1 – Lançado o mapeamento global dos solos para Caribe e América Latina
2 – Clima: A bomba chinesa
1 – Lançado o mapeamento global dos solos para Caribe e América Latina
Estudo aponta, entre outros dados, o risco de erosão, nível de estoque de carbono orgânico (que combate o efeito estufa) e disponibilidade de nutrientes
A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) divulgou os dados do projeto mapeamento global dos solos, seção América Latina e Caribe, que identifica as propriedades dos terrenos de todos os continentes. A divulgação das informações relativas à área latino-americana aconteceu no dia 16 de novembro, durante o XVIII Congresso Latino-americano de Ciência do Solo, realizado em San José, Costa Rica.
O mapeamento, financiado pela fundação Bill and Melinda Gates, aponta, entre outros dados, o risco de erosão, nível de estoque de carbono orgânico (que combate o efeito estufa) e disponibilidade de nutrientes.
O projeto, cuja primeira etapa dura cinco anos, vai lançar banco de dados na internet, acessível a qualquer usuário, que facilitará a tomada de decisões governamentais.
“Na Costa Rica pretendemos internalizar o mapeamento para os países da América Latina, saber como estão essas nações em relação aos dados em informação de solo e debater estratégias para parcerias governamentais”, diz Lourdes Mendonça, chefe geral da Embrapa Solos.
A seção América Latina e Caribe é a terceira a ser lançada este ano. África e Ásia já foram mapeados em 2009.
A página do consórcio na internet pode ser visitada em http://www.globalsoilmap.net
(Com informações da Assessoria de Comunicação da Embrapa)
2 – Clima: A bomba chinesa
País é responsável por 75% do aumento das emissões de CO2 em 2008
Renato Grandelle escreve para “O Globo”:
Nem mesmo a crise econômica mundial fez com que as emissões de CO2 deixassem de crescer. E a China sozinha representa a maior parte desse aumento. De 2000 a 2007, as emissões cresceram 3,6% por ano. Em 2008, o aumento foi menor: 2%. E a China, que não quer saber de acordos formais na cúpula do clima de Copenhague, é responsável por 75% do aumento.
Para se ter ideia da dimensão do crescimento, nos anos 1990, as emissões globais de carbono cresceram 1% ao ano. E, pela primeira vez, em 40 anos, o carvão tomou o lugar do petróleo como a principal fonte de CO2 lançado na atmosfera do planeta. Carvão é a base da matriz energética de China e Índia, países cujas emissões dobraram desde 1990.
Os dados são do programa internacional de pesquisa Global Carbon Project e representam a mais completa análise sobre o impacto da economia sobre a concentração de CO2 na atmosfera nas últimas cinco décadas. A pesquisa, publicada nesta quarta-feira na revista “Nature Geoscience”, causou surpresa porque, normalmente, as emissões de dióxido de carbono diminuem em anos de recessão. Nos EUA, por exemplo, foi registrada uma redução de 3%. Ainda assim, os americanos mandam para a atmosfera mais CO2 do que Índia, Rússia, Japão e Alemanha somados.
Os EUA também são os maiores produtores de poluentes per capita: são cerca de 20 toneladas de CO2 por pessoa a cada ano – quase quatro vezes mais do que a China (5,8 t) e a média mundial (5,3 t).
– Há um abismo entre o caminho que seguimos e aquele que deveríamos percorrer, se quisermos que a temperatura global cresça apenas 2 graus Celsius – alerta Corinne Le Quéré, coordenadora do estudo.
Emissão do Brasil subiu
A previsão é de que, este ano, as emissões de CO2 caiam 3% em relação às de 2008. A queda poderia ser ainda maior, não fosse a resistência chinesa à crise financeira mundial. Desde o início da década, o país dobrou as emissões de gases-estufa, graças a investimentos maciços em usinas de carvão. As emissões da indústria do cimento (grande fonte de CO2) chinesa cresceram.
Além da China, outros 12 países aumentaram, ano passado, suas emissões em mais de 5 milhões de toneladas. Deles, sete são nações em desenvolvimento: Brasil, Índia, Arábia Saudita, África do Sul, Indonésia, Irã e México.
– Apesar da redução no desmatamento observada no Brasil e na Indonésia, houve um aumento das emissões por queima de combustíveis fósseis – explica o brasileiro Jean Ometto, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que participou do estudo.
– A única forma de atenuarmos os riscos de mudanças climáticas dramáticas é reduzirmos a quantidade de carbono emitido na atmosfera.
O CO2, porém, é presença cada vez mais frequente no ar. Cinquenta anos atrás, 60% do gás emitido era sugado por oceanos e florestas.
Hoje, este índice é de 55%. A permanência do gás carbônico na atmosfera impulsiona o aquecimento global. Desde 1982, as indústrias emitiram 715 trilhões de toneladas de CO2 – quantidade maior do que todos os gases-estufa mandados pela Humanidade à atmosfera até aquele ano.
– A definição de metas claras para reduzir as emissões é urgente – pondera Ometto. – O ponto crítico é reduzirmos a dependência nos combustíveis fósseis. (O Globo, 18/11)