O atraso do Brasil em relação à integração de setores voltados para ciência e tecnologia, a falta de um referencial interno na área e desafios de planejamento e gestão foram tema do painel on-line Inovação e ecossistemas de empreendedorismo“, nesta quarta-feira, 21, durante a 73ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), sediada pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).

Segundo especialistas, evolução integrada entre ciência, tecnologia e inovação foi incorporada muito recentemente na agenda nacional e faltam referenciais internos (Foto: Pixabay)

 

Especialista sênior em Propriedade Intelectual do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi), Rita Pinheiro Machado apresentou o histórico de atuação do Inpi. Ela descreveu o cenário brasileiro de promoção científica e tecnológica, abordando legislação, planos e organizações, como a Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), que está ampliando sua rede de atuações de grupos de pesquisa e, em breve, chegará à UFJF. Segundo Rita, “essa evolução de ciência, tecnologia e inovação foi incorporada muito recentemente na agenda nacional, a partir dos anos 2000, e para que avance, são indispensáveis investimentos públicos.”

O consultor de inovação e corporate venture e coordenador adjunto da Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo (Fapesp), Marcelo Nakagawa, trouxe observações a respeito da tecnologia e inovação brasileira a partir de um olhar comparativo com o histórico estrangeiro nessa área, mostrando também um certo atraso, combinado a uma falta de referencial interno. 

“Desenvolver um Ecossistema nem sempre é fácil, porque nem todas as regiões têm todos os elementos que precisam ser integrados. Estes elementos englobam políticas públicas, capital financeiro, cultura, instituições de suporte, recursos humanos e mercados”, ressaltou. Nakagawa mostrou casos estrangeiros de sucesso, como o Vale do Silício (Estados Unidos); e regiões do Brasil que têm se inspirado nisso, com um mapeamento de startups que, muitas vezes, saem da polarização no Sudeste brasileiro. O consultor ainda abordou a migração de negócios para plataformas digitais.

Tríplice Hélice
A necessidade de juntar infraestrutura, pessoal, recursos e legislação, porém a partir de uma avaliação sobre as complexidades econômicas que, muitas vezes, levam o Brasil a ficar atrás de países com menos recursos para a produção, compreendeu o terceiro ponto abordado na mesa, pelo presidente interino do Fórum Nacional de Gestores de Inovação e Transferência de Tecnologia, Gesil Amarante

Para o professor, é importante que governo, empresas e universidades andem juntos, como mostra a “Tríplice Hélice”, desenvolvida por Etzkowitz e Leydesdorff. “Não há como viabilizar a participação da academia sem investimento do Estado. E não é eficiente mobilizar a academia e trazer investimento sem um plano e sem estrutura de gestão e aproveitamento dos resultados realmente montada.” Gesil salientou a importância de conhecer soluções legais para lidar com burocracias e a necessidade de modelos melhores para financiamentos que já existem e possuem capital. 

A mesa foi conduzida pela gerente dos setores de Planejamento e Gestão, e Comunicação e Marketing, do Centro Regional de Inovação e Transferência de Tecnologia (Critt) da UFJF, Débora Marques.

A programação completa da 73ª Reunião Anual da SBPC traz nomes de projeção no cenário científico nacional, sendo transmitida até sábado, 24, pelos canais SBPCnet, TV UFJF, Centro de Ciências UFJF, Critt – UFJF,, UFJF Notícias e Revista A3 UFJF. O evento conta também com programação Jovem e Família, além de eventos culturais. Os detalhes podem ser encontrados na página oficial da 73ª Reunião Anual da SBPC.