Por Pablo Rafael
Luigi Galvani nasceu na Bolonha, Itália, em 9 de setembro de 1737. Formou-se em medicina aos 22 anos na Universidade de Bolonha, onde três anos mais tarde foi nomeado professor de anatomia.
No período entre 1780 e 1790, Galvani dedicou-se aos estudos sobre a interação da eletricidade em animais, onde realizou sucessivas experiências buscando entender as reações dos membros posteriores de rãs ao lhe aplicar eletricidade, que nessa época só dispunha de eletricidade estática. As séries de experiências realizadas durante esse período foi incentivada devido a uma descoberta ao acaso, em 1780. Galvani havia deixado uma rã dissecada na mesa de seu laboratório próximo a uma gerador eletrostático, e casualmente um de seus ajudantes tocou a ponta de um bisturi nos nervos internos da rã, no mesmo momento em que o gerador estava liberando centelhas; nesse instante para a surpresa de todos, as patas da rã se contraíram.
Após a casual descoberta Galvani imediatamente iniciou uma série de experiências, a fim de entender o motivo pelo qual as patas da rã se contraíam. Por volta de 1786, ele realizou uma experiência pendurando as pernas de uma rã por meio de um gancho de latão em um corrimão fora do laboratório, pretendendo utilizar eletricidade mais forte, nesse caso as descargas elétricas de uma tempestade. Galvani erroneamente atribuiu esse efeito à eletricidade animal e não aos metais em contato com as pernas do animal.
No trecho a seguir evidencia-se a interpretação dada por Galvani a respeito de tais experimentos:
“levei o animal para um quarto fechado e coloquei-o sobre uma placa de ferro; quando toquei a placa com o fio de cobre, fixado na medula da rã, vi as suas contrações espasmódicas de antes. Tentei outros metais, com resultados mais ou menos violentos. Com os não condutores, todavia, nada se produziu. Isto era bastante surpreendente e conduziu-me a suspeitar de que a Eletricidade era inerente ao próprio animal, suspeita que foi confirmada pela observação de que uma espécie de circuito nervoso sutil (semelhante ao circuito elétrico da garrafa de Leiden*) fecha-se dos nervos aos músculos, quando as contrações se produzem”.
O que de fato Galvani fez sem perceber foi produzir corrente elétrica, que seria o princípio de funcionamento de uma pilha elétrica. Com a publicação dos resultados das experiências de Galvani em sua obra intitulada Comentários sobre a força elétrica nos movimentos musculares divulgada em 1791, Alessandro Volta é incentivado a pesquisar tal fenômeno chegando na verdadeira explicação, culminando na construção da chamada pilha de Volta.
Os dois acontecimentos – a descoberta acidental de Galvani e a construção da pilha de Volta – marcaram radicalmente a evolução das concepções sobre a eletricidade e do magnetismo. A partir dessa época, passou-se a ser chamado de galvanismo o estudo dos efeitos produzidos por corrente elétrica.
* A garrafa de Leiden é um dispositivo elétrico que se constitui no antecessor dos atuais capacitores. Foi construída por volta de 1745 com o intuito de testar uma crença sobre “fluidos elétricos”; a ideia era tentar engarrafar tal fluido.
Referências
ROSA, Carlos Augusto de Proença. História da ciência: o pensamento científico e a ciência no século XIX / Carlos Augusto de Proença. ─ 2. ed. ─ Brasília : FUNAG, 2012.
ROCHA, José Fernando. Origens e Evolução das ideias da Física. ─ 1. ed. ─ UFBA, 2002.
**Disponível em: <http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/5/51/Luigi_Galvani,_oil-painting.jpg>. Acesso em: 16 jan. 2014.