1 – País alcançará meta de redução do desmatamento muito antes de 2020, diz presidente
2 – Mudança climática pode provocar 1 milhão de mortes a partir de 2030
3 – Químicos transformam leite e argila em plástico
4 – Ásia já responde por um terço dos erros graves na ciência
1 – País alcançará meta de redução do desmatamento muito antes de 2020, diz presidente
Para ele, a redução de 14% no desmatamento da Amazônia registrada este ano – a menor taxa em 22 anos – abre caminho para que a meta estabelecida em Copanhague no ano passado seja alcançada
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta segunda-feira (6) que o Brasil vai alcançar “muito antes de 2020” a meta de redução do desmatamento da Amazônia em 80%. “Muita gente achava que era impossível”, disse ele, em seu programa semanal “Café com o Presidente”.
Para Lula, a redução de 14% no desmatamento da Amazônia registrada este ano – a menor taxa em 22 anos – abre caminho para que a meta estabelecida em Copanhague no ano passado seja alcançada.
“Há uma lição para todos. O governo aprendeu que não basta proibir, não basta a Polícia Federal prender, não basta multar, é preciso conversar e dialogar”, afirmou. Para o presidente, é importante que o governo federal envolva prefeitos e governadores e coloque à disposição ajuda para que os estados possam se desenvolver sem precisar do desmatamento.
“A gente percebe que todo mundo participa e que os resultados são mais extraordinários do que apenas proibir ou perseguir”, disse. “E, se houver desmatamento, que seja uma coisa feita de forma bem cuidada, com o manejo correto da floresta”, completou. (Agência Brasil, 6/12)
2 – Mudança climática pode provocar 1 milhão de mortes a partir de 2030
Estudo diz que os prejuízos vão atingir US$ 157 bilhões anuais. Em menos 20 anos, quase todos os países perceberão o impacto do clima
A partir de 2030, a mudança climática causará indiretamente cerca de um milhão de mortes por ano, trazendo, também, prejuízos anuais de US$ 157 bilhões, segundo informe divulgado em Cancún, México.
A miséria se concentrará em mais de 50 dos países mais pobres do planeta, mas os Estados Unidos vão pagar o maior preço econômico, diz o estudo.
“Em menos de 20 anos, quase todos os países do mundo perceberão sua alta vulnerabilidade ante o impacto do clima, à medida que o planeta se aqueça”, advertiu o relatório apresentado na conferência da ONU sobre o clima celebrada em Cancún, leste do México.
O estudo, compilado por uma organização humanitária de países vulneráveis a mudanças climáticas, avaliou a forma como 184 nações serão afetadas em quatro áreas: saúde, desastres climáticos, perda do hábitat humano devido à desertificação e à elevação do nível do mar, além do estresse econômico.
Os que enfrentam “aguda” exposição são 54 países pobres ou muito pobres, incluindo a Índia. São os que sofrerão desproporcionadamente em relação a outros, porque são os últimos culpados pela emissão de gases de efeito estufa que provocam as mudanças, diz o informe.
“Se não houver ações corretivas”, diz uma nota à imprensa, que acompanha o estudo, o mundo “se dirigirá a uma triste situação”.
Mais da metade dos US$ 157 bilhões em perdas – em termos da economia atual – terá lugar nas potências industrializadas, encabeçadas por EUA, Japão e Alemanha. Mas em termos de custo para o PBI, a proporção será muito menor nestas nações.
O documento foi divulgado por DARA, uma ONG com sede em Madri, e o fórum climático vulnerável, uma coalizão de ilhas-nação e outros países mais expostos à mudança climática.
As delegações de mais de 190 nações estão reunidas em Cancún desde 29 de novembro e até 10 de dezembro com o objetivo de reavivar a negociação internacional sobre a luta contra a mudança climática. (France Presse) (G1, 6/12)
3 – Químicos transformam leite e argila em plástico
Substância obtida é forte e mais biodegradável que o plástico de amido
Uma possível solução para o problema do plástico descartado pode estar mais perto do que se imagina. Mais precisamente, na cozinha e no quintal. É o plástico biodegradável feito a partir do leite e da argila.
Cientistas da Tailândia e dos EUA conseguiram desenvolver um novo material plástico com base numa proteína do leite e na argila comum, dessas de moldar.
As matérias-primas do novo invento são a caseína, uma proteína presente em abundância em leite e queijo de vaca, já usada para fabricação de adesivos, e um mineral argiloso.
A novidade está na revista científica “Biomacromolecules”, da Sociedade Química Americana, uma das publicações químicas mais importantes da atualidade.
Trabalhando em escala nanométrica (equivalente a um bilionésimo de metro), os cientistas introduziram, por meio de uma reação química, a caseína no aerogel preparado a partir da argila. Esse aerogel é um material sólido e extremamente leve.
Nesse processo, os químicos conseguiram reforçar tanto a caseína, que facilmente se dissolve na água, quanto o frágil aerogel.
Os resultados foram positivos: a substância obtida é forte o suficiente para uso comercial e é biodegradável- quase 1/3 do material foi degradado em 30 dias.
Se aceito na indústria, o aerogel de argila com proteína de leite pode substituir, sem prejuízos, o poliestireno- material derivado do petróleo, muito usado no Brasil para produção do poluente isopor.
E também pode tomar lugar do poliuretano rígido, que é matéria-prima para a fabricação de, por exemplo, cadeiras e mesas de plástico.
Mas a ideia dos cientistas é que o novo produto seja usado principalmente em embalagens de produtos e também como isolante térmico.
Outra novidade positiva é o salto qualitativo do plástico feito com base em aerogel, em comparação com outros plásticos “verdes” já testados, com base por exemplo em amido ou trigo.
“O aerogel tem grande índice de biodegradação”, escreveram os cientistas, liderados por David Schiraldi, da Universidade Case Western Reserve, em Ohio (EUA).
“E essas taxas aumentaram com a mudança na estrutura das caseínas.” (Sabine Righetti) (Folha de SP, 5/12)
4 – Ásia já responde por um terço dos erros graves na ciência
Estudo mostra padrões de fraude em artigo científico; Brasil é 20º do ranking mundial
Talvez seja um tanto maldoso colocar a coisa nestes termos, mas há sinais de que o fenômeno Xing Ling também invadiu o mundo das publicações científicas.
Isso porque, de acordo com um novo levantamento, cerca de um terço dos artigos científicos que passaram por retratações -ou seja, foram “despublicados” por erros graves ou mesmo fraudes- vieram da Ásia, com destaque para países como China, Coreia do Sul e Índia.
A pesquisa, publicada no periódico “Journal of Medical Ethics”, é um levantamento do neurofisiólogo americano Grant Steen, da empresa Medical Communications Consultants.
Ele vasculhou uma das principais bases de dados de artigos científicos na internet, o PubMed, que abriga publicações na área biomédica, em busca de todas as pesquisas “retratadas” entre 2000 e 2010 -um total de 788 estudos, escritos em inglês, mas oriundos de todas as partes do mundo.
As principais noções do Extremo Oriente, somadas, chegam perto de empatar com os EUA em termos de artigos “despublicados”: 237 contra 260. (Em números absolutos, porém, os EUA têm cerca de cinco vezes mais estudos no PubMed.)
“Não examinei diretamente essa questão de taxa de publicação versus taxa de retratação, mas creio que há uma correlação, embora ela possa ser bastante fraca”, disse Steen à Folha. Segundo ele, o Brasil se sai relativamente bem no ranking, com só cinco artigos “retratados” no período -nenhum por fraude.
A pesquisa mostrou outros padrões interessantes envolvendo fraudes científicas. Estudos fraudulentos miram, em geral, revistas científicas de alto impacto em seu meio, o que acaba sendo natural: riscos altos, retornos idem.
E as distorções não costumam ser isoladas. Quem adultera um estudo em geral faz isso com vários. (Reinaldo José Lopes) (Folha de SP, 5/12)