1 – O Lobby do eucalipto
2 – Girinos modificados ajudam a detectar poluição na água
3 – Meio ambiente: Brasil tem 2,6 milhões de empregos verdes, diz Relatório da OIT
4 – Esperança contra o câncer em óleos vegetais
5 – Alagamentos urbanos
1 – O Lobby do eucalipto
Setor de papel e celulose defende inclusão das florestas já existentes no mercado de sequestro de carbono
No Brasil, poucos setores são tão competitivos quanto o de papel e celulose. A combinação de melhoramento genético e clima favorável ajuda a explicar por que uma árvore de euclipto atinge o ponto de corte em apenas sete anos – no restante do mundo, a média é de pelo menos o dobro desse período.
Do ponto de vista do combate ao aquecimento global, essa equação faz toda a diferença. Afinal, cada árvore dessa espécie é capaz de sequestrar nada menos que 200 toneladas de dióxido de carbono (CO2), um dos principais vilões do chamado efeito estufa, durante seu ciclo de vida.
Como o crescimento por aqui se dá em tempo menor, o ganho ambiental, logicamente, é maior. Ocorre que isso não gera um tostão sequer para as empresas, já que as florestas plantadas antes da vigência do Protocolo de Kyoto não foram incluídas na lista de projetos do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL).
Para mudar esse quadro, as 220 empresas do segmento, representadas pela Associação Brasileira de Celulose e Papel (Bracelpa), decidiram se unir em um gigantesco lobby na Conferência do Clima de Copenhague (COP15), que acontece entre 7 e 18 de dezembro na capital da Dinamarca.
Os recursos provenientes do MDL são vistos como importantes para acelerar os planos para implantação de novas áreas florestais por empresas como Suzano e Fibria (resultado da fusão da Votorantim Papel e Celulose da Aracruz). A Bracelpa não fala em valores.
Contudo, se levarmos em conta a cotação máxima do crédito de carbono vinculado ao MDL, US $ 34 por tonelada, é fácil perceber que se trata de uma bolada expressiva. As fabricantes de papel dispõem de dois milhões de hectares plantados, além de outros 2,9 milhões de hectares de matas nativas.
Hoje, a única alternativa do setor é tentar vender os créditos referentes a essas áreas na Bolsa de Carbono de Chicago, onde a cotação está em US$ 5 por tonelada. “A falta de regulamentação faz com que não haja interesse por parte dos investidores nem dos países que precisam compensar suas emissões”, afirma Elizabeth Carvalhaes, presidente da Bracelpa.
Segundo ela, os recursos provenientes do MDL seriam empregados majoritariamente na expansão dos estoques de madeira reflorestada. A meta é ampliar em 25%, para 2,5 milhões de hectares, a cultura de eucalipto e pínus até 2018. Fonte: Painel Florestal de 13.12.2009
2 – Girinos modificados ajudam a detectar poluição na água
Uma pesquisa conduzida na Universidade de Wyoming, nos Estados Unidos, mostrou que girinos geneticamente modificados podem ser usados na detecção de poluição na água. Em artigo publicado na Environmental Science and Technology, cientistas demonstraram que girinos de sapos-com-garras da África ficam fluorescentes em resposta à poluição, e podem indicar a presença de vários produtos químicos ao mesmo tempo. Um dos pesquisadores disse que o estudo vem ao encontro de uma necessidade urgente de detectar rapidamente efeitos fisiológicos de poluentes do meio ambiente.
O princípio básico envolve a criação de construções genéticas que permitam que uma proteína verde fluorescente possa ser expressa em resposta ao estresse fisiológico gerado nos girinos por poluentes para os quais a modificação genética for designada.
Ainda segundo o pesquisador, os girinos são particularmente usados em monitoramentos do meio ambiente por desenvolverem tanto o sistema imunológico quanto o cardíaco e circulatório complexos, similar ao dos humanos, em apenas alguns dias. Fonte: CIB – Conselho de Informações sobre Biotecnologia
3 – Meio ambiente: Brasil tem 2,6 milhões de empregos verdes, diz Relatório da OIT
O Brasil já tem 2,6 milhões de empregos verdes e a transição para uma economia que leve a menores emissões de gases de efeito estufa pode aumentar a criação desses postos de trabalho, segundo o relatório Empregos Verdes no Brasil: Quantos São, Onde Estão e Como Evoluirão nos Próximos Anos, que será lançado hoje (9) pela Organização Internacional do Trabalho (OIT).
O levantamento considera verdes os postos de trabalho em atividades econômicas quer contribuem para a redução de emissões e para a melhoria da qualidade ambiental. Em 2008, o total de empregos verdes no país 2.653.059 representava 6,73% do total de postos de trabalho formais.
A conta da OIT considerou dados da Relação Anual de Informações Sociais, do Ministério do Trabalho e Emprego, e agregou os empregos verdes em seis categorias: produção e manejo florestal; geração e distribuição de energias renováveis; saneamento, gestão de resíduos e de riscos ambientais; manutenção, reparação e recuperação de produtos e materiais; transportes coletivos alternativos ao rodoviário e aeroviário; e telecomunicações e teleatendimento.
Entre as ocupações listadas estão a produção de mudas, a gestão de manejo florestal, a reciclagem, a fabricação de biocombustíveis e atividades menos óbvias do ponto de vista ambiental, como as telecomunicações (evitam deslocamentos e emissão de poluentes com transporte) e a manutenção de equipamentos eletrônicos (reduzem necessidade de fabricação de novos e aumentam eficiência energética).
De acordo com a OIT, a geração de empregos verdes não pode estar dissociada da noção de trabalho decente. Por isso, o levantamento exclui da conta o enorme contingente de catadores de materiais recicláveis, pela falta de proteção social da atividade e pelo grau de insalubridade a que estão expostos. Embora atualmente não restem muitas dúvidas quanto ao papel positivo desempenhado por esses trabalhadores em relação ao meio ambiente, o fato é que certamente não é esse tipo de postos de trabalho que a OIT pretendia promover, justifica o relatório.
Além das vagas em atividades econômicas que contribuem para a redução de emissões e para a melhoria da qualidade ambiental, a OIT considerou o potencial de criação de empregos verdes por setores baseados na exploração de recursos naturais e que dependem da qualidade ambiental: extração mineral e indústrias de base; construção, comercialização, manutenção e uso edifícios; agricultura, pecuária e pesca; e turismo e hotelaria.
Pelos dados de 2008, esses setores foram responsáveis por cerca de 5,8 milhões de empregos formais. Parte das vagas poderá se tornar sustentável, segundo a OIT, se os setores passarem por um esverdeamento dos processos de produção e distribuição.
O potencial de geração de empregos verdes dessas atividades decorre do fato de serem ao mesmo tempo grandes empregadoras e grandes emissoras de carbono ou ainda grandes consumidoras de energia e de recursos ambientais, muitos deles não renováveis”, aponta o estudo.
No documento, a OIT lista o programa habitacional Minha Casa, Minha Vida, a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para eletrodomésticos da linha branca, a obrigatoriedade de inspeção veicular para controle de emissões, a regularização fundiária na Amazônia e a Política Nacional de Resíduos como medidas que poderão impulsionar a geração de empregos verdes no Brasil nos próximos anos. Fonte: Agência Brasil – EBC
4 – Esperança contra o câncer em óleos vegetais
Cientistas brasileiros confirmam eficácia da aplicação de um ácido graxo extraído de plantas na redução de tumores cerebrais em ratos. A descoberta pode originar um novo tratamento para esse tipo de câncer.
Pode vir dos óleos vegetais um novo aliado no combate ao glioma, tumor do sistema nervoso central que afeta principalmente o cérebro. Cientistas da Universidade de São Paulo (USP) confirmaram em testes com ratos a eficiência da aplicação de um ácido graxo extraído de plantas na redução desse tipo de câncer. O estudo pode dar origem no futuro a uma nova forma de combate à doença.
O tratamento com o ácido graxo reduziu em 75% o tamanho dos tumores
O glioma não está entre os tipos mais comuns de câncer. Seu tratamento é difícil e atualmente inclui radioterapia e remoção cirúrgica do tumor. Os pesquisadores da USP testaram a eficácia do ácido gama linolênico (AGL), um ácido graxo essencial do tipo ômega-6 encontrado primariamente em óleos vegetais, contra o tipo de tumor cerebral mais comum e agressivo em humanos, o glioblastoma multiforme. O resultado foi animador: o tamanho dos tumores foi reduzido em 75% durante o tratamento.
Segundo o especialista em biologia celular e tecidual Juliano Andreoli Miyake, um dos autores do estudo, as propriedades anticancerosas do ácido gama linolênico já eram conhecidas. O diferencial da pesquisa da equipe da USP foi a quantidade de AGL usada para tratar o tumor: foi instalada uma bomba na cabeça dos ratos que inseria em média 0,5 microlitro desse ácido graxo por hora. A duração total do tratamento foi de 14 dias.
Esse é um tempo bastante curto”, avalia Miyake em entrevista à CH On-line. “Há inclusive estudos em cultura com outros tipos de câncer nos quais se observa diferença na proliferação das células tumorais em apenas 24 horas”, acrescenta. “É difícil falar em cura, mas acho que o AGL se aproxima de um tratamento mais eficaz do que os existentes hoje em dia.”
Para realizar os testes, foram cultivadas em laboratório células de glioblastoma multiforme com crescimento acelerado. Depois, elas foram injetadas nos ratos. Após um intervalo de duas semanas para que as células se multiplicassem nos animais, os pesquisadores iniciaram o tratamento com o AGL.
Indução da morte celular
Miyake explica que o tumor diminuiu porque o AGL induz a morte celular. Além disso, houve redução de 44% na angiogênese, ou seja, na criação de vasos sanguíneos, que está diretamente relacionada ao crescimento acelerado do tumor.
O AGL também reduziu as proteínas associadas à proliferação das células do glioma, como a ERK1 e a ERK2. Por outro lado, a quantidade de P53, uma espécie de supressor tumoral, foi aumentada. “O AGL diminuiu ainda a atividade da enzima MMP2, que é muito importante porque abre espaço para a migração das células cancerosas e para a formação de novos capilares sanguíneos”, conta Miyake.
O ácido gama linolênico também pode mostrar eficácia contra outros tipos de câncer
A bioquímica Alison Colquhoun, outra autora do estudo, acredita que o ácido gama linolênico também pode mostrar eficácia contra outros tipos de câncer. “Já existe literatura científica que indica o potencial do uso do AGL em tumores localizados em outros lugares do corpo”, adianta.
Segundo Miyake, ainda não há previsão de quando serão iniciados testes com humanos para o tratamento de tumores cerebrais com AGL. Ele conta que esse ácido graxo tem um efeito colateral sobre a quantidade de lipídios que favorecem um processo de inflamação no cérebro.
Pesquisas indicam que o ácido gama linolênico modula a resposta inflamatória e pode aumentar ou diminuir a concentração dos lipídios envolvidos no processo inflamatório” esclarece. Por isso, os esforços da equipe estão concentrados agora em estudar substâncias com potencial anti-inflamatório, como as prostaglandinas.
Quanto às possíveis diferenças entre a reação do organismo de ratos e de humanos a esse ácido graxo, Colquhoun esclarece: “É impossível falar agora. Há alguns estudos iniciais com humanos em que certos tumores reagiram bem, mas é preciso muita pesquisa clínica antes de se chegar a qualquer conclusão. Fonte: Raquel Oliveira, Ciência Hoje On-line.
5 – Alagamentos urbanos
Enquanto continuamos concentrados no aquecimento global, na preservação da floresta amazônica, na reformulação do Código Florestal, na polêmica da reserva legal nas áreas rurais, tudo importante para o futuro, é claro, vivemos as agruras do presente em cidades assoberbadas pelos desastres provocados por fenômenos naturais. E chuvas que já aconteceram muitas vezes, ao longo do tempo, e não provocavam nenhum dano, hoje são catastróficas. A resposta é bem simples e conhecida de todos nós urbanos: está na ocupação dos leitos maiores dos cursos d’água, no avanço das construções pelas encostas íngremes, na impermeabilização do solo por ruas e avenidas asfaltadas, nos terreiros cimentados e na drenagem dos telhados por calhas que são canalizadas diretamente para as ruas. Tudo isso nós sabemos e as autoridades, também.. O que fazer, então? O que vou sugerir é muito simples, sendo muito mais uma questão de logística do que de tecnologias de conservação.
Em primeiro lugar, há de se fazer um trabalho permanente de conscientização da população quanto ao comportamento ambiental dos núcleos urbanos. Não falo de programas aleatórios que surgem durante e logo após desastres como os vivido recentemente por Belo Horizonte e outros núcleos urbanos pelo país a fora. Falo de trabalho cotidiano junto às comunidades, com cartilhas, mensagens, reuniões com pais e mães nas escolas, com trabalhadores nas empresas, com vendedores ambulantes e tantos outros. Falo da inclusão de alunos nas discussões, mas sem viés emotivo, muito a gosto dos ambientalistas. Falo em mostrar as realidades cruas e nuas, mas com indicação de causas e demonstrações dos efeitos interativos homem/natureza. Falo, em resumo, de trabalho sistemático de instituições públicas e da sociedade organizada, feito durante todo o ano e ao longo dos anos, pois haverá sempre um novo ângulo a ser atacado, pela própria dinâmica das cidades.
Em segundo lugar, há de se buscar a participação de especialistas em áreas como geologia, hidrologia, saneamento, urbanismo e arquitetura, engenharia civil, sociologia e comunicação, desvinculados de interesses corporativos ou empresariais, para, em conjunto, indicarem alternativas apropriadas para as diversas situações. Posso citar, com relação aos alagamentos em Belo Horizonte, por exemplo, uma ampla discussão sobre a eficiência de pequenos reservatórios domésticos para captação de águas de chuvas, de reservatórios maiores em prédios e condomínios, de valas de infiltração, de tubulações de drenagem com fundos porosos etc. Muitos poderão dizer que as prefeituras já contam com tais grupos de especialistas, mas eu digo que não, pois nelas ainda predominam os projetos encomendados de empresas que tendem a puxar as brasas para suas sardinhas e acabam sugerindo grandes obras de engenharia, nem sempre eficientes, mas certamente lucrativas. As decisões precisam ser avalizadas por comunidades científicas independentes e tomadas após discussão com as sociedades envolvidas, através de suas entidades representativas. Não devemos nos esquecer, nunca, que os dirigentes municipais não passam de empregados das respectivas sociedades.
Em terceiro lugar, os espaços urbanos precisam ser zoneados, ter as áreas de risco delimitadas, ter programas de adequação construção/ambiente e outros de realocação populacional. Depois disso, as autoridades municipais precisam exercer seus poderes de polícias administrativas para garantirem a execução e a manutenção do planejado. Compete também às populações, bem esclarecidas pelas campanhas já mencionadas, descartarem os dirigentes inoperantes e buscarem novos, não deixando que as paixões partidárias prevaleçam sobre as necessidades de se ter cidades civilizadas.
Se estas aparentes utopias de hoje não caminharem para realidades próximas, os nossos núcleos urbanos, principalmente os representados por metrópoles como Belo horizonte, vão se tornar cada vez piores. São procedimentos simples, até óbvios e elementares, mas que inexplicavelmente não são adotados no dia a dia. Por que será? Faça você uma reflexão e decida mudar de atitude para colaborar na criação de novas concepções e novos procedimentos gerenciais urbanos.
(*)Osvaldo Ferreira Valente, Professor titular aposentado da UFV e especialista em hidrologia e manejo de pequenas bacias hidrográficas. Fonte: Osvaldo Ferreira Valente(*), EcoDebate, 17.12.2009.