de ainda ser alta.

 

EFEITO FORMIGUINHA

Apesar de São Paulo e do Rio de Janeiro aparecerem com bons números no ranking estadual de desmatamento, existem ressalvas a serem feitas, segundo Hirota. Nesses locais, existe o chamado efeito formiguinha. “O desmatamento começa pequeno e, quando aparece para gente, ele já destruiu uma parte importante de floresta”.

 

O mapeamento do desmatamento, feito por satélite, flagra destruições só acima dos três hectares. “Nesses Estados, como dizem muitos com uma certa razão, quase tudo já foi destruído”, diz a representante da ONG.

 

No caso do Piauí, a expansão de culturas como a soja são as principais responsáveis pela perda da floresta. Além disso, segundo Hirota, o Piauí também não reconhece que a floresta desmatada faz parte da mata atlântica. Por isso, a lei que dá proteção ao bioma não precisaria ser seguida naquele Estado. O aumento no desmate ali foi de 150% entre 2012 e 2013. (Folha de São Paulo)

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cienciasaude/167879-derrubada-da-mata-atlantica-cresce-9.shtml

 

3 – Derretimento no Ártico cria novos deslocamentos de espécies

 

Nova rota pode possibilitar sobrevivência de maior número de seres

Pela primeira vez em cerca de 2 milhões de anos, o mar de gelo derretido do Ártico está conectando o Norte dos oceanos Atlântico e Pacífico. As novas ligações deixam as costas do Ártico vulneráveis ??a uma grande onda de espécies que podem se delocar por aquela região, segundo biólogos do Smithsonian Environmental Research Center.

 

Enquanto novas oportunidades para a extração dos recursos naturais do Ártico e do comércio interoceânico são altos, navios comerciais, muitas vezes, inadvertidamente, podem levar estas espécies invasoras para o local. Organismos de portos anteriores podem agarrar-se a parte inferior dos seus cascos ou serem bombeados para tanques de água internos. Agora que a mudança climática tem dado a navios uma nova e mais curta maneira para atravessar entre os oceanos, a presença destas novas espécies está aumentando.

 

“(O efeito da) Expedição no Ártico é uma virada de jogo que se desenrolará em uma escala global”, disse o principal autor Whitman Miller. “A atração econômica do Ártico é enorme. Quer se trate de um maior acesso as ricas reservas de recursos naturais da região ou por um fluxo comercial mais rápido e mais barato na região. Se nada for feito, essas atividades irão alterar vastamente o intercâmbio de espécies, especialmente em todo o Ártico, ao norte do Atlântico e ao norte dos oceanos Pacífico”.

 

A primeira viagem comercial pela nova passagem no Noroeste, de uma transportadora da Inglaterra carregando carvão com destino à Finlândia, ocorreu em setembro de 2013. Enquanto isso, o tráfego através do Mar Rota do Norte tem aumentado rapidamente desde 2009. Os cientistas prevêem que no ritmo atual, este número continuar a subir 20 por cento a cada ano para o próximo quarto de século, e isso não leva em conta os navios que navegam ao próprio Ártico.

 

Durante os últimos 100 anos ou mais, a navegação entre os oceanos passava pelo Panamá ou pelo Canal de Suez, ambos contêm água morna, tropical, provavelmente para matar ou enfraquecer severamente potenciais invasores de regiões mais frias. No Canal do Panamá, as espécies nos cascos de navios também lidam com uma mudança brusca na salinidade, de uma água marinha para outra completamente doce. As passagens do Ártico contêm apenas água fria, marinha. Enquanto as espécies forem capazes de suportar temperaturas frias, suas chances de sobreviver a uma viagem Ártico serão boas. Isso, combinado com o comprimento mais curto das viagens, significa que um número maior de espécies deve sobreviver a jornada.

 

O Ártico detém cerca de 13% do petróleo inexplorado do mundo e 30 por cento de seu gás natural. A estimativa é que a Groenlândia possa suprir de 20 a 25% da demanda global de metais raros em um futuro próximo. Até o presente momento, o Ártico tem sido isolado do transporte intensivo, do desenvolvimento da costa e da presença constante de homens. Mas, cientistas apontam que este cenário deve mudar drasticamente nos próximos anos.

 

“A boa notícia é que o ecossistema do Ártico é ainda relativamente intacto e teve baixa exposição a invasões até agora”, disse o co-autor Greg Ruiz. “Este novo corredor está apenas abrindo. Agora é o momento para pensar em opções de gestão eficazes que impeçam um crescimento em invasões e minimize seus impactos ecológicos, econômicos e de saúde”. (O Globo)

http://oglobo.globo.com/sociedade/ciencia/derretimento-no-artico-cria-novos-deslocamentos-de-especies-1-12627607#ixzz3314r8Q8n