Dentre as mais de 100 pesquisas relacionadas à Covid-19 conduzidas na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), alguns grupos se dedicam a estudar o impacto e os efeitos da pandemia na saúde mental da população. O isolamento social, a perda da rotina pré-pandemia e o medo de ser acometido pela doença, e seus possíveis agravamentos, levaram algumas pessoas a desenvolverem sintomas relacionados à depressão e ansiedade, por exemplo. Segundo Fabiane Rossi, Coordenadora do Núcleo Interdisciplinar de Investigação em Psicossomática, Saúde e Organizações (Nuipso), “é fundamental que tenhamos amparo para o desenvolvimento de estudos direcionados à saúde mental, especialmente relacionados aos impactos futuros da pandemia de Covid-19, uma vez que estima-se um aumento significativo dos transtornos mentais”.

“Saúde mental na pandemia da Coronavírus Disease 2019 (Covid-19): Um estudo brasileiro”

O estudo é parte de um esforço que busca entender a saúde mental no contexto pandêmico da Covid-19, no Brasil, através da presença de sintomas mentais na população. A professora do departamento de Psicologia, Fabiane Rossi, que coordena o estudo, conta que a pesquisa teve início logo quando os primeiro casos surgiram no país, “ uma vez que a experiência de outros países, que já vinham convivendo com a doença, sinalizava o aumento de transtornos mentais decorrentes do contexto pandêmico”, por isso, completa, “buscamos compreender quais seriam esses impactos na população brasileira”. Entre as mudanças de comportamentos analisados pelo trabalho está o aumento no uso de substâncias como cigarro, álcool, outras drogas e os medos, expectativas e mudanças de humor apresentados pelo público. 

Fabiane fez questão de ressaltar as dificuldades que é fazer pesquisa no Brasil, principalmente durante a pandemia. Porém, segundo ela, “cabe a nós, pesquisadores, contribuir para a melhor compreensão do cenário no qual o Brasil se encontra, com todos os desafios que a realidade sanitária nos apresenta, especialmente no que diz respeito a possíveis formas de enfrentamento das consequências da pandemia no país”.

O projeto ‘Calma nessa hora’ realizou ao longo de 2020 mais de 4 mil atendimentos via plataforma.

“Calma nessa hora”

Outro projeto que surgiu ao longo do ano passado é o “Calma Nessa Hora”. A plataforma realizou atendimentos e prestou amparo à saúde mental para população no decorrer da pandemia. Segundo dados iniciais, ao longo de 2020 foram mais de 4 mil atendimentos via plataforma. O professor do Departamento de Psicologia da Universidade Federal de Juiz de Fora, Telmo Ronzani, um dos coordenadores e idealizadores do projeto, explica que “tivemos uma surpresa muito grande devido a abrangência do projeto, com mais de 4 mil atendimentos durante esse tempo, de pessoas de todas as regiões do Brasil, da Argentina e de outras partes do mundo”. 

Ronzani diz que “a plataforma funcionou abertamente até dezembro do ano passado, via chat, quando foi fechada para fazermos um balanço dessa primeira fase e aprimorarmos algumas coisas”. Além disso, ele conta que “por meio da  parceria com outras instituições, desenvolvemos um grande banco de informações para as pessoas lidarem com ansiedade, depressão e alguma alteração de humor, com isso servindo como um primeiro suporte”.

Outro fato que contribuiu e foi um aliado na construção do projeto foi a “criação de uma rede de atenção presencial ou on-line, para pessoas que precisavam de atendimento”. Quarenta profissionais da psicologia, do Brasil e da Argentina, foram capacitados pelos supervisores do projeto para prestarem atendimento psicológico.