1 – Humanos podem ter ‘Bússola interna’
2 – Internet das coisas ganha linguagem e site de aplicativos
1 – Humanos podem ter ‘Bússola interna’
Mecanismo biológico desse senso de direção magnético pode ser parecido com o de espécies de aves migratórias
Gene de pessoas, que foi inserido em moscas-de-frutas, permitiu que ‘bússola interna’ de insetos funcionasse
O mecanismo biológico de insetos que funciona como uma bússola pode existir também em pessoas. Um estudo sobre essa capacidade mostrou que uma proteína das células humanas é similar à do sistema de navegação das moscas-das-frutas.
O trabalho, realizado por biólogos da Universidade de Massachusetts, produziu insetos transgênicos para avaliar a hipótese. O experimento envolveu a implantação de um gene humano nas moscas para averiguar o seu papel.
A ideia veio do laboratório de Steven Reppert, que há oito anos estuda a capacidade de orientação espacial de borboletas-monarcas, insetos capazes de migrar do leste dos EUA para o México todo ano sem errar o caminho.
O biólogo suspeitava que as proteínas responsáveis pela façanha eram os criptocromos. A função principal delas é no relógio biológico que marca a duração do dia. Quatro anos atrás, conseguiu provar que estava certo, fazendo um experimento com moscas, animais mais práticos de manusear em laboratório.
TROCA-TROCA
“O que fizemos agora foi substituir a proteína de moscas pela proteína humana e avaliar se ela teria a mesma capacidade de atuar como receptor magnético. E ela tem”, disse Reppert à Folha.
“Isso não significa que ela esteja exercendo esse mesmo papel em humanos, mas achamos que seria empolgante levantar a possibilidade de pessoas serem capazes de sentir campos magnéticos.”
Teorias sobre magnetopercepção humana tiveram algum prestígio no início da década de 1980, quando o biólogo britânico Robin Baker publicou o livro “Navegação Humana e o Sexto Sentido”.
A obra de título com apelo místico caiu no gosto dos adeptos da Nova Era, mas outros cientistas acabaram desistindo da ideia após tentarem replicar os experimentos de Baker sem sucesso.
Reppert cita o trabalho de Baker em seu último estudo na revista “Nature Communications”, mas lança uma hipótese um pouco diferente. Para ele, caso a magnetopercepção exista em humanos, sua função não seria a de mostrar os pontos cardeais.
“Chamar esse mecanismo de bússola talvez seja um pouco de exagero”, diz Reppert. “Uma bússola ajuda um animal a manter uma direção constante, como no caso das aves migratórias. O que estamos propondo é que o criptocromo teria mais a ver com o modo como humanos percebem o espaço.”
Segundo o cientista, relacionar a magnetopercepção com a visão humana foi uma ideia natural, pois os criptocromos atuam na regulação do relógio biológico humano com auxílio da luz.
“A capacidade de sentir campos magnéticos já foi comprovada em diversos animais. Não existe nenhuma razão para descartar de antemão que ela exista em humanos”, afirma Reppert.
O biólogo afirma que pretende continuar seus experimentos com moscas e borboletas, mas não planeja estudar humanos pessoalmente. “Se nossa abordagem estiver certa, porém, espero que nosso estudo estimule uma revisão dessa área de pesquisa.” Fonte: Rafael Garcia, Folha de São Paulo de 29.06.2011
2 – Internet das coisas ganha linguagem e site de aplicativos
Internet das Coisas
Até agora, a Internet tem sido uma arena reservada para as pessoas.
Mas agora mais e mais objetos físicos estão sendo conectados à Internet: lemos e-mails em nossos celulares, nossos medidores de eletricidade podem ser lidos automaticamente, monitores de pulso e tênis de corridas publicam informações sobre nossas atividades diárias diretamente nos nossos blogs.
Os eletrodomésticos e os sistemas das nossas casas inteligentes são os próximos da fila.
Um despertador não está mais limitado a tocar uma campainha – ele pode também ligar a máquina de café, acender as lâmpadas do quarto e ser programado pela Internet.
Objetos conectados à Net
O fato é que, cada vez mais, os objetos que as pessoas usam no seu dia a dia têm capacidade para serem conectados à Internet.
Mas o que é necessário para garantir que a Internet das Coisas opere da forma mais eficiente possível?
Há grandes desafios.
Um deles é encontrar soluções efetivas para que produtos diferentes trabalhem em conjunto ou, pelo menos, em harmonia.
Atualmente não existem ferramentas padronizadas ou plataformas de distribuição nesta área.
Para valer
É nisto que está trabalhando um grupo de pesquisadores noruegueses.
Em um projeto de pesquisa chamado Infraestrutura para Serviços Integrados (ISIS – Infrastructure for Integrated Services), eles criaram uma plataforma para desenvolvimento e distribuição de aplicativos pela Internet das Coisas.
A plataforma inclui uma ferramenta de programação para desenvolvedores, chamada Arctis e o site ISIS Store, para download de aplicativos, inspirada na Apple Store.
Já há vários aplicativos para download gratuito no site, mas os desenvolvedores acreditam que a plataforma inteira só irá decolar se os usuários começarem a concordar em pagar por eles – isto é essencial para que os desenvolvedores se interessem em “programar coisas”.
Programando coisas
Tudo começa com uma nova linguagem de programação, voltada para fazer programas para as coisas da Internet das Coisas.
A linguagem Arctis foi desenvolvida por pesquisadores da Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia.
“Objetos ‘inteligentes’ e aplicativos do dia a dia frequentemente precisam ser conectados a diferentes sensores e outros componentes e serviços de comunicação. Ao mesmo tempo, eles precisam responder rapidamente às mudanças e as ações dos usuários. Isto requer um controle muito bom da concorrência no sistema, o que pode ser difícil de conseguir com a programação normal,” explica Frank Alexander Kraemer, um dos desenvolvedores da linguagem Arctics.
O Dr. Kraemer acredita que a ferramenta irá tornar mais fácil o processo de criação de novas aplicações, de sua adaptação às aplicações existentes e da atualização de software quando necessário.
“A criação de um aplicativo simples com Arctis pode ser tão fácil como encaixar dois blocos de montar, mas aplicativos mais avançados também podem ser criados, dependendo do que você está precisando,” continua o pesquisador.
Conversa entre objetos
Para que esses aplicativos e os próprios ‘objetos inteligentes’ conversem entre si os pesquisadores criaram o ICE (ICE Composition Engine).
“É o sistema colaborativo ICE que irá reger a coisa toda e permitir que os objetos falem uns com os outros,” explica Martin Reidar Svendsen, outro membro do grupo.
O ICE pode tanto gerenciar a comunicação entre objetos em sua casa quanto manter o controle de todas as atualizações de software e hardware.
O sistema é instalado usando um modem, um decodificador ou um adaptador, fornecendo ao usuário um gateway local que garante que a Internet das Coisas continue a funcionar mesmo quando o usuário estiver offline.
Todo o projeto tem um direcionamento eminentemente prático: o protótipo está sendo bancado pela empresa de telecomunicações norueguesa Telenor, que pretende fazer com que a ideia decole imediatamente. Fonte: Redação do Site Inovação Tecnológica de 27.06.2011