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Informativo 196 – Mosquito, lagartos, salvamento e macaco “hippie”

1 – Grupo revela como mosquito fareja presa

2 – Lagartos do Vale do Peruaçu

3 – Operação de salvamento

4 – Biologia explica psicologia de macaco africano “hippie”

 

1 – Grupo revela como mosquito fareja presa

 

Estudo mostra quais substâncias exaladas por humanos ativam o olfato do inseto, abrindo porta para novos repelentes. Pesquisa americana oferece nova estratégia contra o transmissor da malária

Uma equipe de pesquisadores identificou as proteínas que o mosquito da malária usa para localizar suas vítimas pelo cheiro. O achado abre a possibilidade de criar melhores repelentes ou armadilhas para o inseto transmissor da moléstia.

Outros dois grupos de cientistas acharam uma enzima essencial para penetração das células sanguíneas pelo parasita, que poderá servir de alvo para medicamentos semelhantes usados com sucesso contra o vírus da Aids, o HIV, as drogas inibidoras de protease.

Juntas, as pesquisas oferecem novas estratégias contra a doença, que atinge centenas de milhões de pessoas, tem metade da população do planeta em áreas de risco e causa quase 1 milhão de mortes a cada ano.

Insetos detectam cheiros através de neurônios receptores olfativos. A equipe de John Carlson, da Universidade Yale, EUA, inseriu os genes desses receptores presentes em mosquitos em moscas-das-frutas transgênicas da espécie Drosophila melanogaster com “neurônios vazios”, isto é, um neurônio olfativo mutante que não tem o seu receptor próprio.

A pesquisa envolveu um trabalho paciente e delicado, desde a dissecação dos mosquitos para extrair seu DNA até a inserção dos genes nas moscas e a medição dos impulsos elétricos causados pelos odores.

Foram inseridos 72 genes diferentes de mosquitos da espécie Anopheles gambiae, principal transmissor da doença na África, dos quais 50 tornaram-se funcionais. E cada um deles foi testado com 110 diferentes substâncias odoríferas -gerando um banco de dados de 5.500 combinações de receptores-odores. Também foram feitas comparações com os receptores das moscas-das-frutas.

“Nós identificamos vários compostos que ativam fortemente muitos desses receptores. Estamos também buscando compostos que os inibam. Alguns desses compostos ativadores e inibidores podem ser muito úteis para atrair mosquitos a armadilhas, repeli-los ou confundi-los. Desenvolver um produto efetivo vai provavelmente levar vários anos”, declarou Carlson à Folha.

No Brasil, o principal transmissor da malária é de outra espécie, o A. darlingi. “É possível que alguns dos resultados do nosso trabalho sejam aplicáveis a outros mosquitos vetores de doenças”, diz Carlson.

Sangue doce

Uma das substâncias que provocaram forte ativação foi o indol, presente no suor humano. Já os ésteres e aldeídos não obtiveram muito sucesso com os receptores do mosquito, mas ativaram fortemente os das moscas -algo que se explica pela sua forte presença nos odores exalados por frutas.

“Algumas pessoas parecem ser muito mais atraentes para os mosquitos do que outras, e a base olfativa disso é um foco de estudo empolgante e atual”, acrescenta Carlson. Ou seja, para o mosquito, há gente que é “cheiro bom” ou “sangue bom”, e há quem é menos.

O estudo de Carlson e mais quatro colegas vai ser publicado em edição futura da revista científica britânica “Nature”, mas já está disponível no site da publicação para os assinantes.

Inspiração na Aids

A mesma revista publicou dois artigos de duas equipes distintas de pesquisadores com a descoberta da enzima envolvida na infecção das células vermelhas do sangue pelo parasita da malária. Uma das equipes é liderada por Alan Cowman, do Instituto de Pesquisa Médica Walter & Eliza Hall (Austrália), e a outra é comandada por Daniel Goldberg, da Universidade Washington em Saint Louis, EUA.

Quando infecta um glóbulo vermelho, o parasita da malária injeta nele centenas de proteínas que ajudam a enganar o sistema de defesa do organismo e modelam a célula humana para suas necessidades. As duas equipes agora identificaram uma protease -enzima que quebra proteínas- fundamental para a viabilidade do parasita, a chamada plasmepsina 5.

“Sua identificação como uma enzima crítica para a exportação de proteína provê um importante alvo para o desenvolvimento de novos antimaláricos. Inibidores de protease do HIV-1 têm sido tratamentos bem sucedidos no combate ao HIV e, por isso, esses inibidores podem prover uma plataforma para o design de novos compostos antimaláricos”, escreveram Cowman e colegas. (Ricardo Bonalume Neto). (Folha de SP, 4/2)

 

2 – Lagartos do Vale do Peruaçu

 

Pesquisa traz informações inéditas sobre lagartos que habitam mata seca ao norte de Minas Gerais

Ao acompanhar um amigo em uma viagem ao Vale do Peruaçu, região norte de Minas Gerais, o biólogo Mauro Teixeira Júnior teve uma grande surpresa. Ele avistou um lagarto Enyalius pictus, espécie que até então os especialistas só haviam encontrado na região da Mata Atlântica.

O episódio levou Teixeira a elaborar um projeto de mestrado com o objetivo de fazer um levantamento dos lagartos do Vale do Peruaçu. Sob a orientação do professor Miguel Trefaut Urbano Rodrigues, do Departamento de Zoologia do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP), o biólogo começou seu trabalho em 2007 com apoio de uma Bolsa da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), no âmbito de um Auxílio à Pesquisa – Regular coordenado por Rodrigues.

Dois anos depois, o trabalho de Teixeira resultou em um levantamento inédito sobre as espécies de lagartos encontradas durante a pesquisa, além de seus hábitos alimentares, relações com o clima, períodos de reprodução, entre outros dados relevantes.

Para coletar exemplares, o biólogo visitou o local durante os períodos de inverno (seco) e de verão (chuvoso) nos anos de 2008 e 2009 e espalhou armadilhas pela vegetação. Grupos de quatro baldes foram enterrados dispostos em formato de “Y” com uma lona preta ao redor. Os animais, ao tentar contornar a lona, caíam nos baldes.

Com esse sistema, chamado de armadilha de interceptação e queda, Teixeira recolheu informações valiosas sobre a fauna da chamada mata seca, bioma caracterizado por florestas sobre solo calcário que perdem a folha durante o período anual de estiagem.

Uma espécie de lagarto, a Stenocercus quinarius, considerada rara até então, foi encontrada em abundância no Vale do Peruaçu. “Só no primeiro dia de coleta, capturamos 20 lagartos dessa espécie”, disse Teixeira, informando que na literatura especializada só havia registros de oito exemplares avistados.

O conhecimento sobre os hábitos das espécies também foi aperfeiçoado com a pesquisa. Lagartos do gênero Phylopezus, considerados pela literatura como de hábitos noturnos, foram encontrados ao sol. E exemplares do gênero Mabuya, que os pesquisadores acreditavam ser terrícula (que só vive no solo), foram encontrados sobre árvores.

Para traçar o trajeto desses animais, o biólogo amarrou uma linha no dorso de exemplares capturados e os libertou. “Encontramos linhas passando sobre árvores, o que indicou que os Mabuya sobem na vegetação”, disse. Segundo ele, o sistema locomotor desse grupo não parece adaptado para escalar as plantas, o que torna a descoberta mais intrigante.

Nova espécie

O lagarto da Mata Atlântica que levou Teixeira a iniciar sua pesquisa, o Enyalius, mereceu uma atenção maior. Como os exemplares do norte de Minas apresentaram algumas diferenças morfológicas em relação aos da vegetação litorânea, o biólogo pretende agora fazer um exame de DNA para comparar os grupos. “Caso haja diferenças significativas no DNA, poderemos ter encontrado uma nova espécie”, disse.

Outra novidade que o estudo trouxe está relacionada aos hábitos reprodutivos dos lagartos. Apesar de a maioria das espécies se reproduzir no período chuvoso, foram encontradas algumas que se reproduzem o ano todo e ainda outras que preferem o período seco para esse fim, contrariando a hipótese inicial de que as condições extremas impostas pela estiagem impediriam a reprodução.

Além de lagartos, as armadilhas do projeto capturaram sapos e cobras. Entre eles, foi descoberta uma nova espécie de sapo. Teixeira quer aproveitar os dados de incidência desses outros animais para escrever um artigo sobre a herpetofauna (anfíbios e répteis) do Vale do Peruaçu.

Estudos como esse são muito importantes, segundo o orientador da pesquisa, pois tratam de uma região muito pouco conhecida e estudada. “Não sabemos praticamente nada desses pequenos biomas de transição”, disse Rodrigues, para quem essas áreas têm sido devastadas em vários pontos do país sem que ninguém se dê conta.

O professor da USP espera agora que Teixeira amplie esse trabalho em um projeto de doutorado, mapeando e coletando espécies da herpetofauna de matas secas de outras regiões do Brasil. (Fábio Reynol, Agência Fapesp, 3/2)

 

3 – Operação de salvamento

 

Pesquisadores sobrevoam litorais de três estados do Nordeste para identificar áreas habitadas por peixes-bois marinhos. Dados servirão para ações de preservação

A confecção de um novo mapa de distribuição do peixe-boi marinho no Nordeste brasileiro pode ser mais um aliado na preservação da espécie, hoje considerada criticamente ameaçada de extinção. A estratégia ousada de três pesquisadores, coordenados pela Fundação Mamíferos Aquáticos (FMA), foi colocada em prática com o auxílio de um monomotor modelo Cessna 172 A, que sobrevoou a costa litorânea de Pernambuco, de Alagoas e da Paraíba.

As informações coletadas ao longo de quatro dias, na semana passada, vão ajudar os cientistas a detectar previamente locais onde não há mais incidência de animais.

Áreas de descontinuidade ao longo da costa litorânea, ou seja, locais onde não há mais a presença de peixes-bois, são vistas como preocupantes pelos ambientalistas. O problema pode levar à depreciação genética da espécie e afetar diretamente as ações de conservação. Porém, durante o censo aéreo, os especialistas também observaram a situação inversa.

“Alguns animais passaram a habitar áreas antes vistas como de descontinuidade. Num primeiro momento, essa informação pode parecer boa, porém, na verdade, pode significar a busca por zonas de conforto devido às pressões exercidas por práticas como a carcinocultura, movimento de barcos e o turismo exacerbado”, explica o coordenador do projeto, João Carlos Borges.

Munidos com câmeras fotográficas, os pesquisadores registraram com atenção toda a movimentação dos animais no mar. Eles foram estrategicamente posicionados, sendo um em cada lado da aeronave e um terceiro atuando como anotador, incumbido de colher atentamente cada informação. “Uma câmera de vídeo também foi acoplada na parte de baixo do monomotor. O equipamento monitorou a área definida como ponto cego, impossível de ser avistada (pelos pesquisadores)”, explica Borges.

Segundo ele, a técnica foi testada pela primeira vez no início de janeiro. O primeiro trecho percorrido foi o litoral de Alagoas, que apresenta características propícias para a prática, como a transparência da água.

“Já em alguns trechos, a qualidade da água não é tão propícia assim. O fator é importante em termos de estimativas populacionais, pois nos permite visualizar os animais de superfície e também os submersos”, destaca o coordenador, lembrando que os dados coletados serão tratados por meio de modelagens estatísticas específicas. De acordo com o último levantamento, os litorais do Norte e do Nordeste possuem um total de 500 peixes-bois.

No passado, mais precisamente no período da colonização, foram detectados peixes-bois do Espírito Santo ao Amapá, de uma maneira contínua. “Anos mais tarde, por conta dos transtornos antrópicos (causados pelo homem), a situação mudou. No Espírito Santo e na Bahia, não há registros da presença desses animais. Em Sergipe, existe apenas um, solto em 1994. Mas, na verdade, ele foi reintroduzido em Alagoas e acabou migrando para o estado vizinho”, conta.

Estimativa

Os peixes-bois são animais costeiros que vivem bem próximos dos arrecifes e bancos de algas – áreas de grande beleza e riqueza ambiental. Segundo a presidente da FMA, Denise Castro, a estimativa populacional de 500 indivíduos é resultado de um trabalho que envolveu a fundação e o governo federal.

A bordo de uma unidade móvel, pesquisadores percorreram as áreas de incidência em busca de pessoas que tinham conhecimento sobre as espécies. “A metodologia utilizada se baseava em entrevistas. O censo é uma atividade desejada há muito tempo e só agora conseguimos viabilizar o mapeamento aéreo”, explica.

Além da FMA, patrocinam a iniciativa a Petrobras, a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), entre outras entidades. O resultado do censo aéreo também será de grande importância para a conclusão da tese de doutorado de Danise Alves, aluna da universidade e uma das executoras do projeto. “O objetivo é estudar a distribuição dos peixes-bois e realizar a estimativa populacional, que deve ser concluída até o fim do ano. Além disso, pretendo fazer um diagnóstico ambiental e enfatizar os pontos positivos e os negativos observados naqueles ecossistemas”, finaliza a pesquisadora.

A readaptação de animais retirados de seu habitat natural e criados em cativeiros pode não ser tão fácil quanto parece. Ciente disso, o Laboratório de Mamíferos Aquáticos do Instituto de Pesquisas da Amazônia (Inpa) passou a desenvolver um programa de resgate e reabilitação que até o momento reintroduziu quatro peixes-bois órfãos na natureza, em 2008 e 2009.

Hoje, um total de 42 animais, entre filhotes, jovens e adultos, são mantidos em tanques e, o mais importante, de maneira apropriada – o que às vezes não ocorre em outras iniciativas. Além daqueles que foram resgatados, existem ainda os animais que nascem no local, como ocorreu no mês passado, quando a fêmea Boo deu à luz um filhotinho, o sexto nascido em cativeiros do Inpa.

Segundo a pesquisadora Vera da Silva, responsável pelo laboratório, os animais que chegam ao instituto são provenientes de diversas áreas da Amazônia. Boo foi resgatada em 1974 e desde então vive no Inpa. Ela já passou por quatro gestações, sendo que uma delas não foi adiante. “O mascote nasceu saudável e já nos primeiros dias de vida, no início de janeiro, nadou ao lado da mãe”, destaca a pesquisadora.

De acordo com Vera da Silva, muitos animais resgatados chegam bastante debilitados. “Infelizmente, não conseguimos reverter o quadro de todos favoravelmente. Alguns chegam a morrer, pois não resistem a tantos problemas de saúde”, lamenta.

Conforme a pesquisadora, os filhotes de peixe-boi se alimentam do leite da mãe e ao longo da vida vão aprendendo, gradativamente, a se alimentarem de plantas. “Em cativeiros inadequados, os filhotes são alimentados com leite de vaca. Porém, o organismo desses animais não foi feito para digerir determinados alimentos. A lactose presente no leite, para eles, é um problema. Por esse motivo, os filhotes chegavam ao instituto com problemas estomacais e intestinais sérios”, enfatiza.

A pesquisadora conta ainda que o Inpa está adotando um novo protocolo, que consiste na adaptação dos animais numa área de semicativeiro. Depois disso, eles serão reintroduzidos de vez na natureza.

“É uma espécie de estágio antes do evento final propriamente dito”, reafirma. O Inpa monitora os animais reintroduzidos no meio ambiente por telemetria. Nesse mecanismo, um aparelho transmissor de rádio, posicionado na cauda do animal, emite sinais de rádio que são acompanhados diariamente por pesquisadores do projeto Peixe-boi da Amazônia. (Gisela Cabral). (Correio Braziliense, 3/2)

 

4 – Biologia explica psicologia de macaco africano “hippie”

 

Experimento sugere que índole pacífica do bonobo surgiu de mente infantil

São famosas as fotos de bonobos, uma espécie de macaco de índole pacífica, fazendo sexo em várias posições -coisa que eles praticam mesmo sem fins reprodutivos, apenas para criar laços afetivos. Um novo estudo tenta explicar por que esses animais altamente sociáveis, apelidados de “macacos hippies”, são tão dóceis, ao contrário dos seus primos, os chimpanzés, mais agressivos. A ideia é que, de certo modo, os bonobos nunca se tornam adultos.

Quem propõe a hipótese é Victoria Wobber, especialista em comportamento animal da Universidade Harvard, dos EUA. A infância dos primatas tem, em geral, como característica o gosto por brincadeiras e diversão. Conforme crescem, animais como o chimpanzé se tornam menos sociais, mais individualistas, mesquinhos e agressivos. Wobber levantou a hipótese de que talvez bonobos nunca chegassem a essa fase.

Em um dos experimentos, juntou então 30 chimpanzés e 24 bonobos que vivem em reservas na África. Fez pares de animais da mesma espécie e deu pedaços de banana para um deles. Bonobos costumavam compartilhar a comida recebida, independemente da idade. Chimpanzés jovens dividiam a banana, mas adultos ignoravam essa possibilidade.

Em estudo na revista “Current Biology”, Wobber explica que não é porque os chimpanzés são menos amigáveis que eles são “menos evoluídos” que os bonobos. E, do mesmo jeito, os bonobos não são inferiores aos chimpanzés porque eles retém características da infância.

Trata-se de maneiras diferentes de se adaptar a situações diferentes. As espécies se separaram há cerca de 2 milhões de anos, passando a ocupar áreas distintas. Ancestrais dos bonobos ficaram fora de regiões exploradas por gorilas, onde acabava sobrando mais comida.

Nesse cenário, “reter os traços juvenis foi largamente vantajoso, pois era algo associado à redução da agressão nos grupos de bonobos”, explica Wobber. Os chimpanzés, enquanto isso, precisaram se manter agressivos e egoístas, pois num ambiente menos abastado isso lhes garantia mais alimento.

Por uma menor agressividade, os bonobos “optaram” por prolongar características da infância. Com isso, outros comportamentos típicos dessa fase podem ter vindo junto, ainda que não fossem uma adaptação ao ambiente, diz Wobber.

Para os cientistas, como chimpanzés e bonobos são “primos” próximos da espécie humana, as descobertas podem ajudar a entender as origens do comportamento das pessoas.

Bonobos são especialmente parecidos com humanos: pessoas também são sociáveis e gostam de sexo em várias posições. Mas existem diferenças. Pessoas também podem ser muito agressivas e mesquinhas.

Por isso, como a psicologia humana tem suas particularidades, paralelos entre a evolução de comportamentos em bonobos e em humanos ainda não podem ser muito bem estabelecidos no que se refere ao prolongamento da infância. Mas isso não intimida os biólogos.

“O próximo passo que vamos dar é fazer comparações diretas com humanos”, diz Wobber. (Ricardo Mioto). (Folha de SP, 3/2)