Ocorre, nesta quarta-feira, 16, o lançamento do livro “Camaradas e santos: notas sobre catolicismo popular e suas representações simbólicas”, de autoria do doutorando do Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), José Wellington de Souza. A cerimônia ocorre às 17h, no Anfiteatro do Instituto de Ciências Humanas (ICH), no campus universitário.
O livro trata de como o mundo é pensado por moradores analfabetos ou semialfabetizados que, vindos da zona rural, estabeleceram-se na periferia de Liberdade, pequena cidade no Sul de Minas Gerais, e sobre como esse morador pensa as complexidades de seus problemas de adaptação à vida urbana e seus dilemas cotidianos.
“É um livro sobre santos e ex-camaradas, ou ex-colonos, que trata de uma representação de mundo magicamente fundamentada”, afirma o autor. Segundo Souza, a obra traz questionamentos cotidianos para os personagens. “Como donas de casa e pais de família explicam para seus filhos a tristeza do êxodo e a rudeza da vida? Como explicam o alcoolismo generalizado, a falta de trabalho e de perspectivas sobre o futuro? Como entender um mundo e um modo de vida que se desfez?”, provoca Souza.
A obra, lançada pela Editora Appris, custa R$ 46 e é o resultado da dissertação “Camaradas e santos: notas sobre a relação entre desagregação e magia na periferia de Liberdade-MG”, defendida pelo autor no Programa de Pós-graduação em Ciência da Religião da UFJF, em 2010. “Textos acadêmicos têm o terrível defeito de ficarem restritos à universidade. O livro acaba alcançando um público maior e até pessoas que não estão necessariamente na academia, mas têm se interessado pela obra, pelo tema e por encontrarem em “Camaradas e santos” uma leitura fluida, bem descritiva”, argumenta Souza.
Para o escritor, a academia contribui para o desvendamento de complexos sistemas simbólicos, que usualmente são designados como conhecimento folclórico. “Esses sistemas, materializados em contos, narrativas sobre acontecimentos místicos ou relatos de milagres, acabam por estruturar formas locais de organização e de representação da vida cotidiana do grupo que escapam do conhecimento da população geral. O que a academia faz, no fim das contas, é traduzir e recontar essas formas de organização”, finaliza.