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Informativo 305 – Crocodilo de 90 milhões de anos; Pampa ameaçado; Urso gigante na Argentina; Planta contra verme e Novas espécies de insetos no Amazonas

1 – Grupo acha crocodilo de 90 milhões de anos

2 – Bioma ameaçado: desmatamento do Pampa chega a 54%

3 – Urso gigante habitava Argentina, revela fóssil

4 – Pré-histórico usava planta contra verme

5 – Cientistas descobrem novas espécies de insetos no Amazonas

 

1 – Grupo acha crocodilo de 90 milhões de anos

Fóssil foi encontrado junto com ovos em MG
Não é o Parque dos Dinossauros, mas sim um Parque dos Crocodilos Pré-Históricos no interior de Minas Gerais: três ninhos com ovos, dois esqueletos parciais e cinco crânios, um deles representando uma provável nova espécie de superpredador de 90 milhões de anos.
O “novo” bicho (mais do que uma espécie, possivelmente um novo gênero), que pode ter medido de três a seis metros de comprimento, foi achado no Triângulo Mineiro por cientistas da USP.
“Era um carnívoro, um predador de topo de cadeia”, diz Felipe Montefeltro, doutorando da USP que apresentou os fósseis durante o Simpósio Brasileiro de Paleontologia de Vertebrados, na Unirio (Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro).
Durante a Era dos Dinossauros, o interior mineiro e paulista possuía uma grande diversidade de crocodilos. Diferentemente de seus primos modernos, eram bichos terrestres, cujas patas ficavam relativamente eretas e que, em terra firme, podiam se deslocar com rapidez.
O crânio, embora parcial, está em ótimo estado de conservação, preservando detalhes como o céu da boca, raramente encontrados em outros crocodilos extintos. O nome científico do animal ainda não foi revelado. (Reinaldo José Lopes) (Folha de SP, 22/7)

 

2 – Bioma ameaçado: desmatamento do Pampa chega a 54%

Mais da metade do pampa gaúcho desapareceu, aponta Ministério do Meio Ambiente
Segundo pesquisa inédita do Ministério do Meio Ambiente, até 2008 o desmatamento já havia consumido 54% do bioma. Se for levado em conta apenas a vegetação nativa, os números são ainda mais assustadores. Apenas 36% do pampa se manteve e os 10% restantes são de corpos d’água.
O levantamento do ministério registra uma devastação, de 2002 a 2008, de 2.183 quilômetros quadrados. O município de Alegrete desponta como campeão de áreas desmatadas, com 176 quilômetros quadrados no período de seis anos. Em seguida, surgem Dom Pedrito, com 120 quilômetros quadrados, e Encruzilhada do Sul, com 87 quilômetros quadrados.
De acordo com a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, as causas da devastação do bioma ainda estão sendo investigadas. Ela sugere, porém, que a produção de soja, celulose e a pecuária estão são os principais agentes do desmatamento.
– No passado, a causa estava relacionada à questão pecuária. Mais recentemente, surgiu uma discussão sobre reflorestamento por conta das papeleiras e um pico de entrada de soja. Mas agora vamos avaliar – disse Izabella.
Mesmo com o avanço do desmatamento, o pampa não está entre as maiores preocupações do ministério. O bioma tem a menor taxa anual de área suprimida entre os cinco pesquisados. Enquanto na região gaúcha o índice é de 0,20%, o do cerrado alcança 0,69% de devastação anual.
O Pantanal, a Amazônia e a Caatinga também estão sendo reduzidos mais rapidamente. A Polícia Federal planejou 861 operações de combate ao desmatamento em 2010. O maior número, 226, é destinado à Amazônia e apenas uma foi direcionada para o pampa. (Rodrigo Orengo) (Zero Hora, 23/7)
Nota da redação: Os dados sobre desmatamento no Pampa podem ser acessados pelo seguinte endereço:
http://www.mma.gov.br/estruturas/182/_arquivos/monitoramentopampa_182.pdf

 

3 – Urso gigante habitava Argentina, revela fóssil

Animal tinha 1,5 tonelada e chegava a mais de três metros de altura em pé
Há 700 mil anos, um urso que pode ter passado de 1,5 tonelada atacava os herbívoros de La Plata, na Argentina, com a mesma voracidade que os humanos gaúchos hoje dedicam ao churrasco.
Trata-se, de longe, do maior urso que já viveu, e do maior carnívoro do planeta durante o Pleistoceno (a Era do Gelo), afirma um dos responsáveis por descrever o fóssil, Leopoldo Soibelzon, do Museu de La Plata.
“É outra ordem de magnitude [perto dos demais ursos]”, diz Soibelzon. Há registros de ursos-polares com até uma tonelada no começo do século 20. Hoje, eles e os ursos-pardos, os dois maiores bichos do tipo, não passam de 700 kg.
Ele apresentou os dados no 7º Simpósio Brasileiro de Paleontologia de Vertebrados, organizado pela Unirio (Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro). Os fósseis -dois “braços”, ambos com ossos articulados- amargaram décadas de gaveta antes de ser analisados.
“Foram achados durante a construção de um hospital em La Plata, 40 anos atrás. Quando você os vê pela primeira vez, fica achando que são de um mastodonte, de tão grandes”, diz Soibelzon.
“Sempre quis trazer a público, mas a vida vai levando, o momento nunca chega.”
A oportunidade veio quando o argentino e uma aluna iniciaram um estudo da massa (o popular peso) dos ossos fósseis. Visitando museus, e com ajuda de um colega americano, Blaine Schubert, da Universidade Estadual do Leste do Tennessee, Soibelzon se deu conta de que nenhum outro urso chegava perto do monstrão.
Trata-se, aliás, de um gigante entre gigantes: sua espécie, Arctotherium angustidens, já era conhecida pelo tamanho, mas nunca se imaginou que um indivíduo pudesse ficar tão grande.
A explicação para o porte desmesurado do bicho provavelmente tem a ver com o fato de que os ursos são invasores recentes na América do Sul, vindos do norte depois que a América Central se formou e uniu os dois subcontinentes americanos.
“Logo aparece em cena um urso gigantesco num continente, naquela época, quase vazio de carnívoros”, explica Soibelzon. “Tinham um mundo, um supermercado de carne para comer.”
Quando outros carnívoros, como os felinos, foram se estabelecendo na América do Sul, os ursos evoluíram para se tornar menores e mais herbívoros. A única espécie ainda viva na região é o urso-andino (Tremarctos ornatus), com apenas 150 kg.
Um estudo sobre o exemplar gigante do Arctotherium angustidens sairá na revista “Journal of Paleontology”.
Clima matou grandes animais, diz estudo
Um mistério ainda faz os paleontólogos coçarem a cabeça: por que a chamada megafauna, bichos gigantes como o superurso argentino, sumiram no fim da Era do Gelo? Uma análise preliminar põe a culpa no clima.
A equipe de Gisele Winck, da Uerj (Universidade Estadual do Rio de Janeiro), não estudou diretamente os carnívoros, mas sim os grandes herbívoros da época, como mastodontes, preguiças-gigantes e parentes enormes dos atuais tatus, que podiam ter o tamanho de um Fusca.
Eles cruzaram dados sobre a distribuição geográfica das espécies com simulações de computador que ajudam a prever o clima e o tipo de vegetação América do Sul afora durante o auge da Era do Gelo, há uns 15 mil anos. Depois, as mesmas simulações indicaram como ficou a vegetação quando o frio passou.
O veredicto: os bichões herbívoros tinham preferência por ambientes sem floresta e secos. Seu habitat teria encolhido quando a umidade e a floresta cresceram, até que sumiram, levando junto carnívoros que os comiam.
Um dado, porém, pode complicar essa explicação. Há indícios de que, na Amazônia, a megafauna vivia em ambientes de mata fechada.
Leonardo Avilla, paleontólogo da Unirio, aponta que ainda há relativamente poucos dados amazônicos sobre a questão. “E as datas de lá giram em torno de 45 mil anos, ou seja, são mais recentes que as que interessam. Precisamos de mais dados e de refinar as análises.” (Reinaldo José Lopes) (Folha de SP, 23/7)

 

4 – Pré-histórico usava planta contra verme

Estudo da Fundação Oswaldo Cruz avaliou fezes fossilizadas encontradas no Piauí e no Arizona (EUA)
O ser humano usava plantas medicinais para combater verminoses há 8,5 mil, indica uma pesquisa do Departamento de Paleoparasitologia da Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz. O estudo encontrou vestígios de plantas que têm efeito anti-helmíntico em coprólitos  fezes fossilizadas.
A pesquisadora Isabel Teixeira-Santos chegou à conclusão ao analisar amostras encontradas no Piauí e no Arizona (EUA). “A gente tenta traçar o perfil paleoepidemiológico de grupos humanos pré-históricos. O ambiente era muito diferente. Tentamos entender que meios tinham para combater doenças. Isso é importante para entender a evolução humana”, afirma a bióloga, que analisou o tema em sua tese de mestrado.
As amostras eram de períodos diferentes. As do Arizona têm até 4 mil anos; as do Parque Nacional da Serra da Capivara, no Piauí, 8,5 mil.
Ela encontrou pólen e grânulo de amido de plantas da família das quenopodiáceas e das malváceas, que têm a propriedade de combater verminoses. “Esses grânulos são encontrados na raiz das plantas. O pólen está nas flores. Isso demonstra que eles comiam as partes da planta que fazem efeito”, explica a bióloga.
“Não posso dizer que faziam isso de forma intencional, porque não há registros. Mas é provável que sim. Eles sentiam os sintomas e procuravam algum tipo de tratamento”, afirma.
Nas amostras do Piauí também foram encontradas vestígios de polipodiáceas, família a que pertencem as samambaias. “Eles comiam as folhas. Alguns autores descrevem que essa folha provoca vômito e auxilia na remoção de helmintos (vermes)”, diz Isabel.
A pesquisadora também conseguiu identificar a alimentação desses povos. No Arizona, a dieta era predominantemente milho e yuka, uma espécie de inhame. “Eram grupos que já tinham agricultura”, afirma. No Piauí, havia até pinhão na base alimentação. (O Estado de SP, 23/7)

 

5 – Cientistas descobrem novas espécies de insetos no Amazonas

Um grupo de cientistas identificou mais de 50 espécies novas de insetos no Amazonas
A coleta dessas espécies ocorreu durante trabalho de campo do projeto “Amazonas: diversidade de insetos ao longo de suas fronteiras”, realizado durante 21 dias em junho, nos rios Padauari, Aracá e Demini, localizados à margem esquerda do rio Negro.
O projeto tem o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), por meio do Programa de Apoio a Núcleos de Excelência (Pronex), com recursos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
“Esse projeto vai permitir ampliar o conhecimento científico sobre a diversidade dos insetos da Amazônia”, destacou o coordenador da pesquisa, José Albertino Rafael.
Entre as descobertas preliminares, destacam-se, pelo menos, oito espécies novas de carapanãs (pernilongos), 15 de cigarrinhas, 4 de percevejos, 10 de esperanças (inseto verde de maior diversidade da Amazônia), 6 novos tipos de louva-deus, 15 novos tipos de moscas e mais seis novas espécies de besouros serradores. A expectativa é de que esses números sejam incrementados à medida que o material coletado for analisado e identificado.
Segundo Rafael, praticamente todos os pesquisadores que participaram da excursão já confirmaram a descoberta de espécies novas. “Somente depois de descritas e nomeadas é que poderemos dizer quais são essas novas espécies. Antes de serem publicadas elas não existem (é como uma pessoa sem registro em cartório; oficialmente não existe)”, explicou, destacando que outras espécies, provavelmente novas, ainda precisam ser confirmadas com estudos em laboratórios.
Resultados
Os resultados da excursão científica indicam que quanto mais são exploradas as áreas limítrofes do Estado do Amazonas, áreas ainda remotas, mais os cientistas vão descobrindo espécies desconhecidas pelo ser humano. “Isso representa um grande avanço no conhecimento dos organismos com os quais convivemos na natureza”, avaliou Rafael.
Ao todo, foram coletados cerca de 100 mil exemplares e encontradas espécies raras, conhecidas em pouquíssimos exemplares. “O material está sendo triado e contabilizado em laboratório”, frisou.
O pesquisador explicou que assim que as espécies são descobertas, descritas e nomeadas elas passam a ser conhecidas e a partir daí podem ser estudadas sob diferentes aspectos, desde seu papel na natureza, sua importância, sua biologia, suas características genéticas, seu potencial como praga ou como espécie benéfica, e outros.
“Essas descobertas representam um respeito para com os organismos, com a natureza, porque saberemos que eles existem naquelas áreas e teremos a obrigação de preservá-los. Ainda não sabemos da sua importância e por isso temos que mantê-los em seu habitat natural para podermos estudá-los com maior profundidade, nem que seja daqui a 100 anos”, afirmou.
Na região amazônica, a maior coleção de insetos pertence ao Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), que nos últimos anos, fez um grande investimento em qualidade de infraestrutura, tornando-se uma das instituições cujo acervo mais cresce no Brasil atualmente. (Com informações da Agência Fapeam)