1 – Mudanças climáticas aumentam incidência de raios para próximas décadas
2 – Meio Ambiente: Construções sustentáveis crescem em todo o mundo
1 – Mudanças climáticas aumentam incidência de raios para próximas décadas
Um planeta com mais raios é o que a humanidade terá de enfrentar em um futuro próximo. Isso é o que sugere o livro Lightning in the tropics: from a source of fire to a monitoring system of climatic changes (Os raios nos trópicos: de uma fonte de fogo a um sistema de monitoramento de mudanças climáticas), lançado agora em novembro pela Nova Science Publishers, de Nova York, nos Estados Unidos. “A tendência global de crescimento na frequência de raios ocorrerá, fundamentalmente, devido ao aumento de temperatura provocado pela maior concentração de gases de efeito estufa na atmosfera”, afirma Osmar Pinto Junior, autor do livro e coordenador do Grupo de Eletricidade Atmosférica (Elat) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Além do aumento no número de incidência de descargas atmosféricas, a distribuição geográfica do fenômeno também sofrerá alterações.
Para chegar a essas conclusões foram analisados resultados obtidos nas grandes áreas urbanas e pela maioria dos modelos climáticos, juntamente com a evidência disponível de que existem mais raios no planeta durante a ocorrência do fenômeno El Niño (aquecimento das águas do oceano Pacífico Equatorial), do que durante o La Niña (resfriamento destas águas). “A temperatura é o fator preponderante para a ocorrência de tempestades e, consequentemente, de raios. Contudo, as variações de temperatura em uma dada região dependem também das mudanças nos sistemas de circulação globais da atmosfera e das variações das temperaturas na superfície dos oceanos”, comenta o autor.
O Brasil é hoje o campeão mundial de raios e deverá continuar sendo. De acordo com o Elat, as observações feitas por satélite já indicam um aumento de 18 % na incidência de descargas atmosféricas nos últimos dez anos e a tendência é de que ocorra um acréscimo ainda maior nas próximas décadas. “Os raios deverão aumentar em geral no país, mas em algumas regiões este aumento deverá ser mais significativo, como é o caso da região Amazônica. Contudo, é possível que em pequenas regiões, principalmente no sul do país, ocorram diminuições”, avalia. O pesquisador do Inpe acredita que essas previsões dependem do cenário climático que deverá ocorrer nas próximas décadas em função das ações que serão ou não tomadas para evitar o ritmo de aceleração das mudanças climáticas.
As mudanças no clima sempre existiram ao longo da história do planeta, repercutindo em variações da temperatura global e, assim, alterando a incidência de raios. A diferença é que as mudanças enfrentadas hoje, dizem os especialistas, estão ocorrendo em uma escala de tempo muito menor, isto é, em décadas ao invés de milhares de anos. Outro agravante é que o planeta nunca foi tão populoso e com tecnologias tão sensíveis, o que pode implicar em mais mortes e prejuízos causados pelo aumento da incidência de raios. No Brasil, as consequencias podem ser agravadas, já que a estimativa é que, anualmente, haja cerca de 50 milhões de descargas atmosféricas, que causam em média 100 mortes e em um prejuízo R$1 bilhão.
O livro de Osmar Pinto Junior é o primeiro a abordar a relação entre raios e aquecimento global, apontada pelo Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC) como extremamente importante para a compreensão das mudanças climáticas. A publicação revela que, assim como no passado os raios tropicais foram à principal fonte do fogo, o que representou uma das grandes conquistas da humanidade, no futuro eles serão fundamentais para monitorar as mudanças climáticas decorrentes do aquecimento global, particularmente o aumento de furacões e de tempestades severas.
A maior parte dos raios ocorre, atualmente, na região tropical do planeta, principalmente na porção central do continente africano, na região tropical da América do Sul e na Indonésia. Esse fato já era conhecido até mesmo há 200 anos, como pode ser evidenciado na carta escrita pelo Marquês da Borba para a sua família, em 1808, quando ele chegou ao Rio de Janeiro com Dom João VI. Ele escreveu que diariamente ocorriam trovões como ele jamais havia escutado. Apesar disso, a informação sobre raios nos trópicos é ainda escassa, mas há importantes esforços para reuni-la e analisa-la, como exemplifica a obra do pesquisador do Inpe.
Fonte: Notícias ComCiência Semana de 16 a 19 de novembro de 2009
2 – Meio Ambiente: Construções sustentáveis crescem em todo o mundo
Relatório anual do U.S. Green Building Council prevê um aumento de 40% na procura por certificados de “prédios verdes”, e detalha de que forma eles já são responsáveis por significativas economias de água e energia.
O Taipei 101, um colosso de 509 metros de altura e 101 andares em Taiwan, vai passar por uma reforma de US$ 1,8 milhão para poder ser considerado o prédio verde mais alto do planeta. A administração do empreendimento espera assim cortar o consumo de água e energia e ainda reduzir suas emissões de gases do efeito estufa em 10%.
Em um mundo em que temas como escassez de recursos naturais e mudanças climáticas começam a fazer parte do dia-a-dia de todos, a escolha por opções mais ecológicas tem tudo para ser a nova grande tendência no setor da construção civil.
E é justamente isso que mostra o relatório 2009 Green Building Market & Impact Report, publicado na última semana pelo U.S. Green Building Council, que prevê um crescimento de 40% nesse tipo de empreendimento em 2009.
Além da justificativa ecológica, o medo da recessão fez com que muitas construtoras resolvessem optar pelo caminho sustentável para se diferenciar das concorrentes e assim escapar da crise, explicou Rob Watson, autor do relatório.
O U.S. Green Building Council é conhecido internacionalmente por ter desenvolvido a certificação LEED, o principal selo dado a construções que atendem uma série de normas para serem considerados verdes.
O LEED registrou um aumento de 30% no número de adesões em todo o mundo neste ano. As reformas no Taipei 101, por exemplo, tem como um dos seus objetivos a conquista deste certificado.
Ásia e Oriente Médio são as regiões de maior interesse em prédios verdes, com destaque para os Emirados Árabes Unidos que possuem 669 projetos em andamento. A Europa também apresentou expansão, especialmente na Alemanha e Itália. O Brasil aparece entre os primeiros do ranking mundial, com 145 projetos.
Atualmente, mais de 630 milhões de metros quadrados construídos no mundo possuem o LEED, o equivalente a pouco mais de um terço da área construída da cidade de São Paulo.
Benefícios
O relatório destacou o impacto de tantas novas construções verdes para o meio ambiente. Por exemplo, a economia com água em 2009 foi estimada em 68 bilhões de litros, diminuindo em 0,5% o consumo anual do recurso em áreas não residenciais. Em 2030, esse volume pode chegar a 5,9 trilhões de litros, o equivalente a 30% do atual consumo por áreas não residenciais.
A redução das emissões de dióxido de carbono dos prédios certificados pelo LEED deve chegar a 2,9 milhões de toneladas, um número que pode crescer para 130 milhões de toneladas em 2020, e até 320 milhões em 2030.
Ainda segundo o relatório, os ganhos de produtividade das empresas que possuem escritórios em prédios verdes alcançam US$ 450 milhões. Atualmente, cerca de 580 mil pessoas trabalham em edifícios com certificado LEED, em 2030 serão mais de 60 milhões, garante o documento.
É realmente importante para a indústria da construção olhar para a questão ambiental e levá-la a sério. Então, queremos mostrar para o mundo que mesmo um edifício alto como o nosso pode começar a fazer isso, que podemos fazer o melhor para nos tornar um edifício verde, afirmou Kathy Young, vice-presidente assistente do Taipei 101. Fonte: Fabiano Ávila, Carbono Brasil.