1 – Diminui desmatamento na Caatinga
2 – Acredite, árvores têm impressão digital
1 – Diminui desmatamento na Caatinga
Bioma teve 1.921 km² de sua floresta desmatada no período de 2008-2009, segundo dados do Centro de Sensoriamento Remoto do Ibama.
O ritmo anual de desmamento diminuiu. Enquanto de 2002 a 2008 a média anual era de 0,28% de área desmatada, entre 2008 e 2009 a taxa anual foi de 0,23%. Os primeiros dados do monitoramento da Caatinga sobre as áreas desmatadas até 2008 foram divulgados em 2010. No primeiro levantamento, em 2002, foi registrado um índice de desmate de 43,7%.
Esse número subiu para 45,4% em 2008. Uma das principais causas do desmatamento na região é a extração ilegal da mata nativa que é convertida em lenha e carvão vegetal.
“É um dado melhor porque diminuiu o ritmo comparando com o período 2002-2008. Mas ainda é importante que a gente tenha iniciativas de sustentabilidade, como de manejo adequado da Caatinga, para não perder esse bioma que é único e absolutamente estratégico para a qualidade de vida do nosso País, em particular nos seus estados”, destacou a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira.
Os primeiros dados do monitoramento da Caatinga sobre as áreas desmatadas até 2008 foram divulgados no ano passado. No primeiro levantamento, em 2002, foi registrado um índice de desmate de 43,7%. Este número subiu para 45,4% em 2008. Com os novos dados, a Caatinga tem 45,6% de sua área desmatada. Uma das principais causas do desmatamento na região é a extração ilegal da mata nativa que é convertida em lenha e carvão vegetal.
Os estados que mais desmataram foram Bahia (638 km²), Ceará (440 km²) e Piauí (408 km²), e os municípios que registraram as maiores áreas com supressão de floresta foram Mucugê e Ruy Barbosa (BA) e Cabrobó (PE).
Único bioma exclusivamente brasileiro, a Caatinga tem uma área original de 826.411 km² e está presente em cerca de 11% do País nos estados da Bahia, Ceará, Piauí, Pernambuco, Paraíba, Maranhão, Alagoas, Sergipe, Rio Grande do Norte e Minas Gerais. A região sofre forte impacto das mudanças climáticas por apresentar muitas áreas suscetíveis à desertificação.
Uso Sustentável – No evento do Dia Mundial de Combate à Desertificação, a ministra Izabella e o vice-presidente da Caixa Econômica Federal, José Urbano, assinaram o referência do edital, no valor de R$ 6 milhões, que selecionará projetos que promovam o uso sustentável da Caatinga. O recuso é do Fundo Socioambiental da CEF.
A meta é fazer dois mil fogões eficientes, que usam menos lenha e não gera fumaça, para as famílias do árido e semiárido, 15 mil hectares de manejo florestal comunitário e familiar e implementar ações de eficiência energética em 290 empresas dos polos gesseiro e cerâmico. O edital para a seleção dos projetos será publicado na próxima semana.
Para a ministra Izabella, as ações na Caatinga ainda não são suficientes, mas são necessárias. Ela disse ainda que a população do semiárido tem de quebrar o mito de que não se pode fazer o uso sustentável da Caatinga. Já o vice presidente da Caixa ressaltou que o Fundo Socioambiental da Caixa busca contribuir para o que é fundamental para o País.
A iniciativa vai de encontro com a Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação (UNCCD) que considera o uso sustentável das florestas como uma das melhores formas de se evitar a desertificação e garantir uma vida digna à população nas regiões do semiárido e árido.
Lançamento – O livro Fundo Nacional do Meio Ambiente (FNMA) – 21 anos Fomentando a Vida, foi lançado na sexta-feira (17), em Brasília. A obra traz a trajetória do Fundo Nacional do Meio Ambiente, o mais antigo fundo socioambiental do Brasil.
(Ascom do MMA)
2 – Acredite, árvores têm impressão digital
Pesquisadores brasileiros criam método de identificar eletronicamente várias espécies vegetais.
Mogno ou andiroba? Cedro ou talvez curipixá? A dúvida na identificação das espécies comerciais madeireiras, analisadas apenas visualmente pelos peritos, resultou ao longo das décadas em milhares de toneladas de toras exportadas ilegalmente da Amazônia para diversas partes do mundo. O problema tem tudo para ser solucionado, quando a fiscalização ambiental levar a campo uma nova e poderosa arma contra o comércio clandestino: pistolas que lançam feixes de luz na madeira para a leitura eletrônica de seus componentes químicos, revelando a “impressão digital” e o nome certo daquela espécie vegetal.
Os aparelhos portáteis, que devem ser importados pelo governo federal ao custo de ? 21 mil cada, serão calibrados a partir de uma tecnologia inédita desenvolvida no Laboratório de Produtos Florestais, do Serviço Florestal Brasileiro (FSB), em Brasília.
“Pela primeira vez no mundo, a espectroscopia – técnica que mede a absorção de energia luminosa pelos materiais – é aplicada em madeira tropical”, afirma a pesquisadora Tereza Cristina Pastore. O método foi publicado neste ano pela equipe brasileira na revista científica da International Association of Wood Anatomists, com foco na identificação do mogno.
A espécie tem comercialização controlada no mundo, figurando no Anexo 2 da Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas da Fauna e Flora Silvestres (Cites). No Brasil, só pode ser explorado mediante plano de manejo florestal para a redução de impactos e toda atividade econômica envolvendo a espécie é obrigatoriamente acompanhada pelo Comitê Técnico Científico, do qual participam centros de pesquisa, governo e ONGs. Estima-se que antes das normas, utilizadas desde 2003, foram derrubadas na Amazônia 2 milhões de árvores dessa espécie em 30 anos.
“O problema é que o mogno pode escapar do controle porque é visualmente muito semelhante a outras espécies, como a andiroba”, explica Tereza, advertindo que “se vende muito gato por lebre no mercado internacional”. A dificuldade costuma exigir longo tempo de treinamento dos fiscais para o trabalho, mas, segundo a pesquisadora, não há segurança na identificação a olho nu até para os mais experientes. Para as pesquisas, foram obtidas amostras de madeiras nativas junto a empresas florestais e de mogno apreendido no porto de Paranaguá (PR). Os cientistas aplicaram a espectometria para desenvolver modelos com gráficos para diferenciar as espécies de madeiras. “Com a tecnologia da informação, a leitura das curvas é instantânea”, explica.
O método já é tradicionalmente utilizado pelas empresas de celulose para avaliar as características do eucalipto e do pinus, tarefa essencial para o planejamento da produção industrial. As aplicações se estendem à indústria farmacêutica para a quantificação de substâncias nos medicamentos, e até mesmo na separação dos diferentes cafés para o blend das torrefadoras.
“Como desdobramento da pesquisa, propomos a tecnologia para diferenciar o carvão oriundo de floresta nativa e plantada, importante no controle do uso pelas siderúrgicas”, revela Tereza. “Precisamos expandir o acervo de amostras de madeira para calibrar o modelo, dando suporte à fiscalização, principalmente no momento atual, quando a Europa e os Estados Unidos fecham o cerco comercial contra o produto florestal ilegal e predatório”, completa a pesquisadora.
“O Brasil avançou nas ferramentas para o controle da madeira, passando do papel em várias vias para o sistema eletrônico”, avalia Antônio Carlos Hummel, presidente do SFB. Apesar dos ganhos, brechas para fraudes persistem. De acordo com o último relatório do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), 33% da produção madeireira amazônica tiveram origem ilegal em 2009.
“O desafio agora é conceber um sistema eficiente para se rastrear a madeira da floresta até o consumo”, afirma Hummel. A grande dificuldade, segundo ele, é o desdobramento da madeira em diferentes produtos nas serrarias e fábricas ao longo desse caminho. As áreas de floresta pública sob concessão para exploração por empresas deverão ser palco dos primeiros projetos pilotos em busca de uma solução.
A instalação de chips para o acompanhamento por satélite dos caminhões é uma alternativa em estudos para o maior controle contra fraudes. O objetivo é forçar que as toras sejam exploradas apenas em áreas licenciadas e não em unidades de conservação ou terras indígenas, alvo de madeireiros ilegais. No Acre, o governo estadual tem o projeto de criar, em conjunto com ONGs, uma espécie de “cerca digital”, para o controle do transporte de madeira dentro de um corredor de rodovias até a entrega ao comprador autorizado a receber a carga, nas grandes capitais do Centro-Sul.
Também começam a surgir plataformas on line, como a desenvolvida por pesquisadores do SFB com informações sobre 157 espécies madeireiras, das quais 57 estão entre as mais comercializadas. O sistema reúne 60 diferentes parâmetros de cada espécie, da nomenclatura à textura, cor, peso, cheiro, distribuição geográfica e status de conservação – ou seja, se estão em listas brasileiras ou estrangeiras da flora ameaçada de extinção.
É possível pedir a comparação de várias características na mesma tela, inclusive com fotos da estrutura da madeira ampliada dez vezes. O sistema é utilizado em cursos de identificação de madeira para agentes do Ibama, técnicos de secretarias de meio ambiente, peritos da Polícia Federal e policiais ambientais, com objetivo de evitar a chegada de produto não autorizado ao mercado.
Em São Paulo, principal destino da madeira amazônica, agentes da Polícia Ambiental realizam periodicamente operações nas estradas para conferir se o volume e as espécies de madeira estão de acordo com o documento para o transporte. Diante da dificuldade para a identificação da madeira pelos policiais, a equipe da pesquisadora Sandra Florsheim, do Instituto Florestal, chegou a uma solução: um sistema portátil, com notebook plugado a um microspópio, que capta as nuances da madeira sob vários ângulos. As imagens são enviadas pela internet para análise nos laboratórios do instituto que, em poucos minutos, encaminha on line o laudo técnico para os policiais.
O modelo despertou a atenção de outros estados, como Pará, Mato Grosso e Acre, para o treinamento dos agentes na fiscalização digital. Na última operação realizada em território paulista, nos dias 5 e 6 de junho, a tecnologia contribuiu para a aplicação de 50 multas, totalizando R$ 2,2 milhões.
(Valor Econômico)