1 – Ainda pensamos nos peixes no oceano como símbolo de dólares
2 – Mais 30 universidades são suspeitas de terem “inflado” as notas do Enade
1 – Ainda pensamos nos peixes no oceano como símbolo de dólares
Oceanógrafa Sylvia Earle alerta para importância da vida marinha que produz quase todo oxigênio do planeta.
Com a experiência de quem já passou mais de 6 mil horas mergulhando nos oceanos, Sylvia Earle, oceanógrafa e exploradora da National Geographic Society, ex-cientista-chefe da Agência Americana para Oceanos e Atmosfera (Noaa, na sigla em inglês), alerta que os próximos dez anos serão cruciais para a humanidade definir seu futuro.
A pesquisadora, conhecida como “Her Deepness” pela revista New Yorker e o jornal The New York Times, em alusão ao seu “profundo” conhecimento das profundezas dos mares, fala com uma voz mansa e segura que ainda é possível fazer mudanças necessárias, mas é preciso agir imediatamente. “Os próximos 10 anos serão os mais importantes em toda a história humana. Porque agora nós sabemos o que não sabíamos 20 anos atrás, 200 anos atrás, dois mil anos atrás. Estamos conscientes de que há limites e do que podemos fazer para o mundo continuar nos sustentando”, afirmou no sábado (24) durante apresentação no 3º Fórum Mundial da Sustentabilidade, em Manaus.
A oceanógrafa frisou que os oceanos, ecossistemas menos conhecidos do planeta, e já penalizados com impactos como acidificação provocada pelo excesso de gás carbônico na atmosfera, são a chave dessa mudança. É neles que vivem os minúsculos seres que produzem quase todo o oxigênio do planeta.
“O fundamental que sabemos agora e que não sabíamos antes é que estamos pressionando os limites do planeta. Eu entendo, é o que todas as criaturas fazem, usam os sistemas naturais para se sustentar. E nós prosperamos às custas dos sistemas naturais. Não sabíamos que isso era um problema. Mas agora nós sabemos. Não é tarde demais para reparar os danos.” Ela lembra, porém, que o mundo ainda está pouco sensibilizado para a causa dos oceanos.
Percepção – “Ainda pensamos nos peixes nadando nos oceanos como se fossem símbolos de dólares. Eles só valem quando os vendemos. Precisamos mudar essa percepção. Assim como com as árvores nas florestas, que não importavam até serem derrubadas. E hoje vemos um valor do carbono nelas. Precisamos de um valor de ‘carbono azul’ para os peixes, para os sistemas que nos mantêm vivos. Se não houver produção de oxigênio, nós desapareceremos.”
Para isso a pesquisadora recomenda que o mundo deveria investir mais em conhecer os mares. Sua especialidade, por exemplo, que é de mergulharem enormes profundidades, como 800 metros, é pouco desenvolvida no mundo. Nem mesmo os EUA, muito menos o Brasil, têm submarinos para esses fins, ao contrário de Rússia, China e França.
“Pensamos em cães, gatos, cavalos com respeito, como indivíduos, mas olhamos para os peixes como commodities, em quilos, não como indivíduos. Cerca de 90% dos tubarões desapareceram. Não significa que não podemos comê-los, mas deveríamos ser espertos o bastante para não usá-los até acabarem.” (O Estado de São Paulo)
2 – Mais 30 universidades são suspeitas de terem “inflado” as notas do Enade
Ministério da Educação observou grandes disparidades nas notas das instituições.
Além da Universidade Paulista (Unip), outras 30 instituições são suspeitas de fraudes para inflar as notas no Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade), uma das ferramentas de avaliação do ensino superior. O Ministério da Educação (MEC) descobriu grandes disparidades nas notas dessas universidades de um ano para o outro.
Questionado, o MEC não revelou a lista das instituições. Também não há definição sobre quais serão as providências em relação a esses casos, mas o ministério afirmou que vai “agir com o mesmo rigor” que demonstrou com a Unip. De acordo com matéria publicada no jornal O Estado de São Paulo, o assunto tem sido tratado com cautela, porque a pasta não teria estrutura para uma intervenção mais decisiva em todas essas instituições.
Os casos não foram descobertos agora pelo MEC. Já eram conhecidos pela pasta ainda na gestão do ministro Fernando Haddad, que deixou o cargo em janeiro. A pasta não informou exatamente quando apurou as possíveis irregularidades e por que não tomou providências até agora ou se já pediu esclarecimentos às instituições.
As suspeitas recaíram sobre as universidades porque elas apresentaram melhoras consideradas incoerentes nos índices do exame. Esse salto nos índices foi o que ocorreu com a Unip.
Inflar – No início do mês, a Unip apresentou grandes saltos nas notas de alguns cursos. No curso de Nutrição, por exemplo, a nota subiu 207% do Enade de 2007 para o de 2010, muito acima da melhora na média nacional, de 25%. Segundo especialistas, seria impossível transformar e melhorar um curso superior em um prazo tão curto.
Para inflar as notas no exame, a Unip é acusada de lançar mão de um esquema para que apenas os melhores alunos façam a prova. Quanto menor o número de inscritos, melhor é o resultado da instituição. Estudantes de desempenho acadêmico médio para baixo ficam com notas em aberto na época em que as instituições devem fazer as inscrições dos alunos para o Enade.
Em 2010, estavam aptos a fazer o exame alunos do último ano que tivessem completado pelo menos 80% da carga horária do curso até o dia 2 de agosto. Com as notas em aberto, os piores não completam 80% da carga horária e só os melhores da classe fazem o exame.
A Unip nega selecionar os melhores alunos para os exames. Atribui a melhora no Enade à criação de uma comissão para analisar os cursos.
O MEC não sabe se as outras 30 instituições usaram a mesma estratégia da Unip, mas as suspeitas vão nessa direção. O Enade é feito pelos calouros e formandos do ensino superior para avaliar os estudantes. O exame também compõe o conceito de qualidade das graduações. Grande parte das universidades do País usam o desempenho no Enade em peças publicitárias para atrair novos alunos.
Mudanças – Após as denúncias, o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, alterou as regras do próximo Enade para tentar conter tentativas de fraudes. Além dos alunos que se formarem em dezembro de 2012, como previa a norma atual, terão de fazer a prova, em novembro, estudantes que concluírem o curso seis meses depois, em agosto de 2013. Isso resolveria o problema de postergar a formatura de um grupo de alunos por um semestre para fazer com que só os melhores façam o exame.
O MEC também estuda medida que diz respeito a alunos transferidos de uma universidade a outra no último ano da graduação. A ideia é fazer com que a nota do estudante seja atribuída à instituição onde ele estava originalmente matriculado. A medida visa a evitar que universidades reprovem em massa estudantes de baixo desempenho antes do Enade. (O Estado de São Paulo)