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Informativo 186 – Superarmadura, mamíferos e leguminosas

1 – Molusco com superarmadura

2 – Mamíferos de Madagascar chegaram à ilha pelo mar

3 – PPBio lança guia das Leguminosas Herbáceas na Amazônia

 

1 – Molusco com superarmadura

 

Exoesqueleto de molusco oceânico pode ajudar no desenvolvimento de materiais
Os coletes à prova de bala e as armaduras dos soldados do futuro poderão ser baseados em um molusco com menos de cinco centímetros de comprimento que vive nas profundezas oceânicas. A novidade está em artigo que será publicado esta semana no site e em breve na edição impressa da revista “Proceedings of the National Academy of Sciences”.
“Exoesqueletos biológicos, em particular aqueles com propriedades multifuncionais e inusitadamente robustas, têm potencial enorme para o desenvolvimento de materiais protetivos e mais resistentes”, destacaram os autores.
Christine Ortiz, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos, e colegas estudaram o molusco da espécie Crysomallon squamiferum, descoberto recentemente próximo a fossas abissais no Oceano Índico.
O grupo analisou em nanoescala as propriedades mecânicas das camadas individuais da carapaça do molusco, que é muito rica em ferro, e usaram os dados para montar um modelo computacional do exoesqueleto do animal.
Simulações feitas em computador dos sistemas protetivos encontrados na natureza permitem a pesquisadores e engenheiros explorar como os animais se defendem ao mesmo tempo que mantêm os movimentos e a regulação das funções corporais.
Os autores examinaram como a concha protege o molusco contra ataques de predadores e verificaram que cada uma das suas três camadas é responsável por um aspecto particular da eficiência da armadura natural. A camada do meio é mais flexível e está localizada entre duas mais resistentes.
A camada mais externa leva mais ferro em sua composição e tem cerca de 30 micrômetros de espessura. A camada média, que chamaram de orgânica, tem até 150 micrômetros. A camada interna é mais espessa, com 250 micrômetros, e é altamente calcificada.
A análise mostrou que o arranjo por camadas, a combinação de diferentes materiais e as microestruturas e geometrias peculiares resultam em um conjunto que protege de forma notadamente eficiente contra a penetração, além de melhorar a dissipação de energia e resistir a dobras e fraturas.
O artigo “Protection mechanisms of the iron-plated armor of a deep-sea hydrothermal vent gastropod”, de Christine Ortiz e outros, poderá ser lido em breve por assinantes da “Pnas” em www.pnas.org
(Agência Fapesp, 21/1)

 

2 – Mamíferos de Madagascar chegaram à ilha pelo mar

 

Animais migraram em pedaços de vegetação, diz estudo
Certamente os mamíferos não chegaram a Madagascar após tentar fugir de um zoológico em Nova York, como no cinema. Mas os cientistas dizem agora que eles também não ocuparam a ilha atravessando pontes de terra firme que poderiam ter existido no passado entre o lugar e o continente africano. A emoção foi maior: foram levados pelo mar, flutuando sobre pedaços de vegetação que caíram na água.
Eles não escolheram fazer a viagem, claro. Intensas tempestades fizeram a água subir e os animais foram arrastados por ela até o oceano, diz Matthew Huber, da Universidade Pardue, nos EUA. 
Ele é um dos autores do trabalho publicado na revista “Nature”. Segundo eles, a ocupação não aconteceu de uma vez só, e se deu a partir de 65 milhões de anos atrás.
As correntes marinhas antigas, segundo o trabalho, tinham condições favoráveis para que bichos do continente fossem levados até Madagascar. Mais: a viagem nos pedaços de madeira que usavam como “jangadas” era rápida o suficiente para que chegassem vivos -ainda que talvez desesperados- à ilha, após uma viagem de centenas de quilômetros.
A teoria explica por que existem apenas pequenos mamíferos em Madagascar -uma ligação por terra teria permitido que espécies grandes como girafas ou macacos também tivessem ocupado a ilha. Viajar pelo mar em um pedaço de madeira não é muito fácil para um elefante.
Os pequenos mamíferos deram origem aos animais hoje típicos de Madagascar, como os lêmures. Muitas espécies só podem ser encontradas por lá. Fruto do isolamento, que fez com que os bichos acabassem evoluindo independentemente.
(Folha de SP, 21/1)

 

3 – PPBio lança guia das Leguminosas Herbáceas na Amazônia

 

Estudo detectou a diversidade e o padrão de distribuição de plantas que habitam as áreas de savanas de Roraima
O Programa de Pesquisa em Biodiversidade (PPBio), gerado no âmbito da Secretaria de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento (Seped), do Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT), lançou o Guia das Leguminosas Herbáceas das Duas Grades de Savanas do PPBio.
A publicação se originou a partir do interesse do grupo de pesquisa local “Ecologia e Manejo dos Recursos Naturais das Savanas de Roraima” em detectar a diversidade e o padrão de distribuição de plantas que habitam as áreas de savanas de Roraima.
Das 32 espécies (25 nas parcelas e sete nos arredores) identificadas não havia novidades regionais. Entretanto, os pesquisadores conseguiram montar um quebra-cabeça e estabelecer os padrões mínimos de ocorrência dessas espécies a partir de variáveis edáficas e fitofisionômicas.
Desde 1978 foram feitos apenas dois estudos que identificaram várias dessas espécies localmente e, portanto, essa foi uma boa oportunidade de não só resgatar como também ampliar o nível de informações sobre este grupo taxonômico tão importante economicamente (fixador de nitrogênio, forrageiro, alimentício, farmacológico, etc).
O guia nada mais é do que uma forma mais inteligente de dar visibilidade aos recursos naturais locais com o objetivo de auxiliar na formatação de políticas públicas de conservação destas áreas de vegetação aberta do extremo norte amazônico.
Outra importância do guia está em facilitar futuros inventários florísticos por parte de acadêmicos e professores interessados no grupo das herbáceas das savanas locais. Há hoje dificuldades em acessar e identificar o patrimônio genético deste grande ecossistema e, por isso, os que fazem uso desse recurso acabam apoiando ou buscando alternativas não sustentáveis.
O Field Museum de Chicago, dos Estados Unidos, tem uma série de guias de identificação sobre plantas e animais de vários grupos taxonômicos, principalmente para regiões tropicais. A equipe do museu estimula a publicação desses guias fotográficos visando facilitar a identificação de espécies e a difusão de conhecimento para o público, uma grande carência na região amazônica. Esses guias são gratuitos e são produzidos para serem usados no campo, basta salvar o arquivo, imprimi-lo e plastificá-lo. Para saber mais, clique no endereço http://www.fieldmuseum.org/. (Assessoria de Comunicação do MCT)