O 27º Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga terá a orquestra barroca holandesa Collegium Musicum Den Haag (CMDH) na abertura neste domingo, 24, às 20h, no Cine-Theatro Central da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). O evento segue até o dia 31 de julho com oficinas de instrumentos antigos, canto, dança barroca e de educação musical e programação cultural com renomados grupos e músicos nacionais e internacionais. Toda a programação tem a entrada franca.
Atração de domingo
A orquestra holandesa fará uma síntese da música barroca europeia. O tema é L’Europe Réunie, referência ao título do primeiro CD do grupo, gravado em 2006, mesmo ano de fundação da orquestra. À frente do Collegium Musicum Den Haag está o casal Claudio Ribeiro, cravista e diretor artístico, e Inês d’Avena, flautista doce.
“Inês é, além de minha esposa, minha principal parceira musical por mais de 15 anos”, afirma o diretor ítalo-brasileiro. Os dois desenvolvem diversos projetos juntos na Europa. Além do concerto do CMDH, o público poderá conferir a atuação do casal em outra formação – a do Duo Lotus, que se apresentará no dia 29, na Igreja do Rosário.
Perfil
L’Europe Réunie faz alusão à coleção de concertos de câmara Les goûts-réunis, de François Couperin, na qual o compositor une os estilos francês e italiano, que na época eram considerados rivais. A referência à obra de Couperin busca um sentido mais amplo em sua proposta de fazer um apanhado da música barroca europeia. No concerto, haverá apresentação de três obras que fizeram parte do primeiro disco do CMDH – Vivaldi: Concerto RV566; Bach: Concerto BWV1057 e Rebel: Fantaisie – e algumas obras pouco conhecidas tanto no Brasil quanto na Europa: uma sinfonia de Hasse e um concerto de E. dall’Abaco.
O concerto de Vivaldi é um dos múltiplos instrumentos compostos pelo italiano, como solos para dois violinos, duas flautas doces e dois oboés. “Para o CMDH é muito importante a presença individual de cada músico, aliada ao trabalho de música em conjunto. Esse concerto representa, portanto, muito bem o perfil da orquestra”, explica Ribeiro.
Outra obra importante no programa é o concerto de Bach, uma transcrição do Concerto de Brandenburgo n°. 4, feita pelo próprio compositor para ser tocada no seu Collegium Musicum, a grande fonte inspiradora para o nome da orquestra holandesa. O programa de L’Europe Réunie inspira dois outros concertos que serão realizados durante o Festival: a apresentação que os solistas do CMDH farão no dia 27, com foco nas obras de Telemann, e o concerto já mencionado do Duo LOTUS, no dia 29, ambos na Igreja do Rosário.
Reencontro
A presença da CMDH nesta edição do tradicional evento juiz-forano representa um reencontro para Claudio Ribeiro e Inês d’Avena com o Festival do Centro Cultural Pró-Música/UFJF. “Para nós, é muito significativo participar do evento, pois o Festival foi uma de nossas escolas de música antiga e uma das plataformas para mim, ainda como estudante, de pôr em prática minhas ideias de orquestra barroca”, afirma Ribeiro, explicando que, em algumas edições, montou uma pequena orquestra para tocar concertos de cravo. “Esperamos poder contribuir com essa tradição e passar adiante nosso conhecimento e experiência.”
Confira o programa do concerto de abertura
Georg Philipp Telemann (1681-1767)
Suite “La Musette” TWV 55:g1 – excertos
Ouverture – Napolitaine – Musette
Antonio Vivaldi (1678-1741)
Concerto RV 566 em ré menor
Allegro assai – Largo – Allegro
Evaristo Felice dall’Abaco (1675-1742)
Concerto Op. 2 nº 1 em ré menor (“Concerti a quattro da chiesa”)
Largo – Allegro – Andante – Allegro assai
Johann Sebastian Bach (1685-1750)
Concerto BWV 1057
[ ] – Andante – Allegro assai
Johann Adolf Hasse (1699-1783)
Sinfonia Op. 5 nº 6
Allegro – Andante – Allegro
Jean-Féry Rebel (1666-1747)
“Fantaisie” (1729)
A orquestra é formada pelos seguintes músicos: Cynthia Miller Freivogel, Diana Lee, Daniel Boothe, Yotam Gaton, Agnieszka Papierska, Ryuko Reid (violinos barrocos); Zdenka Prochazkova (viola barroca); Anton Baba (violoncelo barroco); Silvia Jimenez Soriano (contrabaixo barroco); Inês d’Avena (flauta doce); Isabel Favilla (flauta doce e fagote barroco); Péter Tábori e Robert de Bree (oboés barrocos); Giulio Quirici (teorba); e Claudio Ribeiro (cravo e direção artística).
Cláudio Ribeiro
Radicado na Holanda desde 2000, Ribeiro trabalha como cravista e regente com diversas orquestras e conjuntos, paralelamente às suas atividades como professor e acompanhador. É diretor artístico e maestro al cembalo da orquestra barroca Collegium Musicum Den Haag, cofundada por ele em Haia em 2006, com a qual tem se apresentado em toda a Europa; é diretor da Companhia de Música (Brasil) e membro na Europa de Lotus, La Cicala, Barokopera Amsterdam e Radio Antiqua. É regularmente convidado para lecionar em importantes festivais de música antiga.
É bacharel em regência pela Unicamp, tendo estudado com Eduardo Navega e Henrique Gregori, onde teve a oportunidade de estudar cravo com Edmundo Hora. É também bacharel e mestre pelo Conservatório Real de Haia, tendo estudado com Jacques Ogg. Ribeiro aparece regularmente em CDs de selos como Ricercar, Edições Ambronay, ORF, Brilliant & Passacaille e em transmissões de rádio e TV internacionais.
Collegium Musicum Den Haag
Uma das principais orquestras barrocas da “nova geração” europeia, foi fundada na Holanda, em 2006, por jovens e talentosos músicos de diversas partes do mundo, sob a direção do maestro al cembalo ítalo-brasileiro Claudio Ribeiro. Com formação especializada em música antiga, a orquestra se apresenta exclusivamente com instrumentos de época e é apreciada por seu alto nível artístico e aprofundamento na interpretação historicamente informada.
Seus músicos são intérpretes de destaque no cenário internacional, com experiência adquirida nos mais renomados conjuntos de música antiga. Collegium Musicum Den Haag se inspira nos Collegia Musica do passado. Como naquelas associações, a programação é bastante variada, mas, com o objetivo de trazer o repertório barroco para uma perspectiva mais moderna e contextualizada, a orquestra escolheu se concentrar em três pontos: redescobrir os mestres já conhecidos, reapresentar obras desconhecidas do público moderno e homenagear a herança cultural barroca dos Países Baixos.
A orquestra é regularmente convidada a se apresentar nos principais festivais de música antiga e salas de concerto da Europa, como o Festival de Música Antiga de Utrecht, Bachfestival Dordrecht, Reincken Festival, Anton Philipszaal, Festival Classique, Musica Antica da Camera (Países Baixos), Brunnenthaler Konzertsommer, Italia Mia Vienna, Internationale Barocktage Stift Melk (Áustria), MAfestival Brugge (Bélgica), Dalheimer Sommer (Alemanha), Itinéraire Baroque (França) e Opus Amadeus Festival (Turquia), e tem se apresentado ao vivo em rádios da Áustria e Holanda. Em 2010, CMDH foi um dos cinco conjuntos escolhidos para representar o panorama da música antiga holandesa no Showcase Early Music, organizado pelo Music Center The Netherlands durante o festival de Utrecht, e em 2015 a orquestra foi convidada para se apresentar à família real holandesa, durante as comemorações do “Koningsdag”.
Confira a programação completa do 27º Festival Internacional de Música Colonial e Música Antiga
Outras informações: (32) 3218-0336 (Centro Cultural Pró-Música/UFJF)
(32) 2102-3964 (Pró-reitoria de Cultura-UFJF)