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Informativo 513 – Marco regulatório para a ciência no Brasil; Olimpíada de Biologia e Extinção

1 – Marco regulatório para a ciência no Brasil

2 – Última fase da Olimpíada de Biologia acontece no fim de semana

3 –  A extinção como parte da história da Terra

 

1 – Marco regulatório para a ciência no Brasil

 

Em visita a Belo Horizonte, ministro de Ciência, Tecnologia e Inovação recebe sugestão do reitor da UFMG para criar regras que facilitem relação entre indústria e produção acadêmica.

Pesquisadores e empresários concordam que para o Brasil se tornar uma potência mundial é preciso investir em desenvolvimento científico e tecnológico. No entanto, nem sempre a pesquisa acadêmica se converte em produto comercializável, bem como o conhecimento contribui para a melhoria de processos na indústria e outros setores. O tema foi discutido na tarde de ontem (24) em Belo Horizonte pelo ministro de Ciência, Tecnologia e Inovação, Marco Antonio Raupp, que reuniu-se com o reitor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Clélio Campolina, juntamente com pesquisadores da instituição. À noite, o ministro falou a empresários na Federação da Indústria do Estado de Minas Gerais (Fiemg).

 

Campolina pediu ao ministro empenho para o estabelecimento de um marco regulatório, que possa facilitar a relação entre a produção científica e o setor industrial no Brasil. A UFMG, que reveza o primeiro lugar com a Universidade de São Paulo (USP) no registro de patentes, encontra dificuldades em levar as invenções para o setor produtivo em função da legislação vigente no País. “A transferência de patentes é um imbróglio geral. Um marco legal é fundamental”, ponderou o reitor da maior federal do estado.

 

Durante o encontro, o ministro Raupp falou sobre as diretrizes da pasta na área de tecnologia e principalmente em inovação industrial. Apresentou também o programa Ciências sem Fronteiras, lançado no último mês pelo governo federal, e respondeu a perguntas dos professores em relação às ações do ministério para o Centro de Lançamento de Alcântara, no Maranhão, e em relação à base de pesquisa na Antártida, o continente gelado, destruída parcialmente em fevereiro depois de um incêndio.

 

A exemplos de outros setores como o rodoviário, o ministro sugeriu que a produção de conhecimento e transferência de tecnologia deve seguir o modelo das parcerias público-privadas. O reitor da UFMG afirmou que o projeto que tramita no Congresso Nacional ainda está longe de ser o ideal e pediu ajuda ao ministro para agilizar o processo de criação de leis que determinem como as universidades, que são públicas, possam comercializar descobertas científicas.

 

Um marco regulatório possibilitaria também o aporte de recursos do setor privado em pesquisa, o que na opinião tanto de acadêmicos como do próprio ministro, representaria um ganho em termos de inovação para o País. “No Brasil, o investimento das empresas é menor que o do governo. Isso não é um padrão usual. Na maioria dos países, tanto os tradicionais, como Estados Unidos e europeus, quanto os emergentes, como China, o investimento maior vem das empresas”, afirmou o ministro.

 

Durante o encontro, Raupp não anunciou investimentos específicos para Minas Gerais, mas propôs parceria entre o Centro de Tecnologia em Nanotubos, instalado no BHTec (Parque Tecnológico de Belo Horizonte), com a Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação (Embrapii), criada no ano passado e que está em processo de implementação. Aos moldes da Empresa Brasileira de Pesquisa e Agropecuária (Embrapa), a Embrapii vai fomentar a inovação na indústria brasileira.

 

O ministro reafirmou que a área de ciência tecnologia foi colocada pelo governo federal como central na política de desenvolvimento do País e negou que os cortes de cerca de 20% no orçamento de 2012 (segundo o ministro de cerca de R$ 7 bilhões) demonstre um recuo nessa área estratégica. De acordo com ele, o corte no orçamento foi compensado por investimentos da ordem de R$ 4 bilhões, por meio do Finep Inova Brasil, em projetos de inovação das empresas. Segundo Marco Antônio Raupp, os cortes em infraestrutura global foram minimizados pelo ganho substancial no investimento nas empresas.

 

Veja os destaques da reunião de Raupp na UFMG:

 

Nanotubos – O modelo de gestão do Centro de Nanotubos foi apresentado ao ministro por pesquisadores da UFMG como uma forma de melhorar a relação entre a indústria e a universidade. Com investimento de R$ 36 milhões, o centro irá desenvolver pesquisas científicas, bem como atuar na transferência de tecnologia e na realização de pesquisas sob demanda pelo mercado. Como o centro concretiza parceria entre a Petrobras, empresa estatal, e o InterCement, ligado à empreiteira Camargo Corrêa, do setor industrial, foi assinado acordo de propriedade intelectual que resguarda a autonomia da pesquisa acadêmica. A aplicação industrial dos nanotubos de carbono alcança as áreas de energia, eletrônica, medicina e as indústrias química e petroquímica. Já foram identificadas 197 possibilidades de aplicação do material. Com estrutura cilíndrica formada por átomos de carbono, o diâmetro dessas moléculas corresponde a bilionésima parte do metro (um nanômetro).

 

Ciência sem Fronteiras – O ministro Raupp informou que o programa terá R$ 4 bilhões, nos próximos quatro anos, para aumentar o intercâmbio das universidades brasileiras com centros de referência mundiais em pesquisa científica. Uma das linhas é a oferta de bolsas para que pesquisadores brasileiros possam realizar parte dos estudos de pós-graduação (modalidade sanduíche) ou a totalidade do curso em outros países. Também prevê a vinda de cientistas renomados para atuar nas universidades brasileiras. O ministro, no entanto, afirmou que é preciso flexibilidade por parte das instituições brasileiras, que às vezes dificultam o retorno dos intercambistas ao Brasil.

 

Alcântara e base na Antártica – Marco Antônio Raupp reconheceu o atraso no lançamento de foguetes no Centro de Alcântara (MA). Ele relembrou o acidente de 2003, quando uma explosão na torre móvel resultou na morte de 23 pessoas. Em relação à pesquisa brasileira na Antártica, o ministro afirmou que, enquanto se reconstroi a base brasileira, os pesquisadores irão usar as bases de outros países, como Inglaterra e Chile. De acordo com ele, houve uma perda de infraestrutura, mas as informações das pesquisas foram salvas.

 

Editais – Ao ser questionado sobre investimentos do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação em Minas Gerais, o ministro disse que um dos caminhos é a UFMG concorrer a recursos federais para ampliação de infraestrutura. O ministro anunciou que, em agosto, será apresentado edital no valor de R$ 400 milhões. (O Estado de Minas)

 

2 – Última fase da Olimpíada de Biologia acontece no fim de semana

 

No próximo dia 27 de maio, cerca de 2.600 alunos de todo o País participam da segunda, e última fase, da 8ª Olimpíada Brasileira de Biologia (OBB).

Organizada pela Associação Nacional de Biossegurança (ANBio), a competição envolveu mais de 70 mil estudantes na primeira etapa. Participam alunos de ensino médio e pré-universitários. Os melhores classificados podem representar o Brasil nas etapas internacional e iberoamericana, em Cingapura e em Portugal, respectivamente.

 

“A prova deste ano irá testar os alunos em conhecimentos atuais no campo das Ciências da Vida, que tem sido a tônica das provas das Olimpíadas Internacionais de Biologia”, informa o coordenador nacional da OBB, Rubens Oda.

 

O resultado final da OBB será divulgado no dia 8 de junho. Os oito primeiro colocados na segunda fase serão treinados em laboratórios da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e no Instituto de Tecnologia ORT, no Rio de Janeiro.

 

“A OBB é sempre uma grande oportunidade para melhorar a qualidade do ensino da Biologia no País e, sobretudo, para motivar o interesse pelas ciências da vida. Representarmos o Brasil com grande mérito nas etapas internacionais”, enfatiza a presidenta da ANBio, Leila Macedo.

 

O Regulamento para a 8º edição da OBB encontra-se no site oficial (www.anbiojovem.org.br). Lá os participantes podem tirar todas as dúvidas.

(Ascom da OBB)

 

3 – A extinção como parte da história da Terra

 

O biofísico Henrique Lins de Barros, que apresentou o livro ‘Biodiversidade em Questão’ no CBPF, afirma que a sociedade atual vive em constante clima de “medo”, que vai desde o temor ao terrorismo à preocupação com a perda de recursos naturais.

“Se não há extinção [de espécies], não há renovação e a vida se extingue”. A afirmação foi proferida pelo biofísico Henrique Lins de Barros, durante seu colóquio no Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF) ontem (22), Dia da Biodiversidade. Na ocasião, o pesquisador lançou o livro ‘Biodiversidade em Questão’, publicado pelas editoras Fiocruz e Claro Enigma.

 

Barros alertou para a tendência de os pesquisadores apresentarem “uma série de estatísticas”, “nem sempre confiáveis” quando o tema é biodiversidade e que a ciência é vista ao mesmo tempo como “vilã” (por promover a alta tecnologia) e “a última solução” para as crises. “É uma questão existencial. Somos responsáveis pelo desenvolvimento que está levando à crise global”, destaca, lembrando que “é uma situação de variáveis múltiplas, o que torna difícil separar a biodiversidade e mudanças climáticas”.

 

Assim como no livro, o biofísico recordou que parte do “processo de deterioração do meio ambiente” começa na época dos descobrimentos e lembrou que a extinção sempre foi parte da História. Porém, longe de aceitar passivamente os processos de desaparecimento de espécies, Barros responsabiliza também os humanos, já que “os indicadores mostram que a ação antrópica leva a uma extinção mais rápida”.

 

No entanto, ele lembra também que, com o desenvolvimento da ciência e do conhecimento do meio, as espécies foram mais bem caracterizadas. “Ficamos sabendo mais das extinções em comparação com o século XIX ou XVIII. Então, há um pouco de catastrofismo, pois, afinando nossa caracterização, qualquer mudança é notada”, pondera.

 

História da vida – Barros explica que o livro tem como intenção contar, “para um público mais amplo”, não especialista, a história da vida na Terra, com suas transformações. Dividida em oito capítulos, a obra começa abordando o problema da perda da biodiversidade e como isso compromete o futuro da humanidade. No segundo capítulo, o autor analisa a chegada dos europeus às Américas e procura mostrar como a preservação da biodiversidade está ligada ao respeito à diversidade cultural.

 

Em seguida, são apresentados os trabalhos de Lineu, Darwin, Lamarck, Darwin e Wallace, dentre outros. Já os capítulos 5 e 6 são dedicados à idade da Terra e à trajetória da vida no planeta. E nos dois últimos capítulos, são mostrados os fenômenos catastróficos e a atual preocupação com a preservação da biodiversidade, que aponta para uma mudança de hábitos e políticas.

 

Contradições – O pesquisador ressalta que a sociedade atual vive em contradição e dá como exemplo a busca por um aumento na longevidade humana enquanto, por outro lado, incentiva-se o controle de natalidade. E assegura que o planeta tem capacidade de abrigar mais gente, porém, não com o mesmo padrão de vida de países do primeiro mundo como os Estados Unidos, onde, em geral, se consome mais.

 

Apesar de sublinhar que a ação antrópica é responsável por uma perda de recursos naturais “sem possibilidade de reparação”, Barros pondera que atualmente se vive em constante clima de “medo”. “Medo de esgotarmos os recursos terrestres, medo do aquecimento global, medo ao terrorismo. Temos medo o tempo inteiro, apesar de termos menos no Brasil”. Para ele, dominar por meio do medo é comparável a educar uma criança usando recursos para assustá-la. “A sociedade está dominada pelo medo. Desde a II Guerra Mundial há uma ameaça de catástrofe”, conclui. (Clarissa Vasconcellos – Jornal da Ciência)