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Informativo 568 – Desaceleração e 33 anos

1 – Desaceleração do aquecimento global intriga cientistas

2 – Em 33 anos, projeto cataloga 1,4 mil espécies de árvores no Amazonas

 

1 – Desaceleração do aquecimento global intriga cientistas

Elevação das temperaturas passou a desacelerar a partir do ano 2000; cientistas preveem novo aumento do aquecimento nos próximos anos
Cientistas estão em dificuldades para explicar uma desaceleração do aquecimento global que expôs lacunas no seu conhecimento, e buscam entender as causas para determinar se esse alívio será breve ou se o fenômeno é duradouro.

A maioria dos modelos climáticos, geralmente focados em tendências que duram séculos, foi incapaz de prever que a elevação das temperaturas iria se desacelerar a partir do ano 2000, aproximadamente. Isso é crucial para o planejamento em curto e médio prazo de governos e empresas em setores tão díspares quanto energia, construção, agricultura e seguros. Muitos cientistas preveem um novo aumento do aquecimento nos próximos anos.

Uma das teorias para explicar essa pausa diz que os oceanos teriam absorvido mais calor pelo fato de sua superfície ficar mais fria do que se esperava. Outras especulam que a poluição industrial da Ásia ou nuvens estariam bloqueando o calor do sol, ou então que os gases do efeito estufa retêm menos calor do que se acreditava.

A mudança pode também decorrer de um declínio já observado na presença de vapor de água (que absorve calor) na alta atmosfera, por razões desconhecidas. Os cientistas dizem que pode estar ocorrendo uma combinação de vários fatores, ou variações naturais ainda desconhecidas.

O fraco crescimento econômico mundial e a redução na tendência de aquecimento global estão afetando a disposição dos governos para fazerem uma rápida transição dos combustíveis fósseis para as energias renováveis, o que exige bilhões de dólares. Quase 200 governos já concordaram em definir até 2015 um plano para combater o aquecimento global.

“O sistema climático não é tão simples quanto as pessoas acham”, disse o estatístico dinamarquês Bjon Lomborg, autor do livro O Ambientalista Cético. Ele estima que um aquecimento moderado seria benéfico para as lavouras e para a saúde humana.

O químico sueco Svante Arrhenius mostrou pela primeira vez na década de 1890 como as emissões de dióxido de carbono a partir do carvão, por exemplo, prendem o calor na atmosfera. Muitos dos efeitos exatos ainda são desconhecidos.

As emissões de gases do efeito estufa atingiram níveis recordes repetidamente com um crescimento anual de cerca de 3% na maior parte da década até 2010, em parte alimentada por aumentos na China e na Índia. Emissões mundiais foram 75% maiores em 2010 do que em 1970, segundo dados da ONU.

Um rápido aumento das temperaturas globais nos anos 1980 e 1990 – quando as leis de ar limpo em países desenvolvidos reduziram a poluição e deixaram o sol mais forte na superfície da Terra – serviu como um argumento convincente de que as emissões de gases do efeito estufa eram culpadas pelo aquecimento.

O painel de especialistas sobre clima da ONU (IPCC) vai procurar explicar a pausa atual no aquecimento em um relatório que será divulgado em três partes a partir de final de 2013, com o objetivo de servir como um roteiro científico principal para os governos na mudança de combustíveis fósseis para as energias renováveis, como a energia solar ou  eólica. (Portal Terra)

 

2 – Em 33 anos, projeto cataloga 1,4 mil espécies de árvores no Amazonas

Trabalho desenvolvido pelo Inpa, em parceria com o Instituto Smithsonian (Estados Unidos), catalogou espécies nas florestas de terra-firme ao norte de Manaus
Um dos trabalhos mais antigos desenvolvidos pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI), em parceria com o Instituto Smithsonian (Estados Unidos), o Projeto Dinâmica Biológica de Fragmentos Florestais conseguiu catalogar mais de 1.400 espécies de árvores nas florestas de terra-firme ao norte de Manaus. Os estudos, que já duram mais de 30 anos, têm a finalidade de determinar as consequências ecológicas do desmatamento e da fragmentação florestal sobre a fauna e flora na Amazônia.

De acordo com o coordenador científico do projeto, José Luís Camargo, a área estudada é de 94 hectares e envolve o monitoramento de 45 mil árvores. “Não há outra ação de em longo prazo como essa. Acompanhando o monitoramento, nós conseguimos saber a dinâmica da floresta. Os dados são importantes para saber qual é a velocidade de reposição de árvores na floresta, qual a taxa de mortalidade e de crescimento”.

Segundo ele, o recenseamento das árvores é feito a cada cinco anos e envolve espécies grandes e de menor porte. Ao todo 178 mil arvoretas são monitoradas.

Tecnologia 3D
O projeto também realiza o monitoramento de aves, o que, segundo Camargo, ajuda a entender a dinâmica da fauna em relação à fragmentação da floresta. Uma das técnicas usadas pelo aluno de doutorado que atua no projeto, o biólogo brasileiro Karl Mokross, consiste em combinar o uso de GPS (tecnologia de localização por satélite) para definir a área que bandos mistos de pássaros ocupam na floresta com imagens produzidas por uma técnica chamada Lidar (Light Detection and Ranging), que permite visualizar a estrutura florestal em três dimensões.

O resultado da reunião dessas duas técnicas é ampliar o entendimento sobre a mobilidade dos pássaros na floresta e o quanto a ruptura do contínuo florestal, causado pela fragmentação florestal, limita essa mobilidade.

Nas áreas degradadas, diz Camargo, já é possível identificar a perda de espécies de aves e a morte lenta de árvores, principalmente nas bordas da floresta. “Uma das primeiras evidências é que grandes árvores tendem a morrer. Elas ficam desprotegidas quando há a fragmentação da floresta”, afirma. “Há ainda a morte fisiológica, facilmente detectada, pois a árvore morre em pé, uma vez que as condições de umidade, luz e temperatura mudaram nessas áreas. Leia mais. (Daniel Jordano – Ascom do Inpa)