A professora da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Juiz de Fora (Faced/UFJF), Daniela Auad, é uma das pesquisadoras convidadas do seminário “A construção do observatório estadual da igualdade de gênero: algumas experiências na América Latina e no Caribe”, promovido pela Secretaria de Estado de Direitos Humanos, Participação Social e Cidadania de Minas Gerais (Sedpac), por meio da Subsecretaria de Políticas para as Mulheres (SPM/MG).
O evento, que ocorre entre os dias 25 e 28 de julho na Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa, em Belo Horizonte, celebra o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha, celebrado no dia 25, e tem o propósito de efetivar um processo permanente de análise e estudos sobre a situação das mulheres no mundo do trabalho, em consonância com grupos de pesquisas ligados às Pró-reitorias de Extensão de instituições como a Universidade do Estado de Minas Gerais (Uemg), a Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), a Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-Minas) e o Núcleo de Estudos e Pesquisas Sobre a Mulher da Universidade Federal de Minas Gerais (Nepem/UFMG).
“A proposta do Governo do estado de Minas é muito importante neste momento, porque fundar um observatório de igualdade de gênero que também considera outras categorias, como classe, raça, geração, orientação sexual, ou seja, um observatório interseccional, é fundamental para perceber a constituição das minorias nos seus diferentes lugares de invisibilidade, de desigualdade”, afirma a professora.
Daniela Auad estará presente na mesa “O papel do Estado no processo de reordenação da Economia do cuidado”, que também contará com a presença de socióloga, professora e pesquisadora da Faculdade de Comunicação da Universidade de Havana (Cuba), Kare María Karla Cárdenas Berrios. A pesquisadora ratificou a importância da universidade como espaço de formulação de discursos plurais e contraegemônicos. “Quem trabalha com esses temas – questões de gênero, orientação sexual – são pessoas que também militam nessas searas. Então que vejo na universidade uma célula de resistência a esse retrocesso que se pretende na sociedade mais ampla, com a desinformação do que falam que é a ideologia de gênero. Não é a primeira vez que algumas pessoas vêm com discurso fundamentalista-religioso para tentar barrar essas questões na educação. Isso vem e volta, como onda. Mas nós resistimos todas as vezes”.
Nos primeiros dias de evento estão previstas diversas atividades culturais, como exposição de fotografias, sarau de poesias latino-americanas, feira de comidas e artesanatos afro-latinos, além do lançamento de cartilha sobre a autonomia das mulheres, dentre outras atrações. Já para os dias 27 e 28 de julho está prevista uma mostra de cinema internacional, que contará com produções do Brasil e de países como Cuba, Bolívia e Estados Unidos. Os trabalhos abordam temáticas que vão desde o combate à pobreza à proteção dos direitos humanos.
Grupo Flores Raras
Daniela é cofundadora, ao lado da professora da Faculdade de Comunicação da UFJF (Facom), Cláudia Lahni, do Grupo de Estudos e Pesquisas Educação, Comunicação e Feminismos Flores Raras, composto por professoras e alunas da UFJF e de outras instituições, organizadas em duas linhas de pesquisa: Movimentos Sociais, Políticas Públicas, Educação e Cidadania, Relações de Gênero, Socialização, Comunicação e Democracia.
“A existência do grupo Flores Raras faz com que quem é pela democracia, pela diversidade e pelo respeito se sinta mais seguro na universidade e fora dela. Eu me sinto mais segura porque meu grupo existe e sinto que meu grupo me empodera e empodera mais mulheres a existirmos e resistirmos. Um grupo como esse, ao existir, se torna provocativo, porque diz ‘você, que se sente uma minoria, venha conosco’!, completa.