(Foto: Alexandre Dornelas)

O Cine-Theatro Central abre suas portas para o público neste sábado, 16, com visitas guiadas (Foto: Alexandre Dornelas)

 O Cine-Theatro Central abre suas portas para o público neste sábado, 16, através de dois projetos – um inédito e outro que está sendo retomado após dois anos de interrupção. A novidade é a estreia do Central de Compositores, que, uma vez por mês, sábado de manhã, vai transformar a Praça João Pessoa em palco de shows para músicos locais. O outro projeto é o de Visitas Guiadas, que voltam a ser realizadas no interior do edifício histórico, tombado como patrimônio municipal e nacional.

Das 11h às 13h, acontecem os shows do Central de Compositores, uma parceria entre o Cine-Theatro Central e a marca Chico Rei com o objetivo de valorizar e divulgar a produção musical de artistas de Juiz de Fora. Essa primeira edição do projeto contará com as apresentações de Alessandra Crispin, Danniel Goulart, Guido Del’ Duca, Roger Resende, Zé Roberto, Nathan Itaborahy, Renato da Lapa e o Trio Constelar (Sarah Vieira, Bruno Targs e Gustavo Wood).

Guido

Alessandra Crispin, Danniel Goulart, Guido Del’ Duca (foto), Roger Resende, Zé Roberto, Nathan Itaborahy, Renato da Lapa e o Trio Constelar integram programação da Central de Compositores (Foto: Divulgação)

Para o diretor do Central e idealizador do projeto, Carlos Fernando Cunha, que também é cantor e compositor, é preciso incentivar mais a cena da música autoral de Juiz de Fora. “Nosso objetivo é voltar o teatro para a rua e aproveitar o grande movimento na praça, um dos corações da cidade, para revelar novos talentos”.

Além disso, Carlos Fernando ressalta que investir na iniciativa privada pode ser uma ótima alternativa para projetos desse tipo. “Entramos em contato com a Chico Rei e eles adoraram a ideia. Por ser uma marca que possui grande vínculo artístico na cidade, a ideia de ajudar a cena foi muito bem recebida.”

Bruno Inbrizi, sócio-diretor e um dos fundadores da empresa, reforçou a ideia do projeto e o compromisso cultural com a cidade. “Somos uma marca juiz-forana com interesse na cultura e temos a obrigação de incentivar e valorizar a nossa cena local. Acho que esse é um compromisso que todas as empresas deveriam ter”.

Visibilidade

 Integrante do Trio Constelar, que será responsável pelo show de encerramento, Gustavo Wood diz que a iniciativa vai abrir mais portas (Foto: Divulgação)

Integrante do Trio Constelar, que será responsável pelo show de encerramento, Gustavo Wood diz que a iniciativa vai abrir mais portas (Foto: Divulgação)

Quem é músico sabe das dificuldades na hora de mostrar o trabalho autoral. Integrante do Trio Constelar, que será responsável pelo show de encerramento, Gustavo Wood diz que a iniciativa vai abrir mais portas. “Temos o encontro de compositores nas segundas segundas-feiras do mês, que é um evento privado com um público muito unido e específico. O evento na rua trará ótima visualização, expandindo e despertando o interesse das pessoas”.

Outro participante, Guido Del’Duca, músico e estudante de Direito da UFJF, concorda que a iniciativa trará benefícios de várias formas. “Eu gosto de me apresentar, seja na rua, em saraus ou em shows. Além da exposição, a troca de conhecimento entre nós, compositores, será ótima.”

O cantor e compositor Roger Resende também irá participar da primeira edição e se mostra muito animado. “A possibilidade de poder levar a música para a rua é muito importante. Muitas pessoas que não se interessam pela cena [musical juiz-forana] no cotidiano terão a chance de se surpreender com a nossa música. A rua tem esta magia”.  

Os músicos que se interessarem em participar da segunda edição do evento, agendada para o dia 27 de agosto, deverão enviar dois links de vídeos ou dois áudios de composições próprias para o email theatrocentralufjf@gmail.com até o próximo dia 22. Cada artista terá dez minutos para realizar sua apresentação, e a formação do grupo deverá ser adequada ao sistema de som disponibilizado (pequeno porte, ideal para vozes, violões e percussão).

Visitas Guiadas

Considerado um dos dez teatros mais belos do Brasil e o principal exemplar arquitetônico dos anos 1920, o Cine-Theatro Central reabre suas portas para visitantes. O projeto esteve suspenso por quase dois anos, em virtude das obras de restauração de manutenção do edifício. A partir deste sábado, 16, as visitas acontecerão sempre em dois horários, às 9h30 e às 10h30, para grupos de até 15 pessoas previamente agendadas.

No roteiro dessa viagem, que dura cerca de 40 minutos, está a construção da Companhia Industrial e Construtora Pantaleone Arcuri, que durou aproximadamente um ano e quatro meses, com uma fachada simples que se contrapõe à beleza interna das obras assinadas por Angelo Bigi. O pintor italiano radicado em Juiz de Fora após a Primeira Guerra Mundial decorou o interior do teatro, produzindo um dos grandes trabalhos de pintura mural da cidade.  

A visita, que se inicia no foyer de entrada, passa pelos camarins, a área das plateias, e faz uma parada no palco, espaço reservado aos artistas, de onde é possível ver os lustres do teto, que, juntos, formam um coração. O prédio em formato de ferradura tem um vão sem pilares que é sustentado por uma estrutura metálica – uma ousadia arquitetônica para a época em que o prédio foi construído.  A visita termina no terraço do Cine-Theatro Central.

Para realização desse percurso, foram treinados três alunos do 3º período dos cursos de Letras e do Instituto de Artes e Design da UFJF, que acompanharão os visitantes. A pesquisa e o roteiro foram realizados pela turismóloga Aline Marques, funcionária do Cine-Theatro Central.

“A importância de se retomar essa visita é contemplar o local como um espaço público, que tem um fim educativo, substância cultural e pedagógica, e é uma verdadeira obra arquitetônica. Essa reabertura é para provocar e fortalecer o direito a cultura e lazer da população”, ressalta o diretor do Central, Carlos Fernando.

História

Com capacidade para 1.851 pessoas, o Cine-Theatro Central foi palco de grandes produções nacionais e internacionais. Os camarotes eram ocupados pelas famílias mais tradicionais. Nos anos 1940 e até a década de 1950, o público se reunia no local para participar dos programas de auditório da Rádio Industrial. O teatro abrigou concertos líricos, na década de 1970, e integrou o “Circuito universitário”, que trouxe a Juiz de Fora nomes importantes da MPB, como Milton Nascimento, Chico Buarque e Gonzaguinha.

Como cinema, o Central conheceu seus melhores anos entre as décadas de 1930 e 1950. Nessa época havia a soirée feminina, exibição de filmes românticos, dramas ou musicais com meia-entrada para mulheres, além de matinês aos domingos para as crianças. O Cine-Theatro Central também já foi palco de filmes eróticos, veiculados sempre à meia-noite. A plateia começou a esvaziar nos anos 1970, quando os cinemas de rua entraram em crise.

O Cine-Theatro Central foi tombado em 1983 pelo município e, em 1994, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Atualmente o espaço é gerenciado pela Pró-Reitoria de Cultura da Universidade Federal de Juiz de Fora. 

Projeto Visitas Guiadas – Cine-Theatro Central

Aos sábados, às 9h30 e às 10h30.

Agendamentos através do e-mail cinetheatrocentral@ufjf.edu.br (enviar nome completo, número de pessoas no grupo, telefone de contato, endereço de e-mail e horário desejado).

Entrada franca

Outras informações: http://www.theatrocentral.com.br/visite/visita-guiada
Cine-Theatro Central – (32) 3215-1400

Projeto Central dos Compositores

Dia 16, das 11h às 13h, na Praça João Pessoa (em frente ao Cine-Theatro Central) – Sete artistas + Trio Constelar (pocket-show)

Entrada Franca

Informações: Cine-Theatro Central – (32) 3215-1400

Atualizada às 16h25 – 14/07