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Informativo 200 – Águas, clima e jurássico

1 – Minas Gerais sediará centro internacional de pesquisa em águas

2 – Governo holandês aponta novo erro de painel do clima

3 – Todas as cores de um ser jurássico

 

1 – Minas Gerais sediará centro internacional de pesquisa em águas

 

Brasil será sede do Centro Internacional de Educação, Capacitação e Pesquisa Aplicada em Águas (Hidroex)

Criado a partir de uma parceria entre o governo de Minas Gerais, o governo Federal e a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), a instituição será um centro de estudos e referência para conservação do patrimônio hidrológico da América Latina.

A previsão é de que até o final do ano seja concluída a instalação física do instituto, em Frutal, no triângulo mineiro. Nesta semana, no Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), em Brasília, o ministro Sergio Rezende; o deputado federal Nárcio Rodrigues (PSDB/MG), idealizador do projeto, e o diretor do Centro Internacional de Ecohidrologia Costeira, Luís Chícharo, se reuniram para discutir a implantação do centro. Participaram também os representantes do Instituto Unesco de Educação para as Águas de Delft, Holanda: reitor András Szologgy Naggi; além dos professores Michael McClain, Richard Meganck e Frank Jaspers.

O MCT investirá R$ 60 milhões no Hidroex, que terá como linha de pesquisa a sustentabilidade e o uso racional dos recursos hídricos. Nos próximos dias, a equipe do centro e o deputado Nárcio Rodrigues seguem viagem para a Escócia e Holanda. Nos dois países, serão firmadas parcerias com institutos hídricos para ação conjunta entre Brasil, demais países da América Latina e nações de língua portuguesa da África. (Assessoria de Comunicação do MCT)

 

2 – Governo holandês aponta novo erro de painel do clima

 

Cientistas pedem renúncia de líder do IPCC, Rajendra Pachauri, que tem apoio da Índia para ficar no cargo

O IPCC, o painel do clima das Nações Unidas, sofreu mais um golpe na sexta-feira (5/2). O governo da Holanda apontou mais um erro no relatório do painel sobre os impactos do aquecimento global, dizendo que um dado que forneceu ao grupo foi mal interpretado. O IPCC afirmou que está verificando o assunto.

No relatório, o painel do clima afirma que 55% do território holandês já está abaixo do nível do mar. “Deveria estar escrito que 55% da Holanda está sob risco de inundação”, afirmou em comunicado a Agência Holandesa de Avaliação Ambiental: 26% do país está abaixo do nível do mar e 29% está sob risco de alagamento por rios.

Seria apenas uma trivialidade -a própria agência emenda que a Holanda é sensível à mudança climática e que a “redação incorreta” do IPCC não muda essa conclusão-, se o painel do clima e seu presidente, Rajendra Pachauri, já não estivessem na berlinda.

No mês passado, Pachauri veio a público admitir que havia um erro numa previsão que consta do relatório de que as geleiras do Himalaia derreteriam até 2035. No fim do ano passado, quando o governo indiano questionou a informação, Pachauri insistiu em que ela estava correta. A origem do dado era uma reportagem.

Na semana passada, outro problema apareceu: uma informação sobre a porção da Amazônia sensível a mudanças no regime de chuvas foi extraída de um relatório do WWF, não de um artigo da literatura científica -embora neste caso a informação esteja correta.

E uma reportagem do jornal britânico “The Guardian” publicada no dia 1º afirma que o britânico Phil Jones, um dos cientistas do painel, escondeu falhas em dados de temperatura de uma estação meteorológica chinesa que usou em seu trabalho. Jones já havia renunciado a seu posto de diretor da Unidade de Pesquisa Climática da Universidade de East Anglia depois que um arquivo de e-mails supostamente roubado por negacionistas do aquecimento global revelou conduta duvidosa dele e de colegas.

Fora, Pachauri

A sequência de problemas fez cientistas do próprio painel e ambientalistas pedirem a renúncia de Pachauri.

O indiano disse anteontem, numa entrevista à TV britânica BBC, que não pretende sair. Ontem, recebeu apoio do governo de seu país.

“Como líder, ele é passível de responsabilização pela maneira como lida com óbvios desvios ocorridos sobretudo no grupo 2 [que lida com impactos]”, disse o físico Gylvan Meira Filho, da USP, ex-membro do IPCC. “Deveria renunciar.”

Sem má-fé

Um dos coordenadores do relatório do grupo 2, Ulisses Confalonieri, da Fiocruz de Belo Horizonte, diz que o indiano é um líder “muito hábil” e que o IPCC não é imune a falhas. “Se saiu um erro, erraram os autores e erraram os revisores.”

Segundo ele, o problema é que o trabalho do painel tem uma visibilidade muito grande. “Qualquer passo em falso e todo mundo cai em cima, diz que é má-fé. Mas os instrumentos de análise têm incertezas, como qualquer coisa em ciência.”

Confalonieri cita um dado que ele mesmo mandou excluir do sumário executivo do relatório, por exagerado. “Era uma projeção da Organização Mundial da Saúde que dizia que 150 mil pessoas haviam morrido por impacto do clima na saúde. Mas a metodologia usada era muito incipiente”, lembra.

Segundo ele, o trabalho do painel não sairá arranhado do episódio. “Pode haver uma perda temporária de credibilidade, mas depois ela se recupera.” (Cláudio Ângelo). (Folha de SP, 6/2)

 

3 – Todas as cores de um ser jurássico

 

Animal que viveu há 150 milhões de anos tem os seus tons recriados

Semana passada, uma pesquisa publicada na revista “Nature” mostrou que duas espécies que habitavam a China eram cor de laranja – até então a coloração desses animais era desconhecida porque, diferentemente dos ossos, penas e pele não são fossilizadas.

Agora, um outro grupo de pesquisadores conseguiu reconstruir, pela primeira vez, todas as cores de um antecessor desses animais, revelando que ele tinha pele cinza, longas penas pretas e brancas (como se fossem listras), e uma espécie de crista marrom, como um corte de cabelo moicano. O estudo foi divulgado na revista “Science”.

Tais descobertas aumentam o conhecimento sobre a evolução desses répteis e das primeiras aves, já que se acredita que estas evoluíram a partir dos dinossauros.

Os pesquisadores das universidades de Yale e do Texas analisaram estruturas fossilizadas chamadas melanossomos e as compararam com as mesmas estruturas presentes nas penas de animais atuais, determinando assim a coloração completa do Anchiornis huxleyi, um pequeno dinossauro, bípede e emplumado, que viveu há cerca de 150 milhões de anos, no período jurássico. Melanossomos já haviam sido descobertos em fósseis de aves, mas nunca em espécies tão antigas.

Antes dessas revelações, os cientistas podiam reconstruir o corpo desses répteis, mas a cor ficava por conta da criatividade dos ilustradores, que geralmente se inspiravam no colorido dos répteis atuais.

Porém, as condições excepcionais de solo e clima de uma região rica em fósseis da província chinesa de Jehol fizeram com que penas fossem mineralizadas e, com elas, tais estruturas celulares, responsáveis pela determinação da cor.

– Sem dúvida, tratava-se de um animal com uma plumagem notável – disse Richard Prum, professor de ornitologia da Universidade de Yale e um dos autores do estudo.

Os pesquisadores acreditam que as cores do Anchiornis serviam, entre outras coisas, para a comunicação e também como uma maneira de atrair parceiros/parceiras.

– Acreditamos também que essa palheta de cores na plumagem funcionava também como uma espécie de camuflagem, tendo uma importância evolutiva para esses animais tão grande quando as suas funções aerodinâmicas e de voo – afirmou Julia Clarke, professor de paleontologia da Universidade do Texas, que também assina o estudo. (O Globo, 5/2)