O empenho de pesquisadores no combate à Covid-19 é um dos destaques mundiais em meio à pandemia. Correndo contra o tempo ao mesmo tempo em que enfrentam cortes de verbas dedicadas à ciência, como é o caso de cientistas brasileiros, profissionais de diversas áreas estão se dedicando, além dos compromissos docentes, para apresentar métodos e respostas eficazes na luta contra o coronavírus. 

Em uma série de matérias especiais, o portal de notícias da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) aborda as várias frentes em que os pesquisadores da instituição atuam no combate à Covid-19 – ao todo, são mais de cem pesquisas em desenvolvimento com esse objetivo. Nesta primeira matéria, são abordados estudos relacionados à imunização frente a ameaça do coronavírus.

Pesquisadores estão utilizando modelos matemáticos-computacionais para reproduzir reações do sistema imune ao coronavírus e às vacinas (Foto: Canva)

Mapeamento da resposta do sistema imunológico ao coronavírus e às vacinas
Pesquisadores do Departamento de Ciência da Computação (DCC) da UFJF estão mapeando e reproduzindo, por meio de modelos matemáticos-computacionais, as reações do sistema imunológico humano contra o vírus SARS-CoV-2. Além disso, em seus próximos passos, o projeto aplicará a mesma metodologia para observar a resposta imune das vacinas contra a Covid-19, uma vez que contam com modelos capazes de reproduzir os níveis de anticorpos observados em indivíduos vacinados.

“Nós buscamos o entendimento de como o vírus se reproduz no corpo humano e os cenários possíveis a partir da infecção, como, por exemplo, o motivo da evolução da doença mesmo em indivíduos sem comorbidades. A ideia é auxiliar os colegas das áreas de Ciências Biológicas para, eventualmente, sabermos como diminuir os danos do vírus no organismo”, resume o coordenador do projeto, Marcelo Lobosco. O pesquisador explica que é trabalhado um conjunto de equações para descrever os fenômenos biológicos e, para traduzir as respostas desses modelos matemáticos, são utilizadas ferramentas computacionais – um processo que economiza tempo, dinheiro e testes em humanos e outros animais. 

O projeto parte de uma pesquisa premiada como melhor tese do 20º Simpósio Brasileiro de Computação Aplicada à Saúde da Sociedade Brasileira de Computação, desenvolvida pela pesquisadora Carla Bonin e intitulada “Modelagem Computacional da Resposta Imune à Vacina Contra Febre Amarela”. Os estudos são desenvolvidos em parceria com pesquisadores da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ) e do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais (IF-Sudeste), com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig).

Desenvolvimento de vacina oral contra a Covid-19
Com apoio da Fapemig e da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, a UFJF coordena uma rede de pesquisadores que atuam em três frentes científicas, sendo uma delas voltada para a produção de uma vacina oral para a prevenção da Covid-19. As demais são dedicadas ao estudo da interação do coronavírus com outros micro-organismos presentes no trato respiratório superior humano e à investigação de variantes do SARS-CoV-2 registradas em Juiz de Fora e região.

O pesquisador e coordenador do projeto, Cláudio Galuppo Diniz, explica que o propósito para o desenvolvimento seguro e viável da vacina oral é apresentar a estrutura do novo coronavírus por meio de uma bactéria benéfica aos seres humanos; então, a partir dela, o corpo desenvolverá uma resposta imunológica ao SARS-CoV-2. “Estamos ainda na fase in vitro e devemos seguir nela até o final deste ano. Nosso compromisso é entregar nossos resultados até agosto de 2022.”

Diniz aponta que a importância do projeto não é restrita ao combate à Covid-19, uma vez que também é refletida na possibilidade da implantação de uma plataforma tecnológica local para o desenvolvimento de vacinas. “Caso a nossa vacina não seja aproveitada ainda no período da pandemia, certamente esse projeto abre o caminho para que nós consigamos contribuir com mais protótipos vacinais para outras doenças infecciosas.” De acordo com o pesquisador, os maiores problemas enfrentados pelos cientistas atualmente são a dificuldade na aquisição de insumos laboratoriais e as restrições aos recursos financeiros para a pesquisa brasileira.