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Informativo 354 – Genoma do mosquito doméstico tropical; pinguins e corais

1 – Cientistas sequenciam o genoma do mosquito doméstico tropical

2 – Avô de todos os pinguins era gigante e não usava smoking

3 – Morte de corais é ameaça ao planeta

 

1 – Cientistas sequenciam o genoma do mosquito doméstico tropical

Estudos sobre inseto foram publicados na revista ‘Science’. ‘Culex pipiens quinquefasciatus’ é o mosquito mais disperso no mundo
Cientistas anunciaram nesta quinta-feira (30) o sequenciamento do DNA da espécie mais comum de mosquitos do mundo, cuja picada tem o potencial de transmitir vírus mortais e o parasita causador de sérias doenças.
O inseto, cujo nome em latim é Culex pipiens quinquefasciatus, mais conhecido como mosquito doméstico tropical, é o terceiro na tríade de mosquitos causadores de doenças que tiveram seu genoma sequenciado, destacaram dois estudos publicados na revista científica Science.
“O Culex pipiens quinquefasciatus é o mosquito mais disperso no mundo, e em termos de transmissão de doenças para humanos, é uma das três espécies mais importantes”, explicou o professor Stephen Higgs, do Departamento Médico da Universidade do Texas, em Galveston (UTMB), um dos autores da pesquisa.
“Este trabalho nos dá uma plataforma fantástica para melhorarmos nossa compreensão sobre a dinâmica da infecção, o que precisa ser feito se quisermos encontrar formas de interromper a transmissão das doenças”, acrescentou.
Cientistas de quase 40 instituições dos Estados Unidos e da Europa trabalharam no sequenciamento do genoma do mosquito doméstico tropical, que pode hospedar os vírus do oeste do Nilo e da encefalite de Saint Louis, bem como o parasita causador da elefantíase, uma doença que afeta o sistema linfático.
As outras duas espécies na tríade de grandes mosquitos causadores de doenças são o Anopheles gambiae, transmissor da malária, e o Aedes aegypti, que transmite a febre amarela e a dengue. Seus genomas foram sequenciados, respectivamente, em 2002 e 2007.
Em um dos artigos publicados esta quinta-feira, cientistas disseram ter identificado os 18.883 genes do mosquito Culex quinquefasciatus.
Cada gene do mosquito é capaz de produzir uma das proteínas que o formam e determinam seu comportamento, inclusive como seu sistema imunológico responde à infecção por vírus, bactérias e parasitas.
“É realmente excitante para nós porque finalmente podemos realizar experimentos que gostaríamos de ter feito há anos”, disse a professora assistente da UTMB, Dana Vanlandingham, co-autora do artigo da revista Science.
“A questão básica é por que algumas espécies de mosquito transmitem um vírus em particular e outras espécies não? Por que eles não hospedam todos os vírus? Não sabemos, mas agora nós temos três diferentes sistemas para estudos comparativos que permitam investigar as interações entre vírus e mosquitos”, acrescentou.
O mosquito doméstico tropical é o principal vetor do vírus do oeste do Nilo, que normalmente causa sintomas moderados similares aos da gripe, e que em alguns casos pode provocar uma forma de encefalite – tipo de inflamação no cérebro -, ou meningite.
O vírus do oeste do Nilo foi detectado pela primeira vez na América do Norte em 1999. Desde então, tem havido cerca de um milhão de infecções humanas com o vírus, quase todas causadas pela picada do mosquito, disse Higgs.
O vírus da encefalite de St. Louis pode causar doenças neuroinvasivas severas, inclusive a encefalite, porém causam mais frequentemente sintomas como febre, náuseas, dores de cabeça, vômitos e cansaço.
A elefantíase, enquanto isso, é uma doença linfática causada por um parasita microscópico, hospedado pelos mosquitos.
Pessoas acometidas pela doença, causa principal de incapacidade em todo o mundo, podem sofrer inchaço severo nos membros e, no caso dos homens, no saco escrotal. (France Presse) (G1, 1/10)

 

2 – Avô de todos os pinguins era gigante e não usava smoking

Ave media quase 1,6 metro e era colorida. Fóssil foi descoberto no Peru
O ancestral dos pinguins era um gigante para os padrões atuais dessas aves. Media quase 1,6 metro, o dobro da altura dos pinguins-imperadores, hoje os maiores representantes desse grupo. O superpinguim não só era bem maior como exibia uma plumagem diferente do atual smoking, ou uniforme de garçom preto e branco. Ele era marrom avermelhado e cinza.
O pinguim gigante também não habitava a gelada Antártica, mas o território do que hoje é o Peru. A espécie viveu há cerca de 36 milhões de anos, no período da geológico conhecido como eoceno.
O fóssil do pinguim gigante deu aos cientistas as primeiras pistas sobre a evolução das penas desse tipo de ave, capaz de suportar temperaturas congelantes e nadar com uma destreza em que parece estar voando. O animal foi batizado Inkayacu paracasensis, ou rei da água.
– Antes da descoberta desse fóssil, não tínhamos qualquer evidência sobre as penas, as cores e o formato das nadadeiras dos antigos pinguins. Tínhamos várias questões e essa é nossa primeira chance de respondê-las – comenta Julia Clarke, paleontóloga da Universidade do Texas e principal autora do artigo sobre a descoberta publicado na edição desta semana da revista americana “Science”.
O fóssil, encontrado pelo estudante peruano Ali Altamirano na Reserva Nacional de Paracas, no Peru, mostra que o formato das nadadeiras e penas que fazem dos pinguins tão bons nadadores evoluíram muito cedo nesse grupo de aves. Já as cores hoje características deles só teriam surgido muito mais recentemente.
Como os pinguins atuais e diferentemente das outras aves, as penas do Inkayacu tinham um formato radicalmente alterado e eram densamente agrupadas umas sobre as outras, dando forma a rígidas e finas nadadeiras, além de conferirem ao animal um contorno mais eficiente para se deslocar na água.
Já com relação às cores dos pinguins, os cientistas acreditam que elas mudaram em razão de alterações nos chamados melanossomos, nanoestruturas responsáveis pela produção de melanina, que nas aves também ajudam a determinar o tamanho e a resistência das penas.
– A análise das cores de animais extintos pode revelar pistas sobre a sua ecologia e o seu comportamento – diz Jakob Vinther, da Universidade de Yale e coautor do estudo. – Além disso, é simplesmente muito legal ter uma visão da cor de um animal extinto tão interessante quanto um pinguim gigante. (O Globo, 1/10)

 

3 – Morte de corais é ameaça ao planeta

Causa é aquecimento da água marinha
O calor extremo deste ano está colocando os recifes de coral sob um estresse tão severo que os cientistas temem um declínio generalizado, ameaçando não só os ecossistemas mais ricos do oceano como também estoques pesqueiros que alimentam milhões de pessoas.
Da Tailândia ao Texas, os corais reagem ao calor perdendo a cor e entrando em modo de sobrevivência. 
Muitos já morreram, e muitos outros devem ter esse destino nos próximos meses. Previsões informatizadas sugerem que os corais do Caribe podem passar por um drástico branqueamento nas próximas semanas.
O que está acontecendo neste ano é apenas o segundo branqueamento global de corais de que se tem notícia. Mas os cientistas ainda torcem para que não seja tão ruim, no geral, quanto em 1998, ano mais quente já registrado, quando se estima que 16% dos recifes de águas rasas do mundo tenham morrido. 
Os cientistas dizem que o problema com os corais está associado à mudança climática. Há anos, alertam que os corais, sensíveis ao calor, serviriam como indicadores precoces dos danos gerados pelo acúmulo de gases do efeito estufa. Nos primeiros oito meses de 2010, a temperatura média do planeta foi equivalente à do mesmo período em 1998.
“Estou significativamente deprimido com toda esta situação”, disse Clive Wilkinson, diretor da Rede Global de Monitoramento dos Recifes de Coral, na Austrália.
Os recifes são compostos por milhões de pequenos animais, chamados pólipos. Os pólipos fornecem nutrientes e habitat para algas, que por sua vez capturam a luz solar e o dióxido de carbono para produzir os açúcares que alimentam os pólipos de coral.
As algas conferem aos recifes as suas cores brilhantes; muitos peixes que vivem nesses ambientes também exibem tons e desenhos fantásticos. Os recifes ocupam uma ínfima fração dos oceanos, mas abrigam talvez um quarto de todas as espécies marinhas.
Os recifes são importantes para os bilionários setores da pesca e do turismo. Em algumas nações insulares e em partes de Indonésia e Filipinas, as pessoas dependem dos peixes dos recifes para sua alimentação.
Quando os corais morrem, os peixes não são imediatamente condenados, mas, se o coral não se recupera, o recife pode acabar desmoronando, dizem os cientistas, deixando a pesca bem menos produtiva. Pesquisas indicam que isso já está ocorrendo em parte do Caribe.
Cientistas que acompanham os corais dizem que já notaram um branqueamento generalizado no Sudeste Asiático e no oeste do Pacífico, especialmente na Tailândia, em parte da Indonésia e em algumas nações insulares menores.
As temperaturas diminuíram no oeste do Pacífico, e a crise passou por lá. Na Tailândia, “há sinais de recuperação em alguns lugares”, segundo o biólogo James True, da Universidade Príncipe de Songkla.
O clima varia de lugar para lugar. Tempestades tropicais e furacões avançando pelo Atlântico resfriaram a água no norte do Caribe e podem ter poupado alguns corais. Mais ao sul, porém, as temperaturas ainda estão notavelmente altas, colocando muitos recifes em risco.
Na costa da Austrália a temperatura da água também está acima do normal, e alguns cientistas temem pelo recife mais impressionante da Terra. “Se tivermos uma temporada de monções ruim”, afirmou Wilkinson, “acho que estamos fadados a um sério branqueamento na Grande Barreira de Corais”. (The New York Times) (Folha de SP, 4/10)