1 – Capacidade esgotada
2 – Florestas são solução mais rápida para o clima
3 – As 10 maiores florestas no planeta
1 – Capacidade esgotada
Oceanos sofrem com aumento das emissões de dióxido de carbono
Os oceanos têm um papel fundamental na regulagem climática, absorvendo cerca de um quarto de todo o dióxido de carbono lançado pela ação humana. Agora, o primeiro levantamento ano a ano desse mecanismo desde a Revolução Industrial indica que os oceanos estão sofrendo para acompanhar o aumento nas emissões.
A consequência, apontam, poderá ser desastrosa para o clima no futuro do planeta. A pesquisa, feita nos Estados Unidos, foi publicada na edição desta quinta-feira, dia 19, da revista Nature.
Samar Khatiwala, da Universidade Columbia, e colegas estimaram que os oceanos absorveram um recorde de 2,3 bilhões de toneladas de dióxido de carbono resultantes da queima de combustíveis fósseis em 2008. Mas, com o aumento na quantidade total de emissões, a proporção absorvida pelos oceanos desde 2000 caiu em cerca de 10%.
Modelos climáticos desenvolvidos anteriormente haviam previsto uma diminuição nesse processo, mas o novo estudo é o primeiro a quantificar essa queda.
Enquanto trabalhos anteriores haviam atribuído a mudança à diminuição do ozônio na estratosfera e a alterações na circulação oceânica induzidas pelas mudanças climáticas, a nova pesquisa sugere que o motivo é mais simples: os oceanos chegaram ao limite, tanto físico como químico, de sua capacidade de absorver o dióxido de carbono.
“Quanto mais dióxido de carbono, mais ácido fica o oceano, reduzindo a capacidade de manter o CO2”, disse Khatiwala. “Por causa dessa consequência, com o tempo o oceano se torna um repositório menos eficiente do carbono antrópico. A surpresa é que podemos estar diante das primeiras evidências disso, talvez combinado com a circulação mais lenta por causa do aumento nas emissões.”
Segundo o estudo, o acúmulo de carbono industrial nos oceanos aumentou enormemente na década de 1950, à medida que os oceanos passaram a tentar acompanhar o ritmo acelerado das emissões em todo o mundo.
As emissões continuaram a crescer e, no ano 2000, atingiram tal volume que os oceanos passaram a absorver menos CO2 proporcionalmente, ainda que o total em peso tenha continuado a aumentar. Hoje, segundo a pesquisa, os oceanos mantêm cerca de 150 bilhões de toneladas de carbono industrial, um terço a mais do que em meados da década de 1990.
Cerca de 40% do carbono entra nos oceanos por meio das águas geladas próximas à Antártica, porque o dióxido de carbono se dissolve mais rapidamente nas águas mais frias e mais densas do que nas mais quentes. Dali, as correntes transportam o carbono para o norte do planeta.
O artigo “Reconstruction of the history of anthropogenic CO2 concentrations in the ocean”, de Samar Khatiwala e outros, pode ser lido por assinantes da Nature em www.nature.com. (Agência Fapesp, 19/11)
2 – Florestas são solução mais rápida para o clima
Por mais que já as tenhamos escutado, algumas estatísticas simplesmente nos surpreendem. Uma que sempre me espanta é a seguinte: imaginem que se pegassem todos os carros, caminhões, aviões, trens e navios do mundo e se somassem suas emissões a cada ano. A quantidade de dióxido de carbono, ou CO2, que todos esses carros, caminhões, aviões, trens e navios coletivamente emitiram na atmosfera seria na verdade menor que as emissões anuais de carbono resultantes da derrubada e desmatamento de florestas tropicais em lugares como Brasil, Indonésia e Congo.
Estamos perdendo hoje uma floresta tropical do tamanho do Estado de Nova York a cada ano. E o carbono que isso libera na atmosfera responde por aproximadamente 17% de todas as emissões globais que contribuem para as mudanças climáticas.
Vai demorar um bom tempo até eliminarmos as emissões da frota de transporte mundial. Mas agora e amanhã poderíamos eliminar 17% de todas as emissões globais se pudéssemos interromper a derrubada e queima de florestas tropicais. Isso, porém, requer a criação de todo um novo sistema de desenvolvimento econômico um que torne mais lucrativo para as nações mais pobres e ricas em florestas preservar e administrar suas árvores em vez de derrubá-las para fazer móveis e plantar soja.
Sem um novo sistema de desenvolvimento econômico nos trópicos ricos em madeira, podemos dizer adeus às florestas tropicais. O velho modelo de crescimento econômico as devorará. A única Amazônia (em inglês, Amazon) com a qual nossos netos se relacionarão um dia é a que termina em pontocom e vende livros.
Para compreender melhor essa questão, estou em visita à Floresta Nacional do Tapajós, no coração da Amazônia brasileira, numa viagem organizada pela Conservação Internacional e pelo governo brasileiro. Viajando de Manaus para cá em avião a hélice, pode-se compreender por que a floresta amazônica é considerada um dos pulmões do mundo. Mesmo de 6 mil metros de altitude, tudo que se pode ver em qualquer direção é uma extensão ininterrupta das copas de árvores da floresta tropical que, do ar, lembram um vasto e interminável tapete de brócolis.
Uma vez em terra, seguimos de carro de Santarém para Tapajós, onde nos reunimos com a cooperativa comunitária que administra os negócios de cunho ecológico que sustentam os 8 mil moradores que vivem nessa floresta protegida. O que se aprende quando se visita uma minúscula comunidade brasileira que realmente vive na e da floresta é uma verdade simples, mas crucial: para um ecossistema da natureza, é preciso um ecossistema de mercados e governança.
É preciso um novo modelo de desenvolvimento econômico. Um que se baseie em elevar os padrões de vida das pessoas preservando seu capital natural e não simplesmente convertendo esse capital natural em agroindústria, pecuária, ou indústria madeireira, disse José Maria Silva, vice-presidente para a América do Sul da Conservação Internacional.
Atualmente, as pessoas que protegem a floresta tropical recebem uma ninharia – em comparação com os que a derrubam -, apesar de agora sabermos que a floresta tropical oferece de tudo, de retirar o CO2 da atmosfera a manter o fluxo de água doce nos rios.
INVESTIMENTO
A boa nova é que o Brasil criou todos os elementos de um sistema para remunerar seus moradores das florestas para que eles as preservem. O Brasil já reservou 43% da floresta tropical amazônica para preservação e para povos indígenas. Outros 19% da Amazônia, porém, já foram desflorestados por agricultores e pecuaristas.
A grande questão, portanto, é o que acontecerá com os outros 38%. Quanto mais fizermos o sistema brasileiro funcionar, mais desses 38% serão preservados e menos reduções de carbono o mundo todo terá de fazer. O problema é que isso exige dinheiro.
Os moradores de Tapajós já estão organizados em cooperativas que vendem ecoturismo em trilhas florestais, móveis e outros produtos de madeira feitos a partir de uma derrubada seletiva sustentável e uma linha muito atraente de bolsas feitas com couro ecológico, ou seja, a borracha da floresta. Eles também recebem subsídios do governo.
Sérgio Pimentel, de 48 anos, explicou-me que cultivava cerca de 2 hectares de terra para a subsistência, mas agora está usando apenas cerca de meio hectare para sustentar sua família de seis pessoas. O resto da renda vem de negócios florestais cooperativos. Nós nascemos dentro da floresta, ele acrescentou. Então nós sabemos a importância de ela ser preservada, mas precisamos ter mais acesso aos mercados globais para os produtos que fazemos aqui. Poderia nos ajudar nisso?
Há cooperativas comunitárias como essa por todas as áreas protegidas da floresta amazônica. Mas esse sistema requer dinheiro para expandi-lo para mais mercados, dinheiro para manter o monitoramente e a fiscalização policial e dinheiro para aumentar a produtividade da agricultura em terras já degradadas para que as pessoas não queiram avançar sobre mais floresta. É por isso que precisamos garantir que qualquer legislação sobre energia e clima que venha a sair do Congresso americano e qualquer estrutura que venha a sair da conferência de Copenhague no próximo mês incluam provisões para financiar sistemas de conservação da floresta tropical como os do Brasil. Os últimos 38% da Amazônia ainda estão disponíveis. Estão lá para nós salvarmos. Nossos netos agradecerão. Thomas L. Friedman é colunista de assuntos internacionais do The New York Times * Artigo [Trucks, Trains and Trees] The New York Times, no O Estado de S. Paulo. Fonte: Thomas L. Friedman(*), EcoDebate de 16.11.2009
3 – As 10 maiores florestas no planeta
Veja onde estão localizadas as 10 maiores florestas do planeta:
1. Rússia
Área de florestas 8,5 milhões de km2 -Percentual do país – 49%
2. Brasil
Área de florestas 5,44 milhões de km2 -Percentual do país – 63%
3. Canadá
Área de florestas 2,45 milhões de km2 -Percentual do país – 24%
4. Estados Unidos
Área de florestas 2,26 milhões de km2 -Percentual do país – 23%
5. China
Área de florestas 1,63 milhões de km2 -Percentual do país – 17%
6. Austrália
Área de florestas 1,54 milhões de km2 – Percentual do país – 20%
7. Congo
Área de florestas 1,35 milhões de km2 – Percentual do país – 57%
8. Indonésia
Área de florestas 1,04 em milhões de km2 – Percentual do país – 54%
9. Angola
Área de florestas 0,69 milhões de km2 -Percentual do país – 55%
10. Peru
Área de florestas 0,65 milhões de km2 – Percentual do país – 50%
Fonte: INFO SBEF – 14.11.2009.